2° Dia Part 3

9 1 9
                                    

D'Agata estava incrédula, tentando processar tudo aquilo. Era ciente de que cerca de 70 mil pessoas desaparecem por ano, mesmo assim, a situação da Senhora Ercília era especial. Não tinha envolvimento com tráfico humano, adoção clandestina ou até mesmo vítima de maníacos popularmente conhecidos como assassinos em série.

Notando sua reflexão, Ercília olhou para o garoto em silêncio, como se pedisse aprovação para algo. O mesmo assentiu.

Uma mão suave, porém com pele flácida, pousou sobre a mão da Detetive, fazendo-a voltar a atenção para a velha senhora.

— Minha jovem, vou te explicar como parei aqui.

As palavras roubaram sua atenção e a de Thomas, que em silêncio, com vergonha, se sentou, mesmo constrangido.

— Meus pais estavam no batizado do meu primo, e eu desejava ir ao banheiro, mas a verdade era que eu desejava sair daquele lugar chato. E como fui diligentemente instruída a ir e voltar sem demora. Eu fui, quando estava voltando, senti vertigem minha vista distorceu e tudo ao meu redor. Ao sair do portão que dava para fora em direção à igreja, me vi na igreja, corri para dentro mas ninguém estava lá, apenas homens e mulheres usando roupas de diferentes épocas sentados no banco sem olhos outros sem línguas e alguns com suas línguas e mãos pregadas nas paredes e colunas da igreja enquanto o local estava cheio de lamurias pedido de clemência. No centro um ser indescritível dizia blasfêmia contra Deus, Foi aí que conheci o garoto da maçã.

Ambos ouviram atentamente as palavras da senhora, embora não pudessem deixar de ficar surpresos.

Neste instante, a detetive olhou para o garoto que estava calado. Sem esperar, questionou: — Quem é você?

O garoto nem direcionou o rosto para ela, apenas a olhou com o canto dos olhos.

— Espero uma explicação razoável, caso contrário terei motivos para desconfiar de você.

— Está tudo bem, vocês estão seguros aqui.

D'Agata só conseguia suspirar.

— O que isso implica em saber sobre nós? Vocês estão a salvo e isso que importa. — Uma voz feminina infantil com tom sério ecoou pela cozinha, fazendo os detetives sacarem suas armas e apontarem instintivamente para uma garota de cabelos brancos com mecha preta e íris rosada nitidamente uma albina, com uma maçã gala nas mãos.

A garota, por sua vez, os olhou com um olhar severo, inclinou-se para eles e sussurrou: — Vocês adoram ficar apontando esses brinquedos para cima e para baixo, né?

Se levantou da cadeira e caminhou em direção a eles, passando por trás do garoto que estava sentado observando. Logo que chegou perto da detetive, pegou sua mão que segurava firmemente a arma e a colocou sobre as têmporas e soltou com desdém: — Como pode atirar em algo que nunca esteve vivo?

— É o suficiente, Irmã. — Interveio o garoto, notando uma intenção assassina vindo da garota.

— Tudo bem, vamos deixar esse assunto de lado por enquanto. — D'Agata não desejava dizer aquilo, no entanto teve que se controlar, pois seu instinto dizia que aquelas crianças não eram normais.

Ao ouvir as palavras da detetive, e perceber que ambos guardaram suas armas, não demorou para se esticar confortavelmente enquanto estava sentada na mesa. Em seguida, levantou de onde estava e caminhou até o garoto e o abraçou envolvendoseus braços no pescoço como se fosse um cachecol.

— Cada aprendizado tem um preço. — Mesmo tivesse falado por dizer, seus olhos estavam direcionados aos detetives, nos quais sentiram um arrepio.

O garoto estava olhando atentamente aos dois convidados com uma expressão pensativa no rosto sendo ausente naquele instante.

Enquanto estava envolvido pelos pensamentos, não percebeu o abraço de sua irmã e a advertência dirigida aos dois convidados.

— Tente ser flexível, garotinha, eles passaram por uma experiência difícil. — Ercília tentou apaziguar o temperamento da garota que estava preste a explodir.

— Vovó, não ignoro sua importância, todavia, eles...

— Não seja maldosa com suas palavras. Assim como eles estão mudando em nome da sobrevivência nesse mundo desconhecido, estamos no mesmo barco, mas com interesses diferentes.

A garota tinha uma expressão fechada no rosto, entendendo muito bem o que ele disse. Desconsiderando as regras impostas por eles, a garota tomou uma decisão. Se soltou e afastou atrás da cadeira na qual o garoto estava. Dirigiu-se até D'Agata.

— Garotinha, não faça isso. — Naturalmente, a velha Ercília sabia o que a garota estava pensando em fazer e gritou rapidamente.

O garoto apenas suspirou.

— Vovó, não intervém. — Seu rosto ficou sério, deixando Thomas em alerta.

Uma densa névoa tomou conta do ambiente e o rosto tranquilo do garoto ficou gradualmente frio naquele momento.

— Como disse antes, cada aprendizado tem um preço. Irmão, não se envolva. Ela está sob minha jurisdição em nome da ▄▄▄. Juro que nenhuma retaliação ou alto risco ocorrerá com a indivíduo chamada D'Agata Guimarães…

Os detetives ficaram surpresos, não esperavam que a garota soubesse seu nome completo. Junto com a surpresa, estava cheio de perguntas. O que era um contraste para os olhos do garoto, transbordava desespero.

Quando a declaração da garota terminou, em seu pescoço liso se deu lugar a uma gargantilha escura em forma de coroa de espinhos.

Ao notar a expressão de seu irmão olhando para ela com lágrimas silenciosas, deixando-os surpresos pois nunca viram aquele garoto, até então indiferente, demonstrar tal sentimento, fez com que se sentisse um pouco infeliz. Deu um passo à frente e o abraçou de forma apertada.

Vendo o olhar desapontado do garoto, Thomas não se conteve.

— Ele sabe fazer esse tipo de expressão? Isso é novo para mim.

A sua colega deu uma cutucada em sinal de desaprovação ao comentário impertinente para aquela hora.

Olhando nos olhos do sua irmã, sentiu um conforto no peito. Ela ergueu a mão e tocou em sua cabeça e então lhe disse meio a um sorriso tímido:

"Não se preocupe, dessa vez vamos encontrá-lo."

A neblina que tomou o lugar logo formou uma espiral com ventos fortes, causando espanto aos dois detetives. D'Agata sentia que precisava se adaptar aquele lugar, aquilo era demais para ela.

Os olhos dela se arregalaram de excitação quando uma mão infantil a segurou pelo dorso e a arrastava para dentro do vórtice.

"Eu... vou morrer." D'Agata afirmou em sua mente já aceitando seu pressuposto destino. A escuridão inundando lentamente seus olhos de forma repetina foi inundado por uma luz.

....

Por um instante, ficaram extremamente silenciosas, sem qualquer som. Ao seu redor estava um campo vasto, galinhas estavam agitadas, mesmo com o silêncio, a situação conflituosa e tensa pairava sobre o ar. Na frente da Detetive estava uma senhora com um facão batendo contra uma onça enquanto seu cachorro estava lutando pela vida.
Percebendo a Senhora, o animal selvagem largou o cachorro e pulou em direção à senhora, focando em seu pescoço.

De repente, tudo ficou parado como se o tempo fosse temporariamente subjugado. A garota logo se apressou, levantou um dos braços que estava livre da senhora na frente do pescoço, se afastando, caminhou rumo à detetive que a olhou com incredulidade.

Não tardou para as duas capturarem o som que voltou a normal, o felino mordeu o braço da senhora, logo um homem correu em auxílio da mulher, supostamente o marido, deu algumas pauladas e na mesma hora o cachorro atacou o rabo, fazendo com que o animal se assustasse e fugisse.

"Ele não está aqui também." Susurrou a criança em desânimo.

O portal se abriu novamente e sem esperar por alguma resposta da detetive, novamente pegou sua mão e a arrastou para dentro, ignorando o estado de atordoamento. Nem percebeu que já estava em outro local. O corpo de D'Agata ficou mole e ainda não voltou a si depois de olhar para a garota.

No segundo seguinte, ela olhou para onde estavam. Era um helicóptero Mi 171 número 01 do Regimento Aéreo de Helicópteros 916, Divisão da Força Aérea 371, Defesa Aérea - Força Aérea com 21 soldados. A garota tinha um olhar triste, olhou para a mulher e a empurrou para dentro do portal, lhe fazendo rolar numa grama fina. Ao erguer os olhos, viu o helicóptero perdendo atitude, indo de encontro ao solo.

Essas cenas a chocou tanto que nem notou que voltou aquele mundo onde Thomas estava.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Colapso das Sombras Onde histórias criam vida. Descubra agora