𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 2

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O primeiro dia de Alyssa no Colégio Franciscano São Miguel Arcanjo tinha começado com um turbilhão de emoções, mas também com uma leveza inesperada. Depois de tanto tempo longe, era bom sentir que ainda havia um lugar para ela ali, e que a amizade com João Pedro poderia renascer, talvez até mais forte do que antes.

Eles tinham decidido que se encontrariam na hora do intervalo para um tour pela escola. João queria mostrar a ela todos os lugares que ele frequentava, onde ele e os amigos passavam os dias, as salas de aula, a quadra de esportes — e, é claro, o pátio onde tantas conversas e risadas aconteciam. Enquanto esperava, Alyssa se lembrou de suas conversas com João antes de ir embora e de como ele parecia diferente agora. Ainda era o mesmo garoto divertido, mas havia uma maturidade em seu olhar que ela não conhecia antes.

Quando finalmente o sinal tocou, Alyssa estava parada perto da porta de sua sala. Logo viu João caminhando em sua direção, os ombros relaxados, com o mesmo sorriso que ela tanto conhecia. Ele estava acompanhado de Edu, Liz e Soso, que acenaram para ela quando a viram.

— Pronta para o grande tour? — perguntou João, estendendo a mão como se fosse um guia turístico.

— Preparadíssima, — respondeu Alyssa, rindo e aceitando a mão dele por um segundo antes de soltar.

Edu, sempre com seu jeito brincalhão, comentou:

— João leva esses tours a sério. Daqui a pouco, ele vai te mostrar até o esconderijo onde ele guarda as notas de matemática.

João revirou os olhos, mas sorriu.

— Não ouve o Edu, Alyssa. Ele só está com ciúmes porque nunca ganhou um tour desse nível.

Eles riram, e o grupo seguiu pelos corredores. João ia mostrando cada cantinho, falando das histórias engraçadas que tinham acontecido ali, das competições na quadra, e até dos professores que faziam parte da rotina deles. Alyssa ouvia atentamente, rindo das histórias e se sentindo cada vez mais conectada ao que ela havia perdido.

Quando chegaram ao pátio, João parou e olhou para Alyssa com um olhar meio envergonhado.

— Esse era o meu lugar preferido, quando você não estava aqui. Era onde eu ficava pra pensar, lembrar dos velhos tempos... e de você, — ele disse, com a voz um pouco mais baixa.

Alyssa sorriu, tocada pela confissão dele. Ela olhou ao redor, tentando imaginar como era para João estar ali durante os anos em que ficaram separados.

— Bom saber que eu não fui totalmente esquecida, — disse ela, tentando aliviar o clima com um sorriso.

Antes que pudessem continuar, Liz se aproximou, percebendo o momento e mudando de assunto com um tom divertido.

— Ei, que tal um lanche? Ainda temos tempo antes de a aula voltar, e eu quero saber mais sobre você, Alyssa! Nova York deve ter sido incrível.

O grupo concordou, e todos se dirigiram para a cantina. Ali, entre conversas e risadas, Alyssa se sentiu parte do grupo, como se já os conhecesse há muito tempo.

Quando o grupo chegou ao refeitório, todos estavam animados, conversando sobre o próximo fim de semana e sobre os planos de Alyssa para se adaptar novamente à vida no Brasil. Alyssa estava cada vez mais à vontade, rindo das piadas de Edu e das histórias divertidas que Soso contava sobre a última viagem de Liz. Eles mal tinham se sentado quando uma voz familiar — e, para João, ligeiramente incômoda — se fez ouvir no meio do refeitório.

— Joãozinho! Que coincidência! — disse uma garota, se aproximando com um sorriso que Alyssa imediatamente achou um pouco forçado.

João revirou os olhos quase imperceptivelmente, mas forçou um sorriso educado.

As Cartas Que o Tempo Guardou ᴶᵒᵃ̃ᵒ ᴾᵉᵈʳᵒ Onde histórias criam vida. Descubra agora