Prólogo [1]

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Yoongi

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Yoongi

Não lembro muito bem como eu e o Jungkook, meu melhor amigo, nos conhecemos. Até onde sei, ele sempre esteve ali, do meu lado. 

Alguns flashes da nossa infância ainda disparam na minha memória — como aquele da minha festa de aniversário de cinco anos, quando fui soprar a vela e a cadeira em que eu estava tombou, me derrubando em cima do bolo. Comecei a chorar, envergonhado, na frente da família inteira. Mas o Jungkook morreu de rir. 

— Agora, sim, o bolo ficou a sua cara! — ele disse, gargalhando. Em seguida, tirou um pedaço de recheio de chocolate grudado na minha testa e o comeu, enquanto meu rosto ainda queimava de vergonha. 

As coisas para o Jungkook sempre foram bem mais simples. Ele brincava de carrinho, de videogame ou outro jogo qualquer. Estava sempre animado para fazer alguma brincadeira, nem que fosse sair correndo por uns oito quarteirões até a padaria mais próxima, para tomarmos sorvete. Ou para ir à casa da minha tia que eu achava a mais chata. O Jungkook simplesmente não se importava. Não tinha medo de assistir a filmes de terror, e ria, ao passo que eu ficava apavorado. Ao menos ele sempre conseguia fazer a pipoca de micro-ondas quando a mãe dele não estava em casa. Eu queimava as minhas em todas as tentativas. 

Mesmo assim, Jungkook gostava do brigadeiro que eu fazia e do meu cachorro. Adorava comer as jabuticabas que nasciam na árvore do meu quintal. Curtia muito ler minhas revistas em quadrinhos emprestadas e sempre, sempre, aceitava os papéis que o fazia interpretar nas peças de teatro que eu cismava em escrever todo fim de semana. O Jungkook dizia que eu era o melhor ator, mas ele fazia as melhores comédias.

Na escola, sempre estudávamos na mesma sala. Ele me ajudava em matemática, e eu lhe dava uma mão em português, e para mim a matemática parou de fazer sentido há tanto tempo que nem lembro mais. Mesmo assim, ele era paciente. Repetia a mesma coisa mil vezes se fosse necessário, não importando se estava ficando tarde para brincarmos na rua: a gente poderia ficar dentro de casa jogando videogame, caso anoitecesse. Eu precisava aprender as divisões. 

Nunca sobrevivi muito tempo nesses jogos de ação — eu acabava reparando demais no cenário e imaginando o que estava acontecendo, enquanto o Jungkook atirava para todos os lados. A mãe dele se preocupava por jogarmos esses jogos; mas eu, não, nem um pouco. Ele sempre dizia: 

— Não vou sair por aí assassinando pessoas… Ela não precisa se preocupar. E, de qualquer forma, prefiro passear e tomar sorvete com você! 

Eu concordava, porque confiava nele. E era o que fazíamos em quase todos os dias ensolarados e quentes. O Jungkook pegava o maior sundae possível e o enfeitava com tudo o que tinha direito. Eu, por outro lado, preferia um milk-shake médio. Depois, voltávamos para casa chutando as pedrinhas que ficavam perto do meio-fio ou saltando as rachaduras da calçada. 

— É o fim do mundo! — um de nós gritava. — O chão está se desfazendo! Corre!

E lá íamos nós, correndo de volta para casa, imersos no nosso pequeno universo, disputando quem chegava mais rápido, sem derrubar o sorvete, antes do mundo acabar.  

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