Jamais tivesse visto.

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— Mih Ray


Eu me encontrava em um gramado, não havia nada nem ninguém, apenas aquele gramado úmido e uma vasta neblina cobrindo o local. Eu olhava para todos os lados a procura de algo, porém nada, até que repentinamente vejo Niki inesperadamente na minha frente, ele estava desprovido de qualquer roupagem, com os olhos negros e unhas afiadas. Era assustador, sobrenatural e macabro!

— N-Niki? Cadê as suas roupas? Por que você está aqui, por que estamos aqui? — Disse enquanto ele me olhava fixamente.

Você não deveria ter visto aquilo!

Foi a última coisa que ouvi.

Em questão de segundos acordo assustada após aquele sonho paralelo e sem propósito algum aparente a não ser para me atormentar, logo ouvi os estalos repentinos de minha mãe puxando as cortinas transparecendo um certo nervosismo, tirando minha atenção do sonho alheio.

— Mãe, bom dia? A senhora acordou bem? — Me levantei.

— Acha que eu sou uma tola? Você chegou em casa depois das 00:00 essa noite, molhada e totalmente assutada, nem menos tomou um banho antes de dormir. Onde você estava, o que estava fazendo e com quem? — Minha mãe disse rígida.

— Me desculpa mãe, eu (...) — Hesitei. — Karina me pediu ajuda para fazer a lição, eu perdi a noção da hora e corri para casa ainda mais por causa do tempo escuro. Quando cheguei na rua alguns cães que me viram correr e me seguiram (...) só isso, não precisa se preocupar eu não estou fazendo nada de errado mãe. — Finalizei convicta, porém falsamente.

— Arrume-se para o colégio, não quero que chegue atrasada hoje. — Saiu do quarto sem mais questionamentos.

Mais uma vez, eu e minhas mentiras. Mas dessa vez era por uma boa causa, Niki Nishimura era uma boa causa para mim (...)

Chegando na escola fui sem delongas ate minha sala, sentei em minha carteira e deitei minha cabeça sobre a mesma. Aquelas cenas do Nishimura me deixaram um tanto quanto estranha, tais cena ficava em minha mente deixando uma sensação de culpa ou erro, como se nunca deveria ter visto como se fosse pagar por aquilo em algum momento. — Será que realmente nunca deveria ter visto?

— Ray! Sua mãe me ligou super preocupada ontem. Você me prometeu que não iria demorar! — Karina chega de supetão me tirando dos pensamentos.

— Meu Deus amiga, tantos motivos para me assustar e você quer ser mais um? — Disse colocando a mão em meu coração.

— Eu me preocupei com você! Aliás o que você viu. — Ela se sentou na carteira a minha frente.

—Ah (...) Eu, infelizmente não consegui segui-lo por muito tempo. Eu me perdi entre as ruas e ele andou mais rápido que eu — Sorri contando minha segunda mentira do dia, me perguntava qual séria a terceira.

— A-ah, que bom que (...) — Karina começou a se embolar nas próprias palavras. — Assim, o Niki e bem estranho, imagina se ele descobrisse — Gargalhou sem humor completo. — Não da pra saber o que ele poderia fazer né?

Apenas sorri para ela, Karina ficou tão desconcertada, porém não tive mais tempo para prolongar o assunto, o sinal tocou pelos corredores e em segundos o professor adentrou a sala que ficava em silêncio com sua chegada.

Eu não estava nem um pouco interessada em saber sobre o que estava sendo passado nas aulas então apenas me deitei sobre meus braços, torcendo para que ninguém me incomodasse naquele momento (...)

A própria escuridão (Niki Nishimura)Onde histórias criam vida. Descubra agora