Capítulo 1: A Chegada de Pietra

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Eu estava exausta. A vida em BH estava me deixando completamente doida. Faculdade de Medicina Veterinária? Nem se fala! Aulas pesadas, provas pra fazer, e ainda o trabalho como modelo. Juro, eu mal tinha tempo pra respirar. Eu não sabia mais o que fazer com a minha vida. Era tanta correria que tudo parecia misturado, e eu só queria um pouco de paz.

Foi aí que, depois de mais uma semana de maluco, eu decidi: eu precisava de um descanso. Nada muito planejado, só uma parada. Pesquisei um pouco e vi que tinha um lugar no interior, São João da Serra, onde as pessoas iam pra descansar. Eu nunca tinha ouvido falar, mas parecia perfeito pra sair dessa loucura toda e ficar em paz por uns dias.

A viagem foi longa e cansativa, mas, quando cheguei lá, parecia que a paz já tinha me encontrado. O chalé era simples, mas super aconchegante, com uma lareira que dava aquela sensação de "você encontrou o lugar perfeito". Passei o primeiro dia caminhando, conhecendo a cidade, e a sensação de tranquilidade era indescritível. Era tudo tão diferente de BH, tão calmo, sem pressão.

De noite, decidi dar uma volta e fui parar no Café da Serra. O lugar tinha aquele clima de cidade pequena, sabe? Madeira por todo lado, um cheiro bom de café no ar... Aquelas coisas que fazem você se sentir em casa, mesmo que seja a primeira vez que você entre lá.

Foi então que eu reparei em um cara. Ele tava sentado numa mesa, com um livro na mão, mas de vez em quando olhava pra mim. Eu, claro, fiquei sem graça. Tipo, quem não ficaria? Mas não sei o que aconteceu, porque eu olhei de volta e ele deu um sorriso tímido. Aquele sorriso que parece dizer "eu não estou te observando de verdade, só te vi". Eu, toda atrapalhada, voltei meu olhar pro cardápio, fingindo que tava super tranquila, mas por dentro estava tipo, "Meu Deus, o que eu faço agora?"

Pedi meu café e, de repente, o cara apareceu perto de mim. "Oi, sou o Artur. Você é nova por aqui, né?" Ele parecia simpático, mas com uma vibe meio reservada.

"Oi! Sou a Pietra," respondi, tentando parecer normal, mas ainda nervosa. "Tô aqui pra descansar um pouco, a vida tá uma loucura em BH..."

"Imagina, deve ser bem agitado. Aqui é tranquilo. Se precisar de um lugar pra respirar, pode contar com a cidade," ele falou, como se fosse normal dar esse tipo de conselho.

Eu até sorri, mas logo percebi que ele não tava afim de conversar muito sobre si mesmo. Ele falava mais sobre o café, a cidade, os lugares legais de visitar por lá. Não que eu não estivesse interessada, mas algo nele me deixava curiosa. Como se tivesse alguma coisa que ele não queria contar. Era como se ele fosse super tranquilo, mas ao mesmo tempo, havia algo esquisito no jeito que ele falava.

A conversa foi rolando, e quando olhei pro lado, reparei em uma estante cheia de livros. Entre os livros, algo chamou minha atenção. Era um caderno velho, com capa de couro. Eu me senti estranha, como se tivesse algo diferente naquele caderno, tipo algo que não deveria ser encontrado. Fiquei tentando olhar sem parecer suspeita. Mas, sério, por que aquele caderno estava ali? Ele tava totalmente fora do lugar.

"Você já leu todos esses livros?" perguntei, tentando desviar a atenção do caderno, sem parecer que eu estava investigando.

Artur olhou pra estante e deu um sorriso rápido. "Sim, a maioria. Mas tem uns livros aí que eu nunca tive coragem de abrir. Eles têm histórias próprias."

Achei estranho, mas não falei nada. Fiquei ali, meio com a cabeça viajando. O que tinha naquele caderno? E por que ele parecia esconder algo? Eu só queria saber mais, mas não sabia como perguntar sem parecer que tava fuçando.

A conversa foi se desenrolando, mas minha mente não estava 100% ali. Eu só queria descobrir mais sobre aquele lugar e sobre Artur. Algo naquilo tudo parecia não estar certo, mas eu ainda não sabia o que era.

Quando fui embora, a cidade estava quieta e o céu começava a escurecer. Uma brisa fria passava pela rua, mas eu tava com a cabeça cheia. Algo estava me incomodando, não sabia o que, mas a sensação de que algo tava errado me acompanhou até o chalé.

Naquela noite, não consegui pegar no sono. Eu ficava pensando no caderno, no Artur, naquela cidadezinha tão pequena e tranquila. Eu estava procurando paz, mas, no fundo, sentia que ia me meter em algo muito maior do que eu imaginava. Algo que mudaria tudo.

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⏰ Última atualização: Nov 16 ⏰

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