Grande e Bonito

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Beomgyu nunca pensou que chegaria ao ponto de odiar até a voz dos seus amigos.

Ele estava no intervalo do colégio, sentado ao lado de Jisung, Heeso, Moonkyu e Jiwoo, seu grupinho, no pátio. Porém, ao olhar ao redor da mesa, percebeu que estava se irritando até mesmo com a maneira que cada um ali estava se portando e gesticulando enquanto conversavam. Já fazia algum tempo desde que havia chegado ao limite de tolerância com as atitudes daqueles quatro insuportáveis, mas ainda não tinha encontrado uma forma de externar o que estava sentindo.

Sua vontade era de falar sobre isso com alguém, mas era difícil quando todos os seus pensamentos pareciam tão... hipócritas. Afinal, como explicaria que não aguentava mais as mesmas pessoas que havia escolhido andar ao lado? Por exemplo, Jisung estava bem na sua frente, falando sobre como ele amava danças clássicas. Considerando que eles falavam merda com bastante frequência, esse era até um tópico bobo e comum, porém Beomgyu só queria que ele calasse a boca para sempre.

Era um pensamento hipócrita, certo? Beomgyu tinha certeza que sim, e, justamente por isso, não fazia ideia de como colocar para fora. Ele apenas respirou fundo e pegou o celular do bolso, assim não precisaria prestar atenção no que estava acontecendo.

Já era um grande costume seu arranjar motivos para não pensar sobre o próprio desconforto. Beomgyu tinha completa noção de que estava afundando em um comodismo que não era nem um pouco agradável, porém parecia ainda mais complicado sair dele.

— Ei, Beomgyu, eu preciso da sua ajuda. — Heeso disse ao seu lado, e Beomgyu bloqueou o celular.

— Pra que? — Perguntou, olhando para ele e tentando parecer curioso de verdade.

— Uma coreografia pra mim, no dia da apresentação do nosso clube no show de talentos. — Ele disse animado. — Você é melhor do que eu em processos de criação.

— Ah, claro. — Sorriu, mesmo que sua vontade mais profunda fosse de nunca mais aceitar nada para qualquer um deles.

Em seguida, Heeso começou a falar sobre as ideias dele, porém todas elas só conseguiam sufocar Beomgyu. Ah, aquele seria mais um dia se odiando por nunca conseguir se colocar em primeiro lugar. E ele ficava ainda mais puto consigo mesmo quando lembrava que tudo isso simplesmente deixaria de acontecer se ele apenas se levantasse, fosse embora e nunca mais voltasse.

Era uma merda ficar remoendo os mesmos defeitos, preso em um ciclo idiota em que se sentia mal, se culpava por se sentir mal e terminava cometendo os mesmos erros de novo e de novo.

— Vou ao banheiro, volto já. — Beomgyu disse antes que começasse a bater a cabeça na mesa com a esperança de que sua mente parasse de funcionar.

Ele se levantou e foi para dentro da escola, onde finalmente se sentiu melhor por não ouvir qualquer voz conhecida. O intervalo para almoço era o mais longo, e ainda faltavam uns bons minutos antes que suas aulas voltassem, então só colocou os fones de ouvido e começou a andar para bem longe do pátio.

Netuno não é tão longeOnde histórias criam vida. Descubra agora