Marcados pelo destino-Jikook

🐺Sete

No auge da estação gelada, a matilha se encontrava em um estado deplorável, castigada pelo frio implacável e pela fome crescente.

Os ômegas, muitos deles carregando seus filhotes em gestação, eram incapazes de sair para caçar. Os alfas, conscientes de sua responsabilidade, abdicavam do pouco alimento que conseguiam para protegê-los, alimentando os mais frágeis e os filhotes pequenos. A hierarquia se mantinha em funcionamento: os mais fortes e aptos saíam para buscar sustento, incluindo ômegas sem cria, como Kim Taehyung e Cha Eun-woo, que possuíam habilidades de caça excepcionais. Os demais permaneciam em segurança, protegidos pelos esforços incansáveis dos caçadores.

O líder, Hoseok, fazia o possível para manter a ordem em meio ao caos, mas nem todos confiavam nele. Desde jovem, ele era conhecido por sua personalidade indomável, muitas vezes incontrolável, o que lhe rendera respeito e temor em igual medida. Sua liderança era questionada, e muitos lupinos o viam com desconfiança, duvidando de seu caráter. A tensão dentro do grupo só aumentava com cada decisão que ele tomava.

Jimin aproximou-se do irmão no topo da colina que cercava a clareira onde a matilha estava reunida após mais um longo dia de caça. Ele se moveu com cuidado, a neve rangendo sob suas patas, antes de falar.

— Você não está pensando em migrar a matilha esta noite, está? — Sua voz era séria, carregada de preocupação. — Os ômegas estão aterrorizados com essa possibilidade. Eles não se sentem seguros.

Hoseok se virou lentamente, o olhar carregado de ironia.

— Agora você consegue sentir o que eles sentem? — perguntou com um tom cortante. — Agora está preocupado com eles, Jimin? Esqueceu-se tão rápido do seu beta?

A menção trouxe um lampejo de dor ao rosto de Jimin, mas ele não desviou o olhar.

— Você está cometendo o pior erro de sua vida por causa de uma rivalidade que só existe na sua cabeça. Eu nunca quis ser o líder — retrucou, sua voz se tornando fria, cada palavra carregada de frustração. — Mas se quer saber, Hoseok? Eu me importo com o bem-estar de todos no bando, mesmo que eu não me sinta mais parte desta matilha.

Hoseok, com o cansaço estampado no rosto e nos movimentos, ergueu-se lentamente, voltando a se posicionar sobre as quatro patas.

— Então venha conosco e garanta a segurança deles — murmurou, a voz sem energia, antes de se virar e começar a caminhar lentamente em direção à trilha mais próxima. Seus passos eram pesados, a neve cobrindo parcialmente suas patas, como se cada movimento exigisse um grande esforço.

— Hoseok, por favor, me ouça. Isso é perigoso demais... — Jimin seguiu o irmão pela colina abaixo, atravessando a trilha coberta de neve densa. Seus olhos permaneceram atentos à figura do lobo de pelagem marrom que avançava com passos lentos até o limite da floresta. Quando Hoseok finalmente parou, Jimin se aproximou com cautela. — Hoseok?

O líder virou-se de repente, os olhos brilhando com um brilho selvagem.

— Tão perigoso quanto você continuar protegendo aquele beta? — A voz de Hoseok era um rosnado baixo, carregado de fúria contida. Ele deu um salto, fechando a distância entre eles com um único movimento fluido, suas presas à mostra. — Você é um idiota, Jimin. Eu sei que continua vigiando ele. Não percebe que isso causa um desequilíbrio? Na última vez que um lobo se apaixonou por um humano, as coisas terminaram em tragédia.

— E você está arriscando a segurança de todos por algo tão estúpido? — Sua voz era firme, mas cheia de dor. Ele via o irmão sendo consumido pela raiva, pelas escolhas que o afastavam cada vez mais de quem um dia ele foi.

O impacto fez o mais jovem colidir com força contra o chão, o ar escapando de seus pulmões em um gemido de dor. Hoseok, em sua forma de lobo, mantinha os dentes afiados perigosamente próximos à orelha esquerda de Jimin. O som de seus rosnados encheu o ar, vibrando com fúria e desespero. Por um momento, seus olhares se encontraram – dois pares de olhos brilhando de raiva e ressentimento – e então começaram a rolar pelo chão, lançando mordidas um contra o outro. As presas se fechavam no ar ou raspavam pela pele, cada ataque com a promessa de feridas letais. Mas nenhum deles parecia se importar. Naquele momento, a necessidade de liberar a raiva reprimida falava mais alto do que qualquer consequência.