Prólogo

3 0 0
                                    

- Está satisfeito, meu senhor? - A criança pergunta em sua inocência pueril. Se aproximava da sacada, podendo contemplar os continentes. A vista privilegiada de quem estava no topo do mundo.

- Sim. - O imperador diz com suavidade. Contemplando seus próprios feitos. A cidadela voadora fora feita por saber que não poderia dominar todos os continentes sem poder ver tudo. Cada país, cada nação sob seu domínio. Menos uma. Governaria o mundo inteiro sob uma única bandeira, dando justiça a todos, compartilhando conhecimentos e segredos de todos aqueles povos que desejavam esconder, enriquecer e prosperar sozinhos.

Não haveria mais injustiça contra os pequenos seres. "Paz em meu tempo." Dizia o imperador orgulhoso de seus intentos.

- Não há ninguém nesse mundo que não o tema. - O pequeno diz com certa tristeza em sua voz. - Dizem que és um ditador cruel.

- São os que não compreendem a grandiosidade do meu Império. - O imperador se aproxima da sacada e toca no ombro do garotinho, afagando suavemente com seu sorriso gentil. - Não entendem que o mundo está melhor assim. Não há conflitos, não há guerras, não há fome ou mortes pela praga. Tudo está como sempre sonhei, como sempre idealizei. Só falta uma única peça.

- Os anões, meu senhor? - O menininho sabia, todos ao seu redor sabiam. A única nação que não se curvou e persistiu em sua teimosia.

- Sim. - O poderoso feiticeiro se ergue mais uma vez, voltando a olhar seu mundo. - Os anões não se curvaram, mas farão isso em breve, Abasty está comigo.

- E se... eles se negarem? - O garotinho parecia assustado com os próprios pensamentos.

- Queimaram em cada corredor de Lomatur. - O homem no topo do seu trono não percebia a própria contradição de suas palavras. - Os anões vão se curvar. É uma nova era, um novo reinado de paz e prosperidade, porém, para atingir tal feito é necessário que aja guerra, e então a sublimação total da humanidade e dos outros seres.

- E se alguém tentar intervir? - O mesmo tom inocente do começo se fazia presente. - E conseguirem tirar-lhe a coroa. Um herói já tentou outrora e outros virão.

O imperador não havia pensado na possibilidade. Vários heróis tentaram, servos divinos, muitos homens e mulheres poderosos em seus intentos infantis. Não era um simples humanos. E sim um semideus que havia alcançado o poder além da percepção mortal.

Havia um que chegou próximo. Esse mesmo herói prometeu voltar mais uma vez, prometeu que sua alma habitaria outro corpo e arrancaria sua coroa e terminaria com seu legado.

- Se conseguirem me destronar, pequeno, então, voltarei mais uma vez, em um novo tempo, e continuarei meu legado até que o mundo seja governado pelo seu verdadeiro imperador e mesmo o herói retornando não poderá fazer nada além de lamentar. - O imperador pousou seu olhar sob o símbolo preto e lilás que levava em sua mão. - Nem mesmo um único herói poderia impedir meu retorno. Nenhum. Renascido ou não.


O imperador. Where stories live. Discover now