A sede repentina se fez avassaladora. Ao abrir os olhos, o jovem se viu completamente perdido. Procurou por alguma referência ao seu redor. No entanto, só o que pode perceber foi o balançar constante da carruagem e uma figura sentada próximo da porta fechada. O cheiro de suor e feno se fez presente. Também percebeu que havia restrições em sua mão. Cordas? Pensou.
- Fique quieto. - A voz feminina disse ao seu lado. A jovem deveria ter no máximo vinte anos, havia orelhas curtas, mas não humanas embaixo da cabeleira platinada. Meio elfa, o pequeno pensou mais uma vez. - Estou tentando me concentrar. - Parecia fazer algum esforço com as mãos, igualmente amarradas.
- Para onde estamos indo? - Ignorou seu intento de fazer algo com a força de vontade e tentou se sentar ereto. Percebeu o local abafado e quente, não tinham janelas, era como uma carapaça quadrada de madeira andante. Na verdade, não se lembrava de como havia parado naquele lugar, e menos ainda sobre qualquer informação da própria vida. Randall, sobreviva Randall. Apenas uma voz soava na sua mente.
- Bom. - A moça respirou fundo como se estivesse cansada, depois de todo esforço. - Estamos em uma estrada, acho, passando por um rio, talvez? - Não parecia tão interessada em dizer exatamente ou não sabia. - E quem é você? Quando me jogaram aqui já estava dormindo no feno.
- Eu. - Hesitou por alguns momentos, tentando puxar qualquer informação da memória, mas nenhuma centelha de compreensão, além do próprio nome, que parecia flutuar em sua cabeça. - Randall. Mas, não lembro nada além disso. Acho que me atiraram aqui e devo ter batido a cabeça.
- Provável. Sou Annabel. - A meio-elfa dizia amargurada, como se não pudesse arrancar qualquer resposta do garoto. A jovem tentou bater na madeira à frente. - Nós solte! Você não sabe com o que está lidando, seu mercador de escravos mixuruca.
Randall percebeu que seu destino seria ser vendido como escravo. E não gostaria de continuar naquela situação. Quando se levantou, percebeu, pelo seu próprio pesar, que era menor que Annabel. Não era um anão pelo visto, mas sim uma criança. Como poderia? Não se sentia como um garotinho. Sua mente parecia madura ao seu ver, ou poderia ser apenas sua própria percepção sobre si mesmo? Bom, de qualquer forma, não pretendia continuar inerte. Vestia alguns trapos velhos, o vestido tinha a qualidade de um saco de batatas e Annabel não estava tão diferente.
Tocou na porta. Simples. Pensou. Suas mãos começaram a ter um brilho esverdeado, sabia que era seu poder surgindo. Sentia do amago da sua vontade. Contudo, de repente um solavanco intenso. Caiu no chão em um baque. O destino de Annabel não foi tão diferente. Os dois jaziam mais uma vez estatelados. Alguns gritos finos no lado de fora da carroça e de repente silêncio. Alguém abre a porta com força e brutalidade. O ranger alto os assustou.
Randall percebe um homem armadurado, porém não parecia um cavaleiro sublime. Sua armadura era desgastada, havia sinais de uso, marcas de batalha de alguém que não podia se dar ao luxo de mandar reforjar, além disso, na mão em punho uma espada banhada a sangue. Sua fisionomia de alguém cansado, não dormia a alguns dias de forma plena. A pele negra, cabelos bagunçados de um castanho claro, olhos brilhando em verde fosco. Não tinha mais do que vinte cinco anos. Humano.
- Não são quem estou procurando. - A voz tinha a entonação de um soldado da corte. Randall percebeu que sua postura perfeita se assemelhava aos cavaleiros de outrora. Porém, não tinha ideia de como percebeu essa informação se não tinha nenhuma memória e parecia mais um plebeu maltrapilho.
- Bom, ao menos salvou a gente. - Annabel foi a primeira a sair e estender os braços na direção do guerreiro. Compreendendo o que a jovem desejava. O rapaz cortou as cordas que o prendia.
Randall hesitou, mas saiu em seguida. O guerreiro mais uma vez cortou suas amarras e ainda acariciou seus cabelos como se fosse uma criança. Mesmo que odiasse a sensação, não foi completamente ruim. Pode finalmente vislumbrar onde estavam, em uma estrada a esmo, terra e floresta por toda parte. E o homem que os conduzia, um velho desdentado estava no chão morto. Seu cavalo estava inquieto, mas nada podia fazer ainda preso na carruagem.
- E quem é você? - Annabel indaga o outro que os salvou, mesmo que seja por um motivo que nenhum deles comentou.
- Gustav. - O guerreiro se dignou a dizer apenas isso com certa amargura. - E os dois? Seriam vendidos como escravos, não é? Viram um goblin chamado Felix?
- Sou Randall, mas minha memória é inexistente no momento, só lembro de ter acordado na carruagem. - O jovem dizia sem entusiasmo. Randall sentia-se desnorteado, envolvido com pessoas que não conhecia, em um local que não tinha ideia. Não havia nada ao qual se apoiar, não tinha com quem contar. E ainda era uma criança. Essa sem dúvida parecia ser a pior parte. Mas, tinha poder, havia alguma centelha em si que desejava testar.
- Annabel e, vi um goblin, Não sei se é o que você quer. Estava fugindo da minha aldeia e de repente esbarrei com esse cara, ele ofereceu ajuda, mas me prendeu e disse que me venderia por boas moedas. Com esse cara tinha um goblin com uma cicatriz na testa. - A meio-elfa lembrava um pouco de algumas falas. - Eles se separaram. O goblin disse que iria até Higslike, um condado ao sul, mas não sei nada além disso.
- Você pode me levar até lá? - O guerreiro estava eufórico pela nova informação.
- Bom, você parece bom com a espada e meu destino é o oposto da minha aldeia, então sim. - Annabel não tinha rumo fixo, aprecia apenas desejar se desvincular do próprio passado.
- Posso ir com vocês? - Randall por sua vez estava totalmente perdido e não tinha ideia de que caminho seguir.
- Eu não sou babá. - Mesmo com tom aversivo, a ideia de andar com uma criança até Higslike era perigosa na sua visão.
- Não podemos deixá-lo sozinho no meio da floresta e sem memória. Esse garoto não tem nem 12 anos ainda. - O senso de justiça do cavaleiro era mais intenso e a meio-elfa apenas deu de ombros. Gustav sorriu na direção de Randall que ficou desconsertado, mas acenou na sua direção.
- Obrigado. - Randall sentia que deveria seguir por aquele caminho por enquanto, ainda não compreendia o próprio propósito.
Continua.
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O imperador.
AdventureRandall não tem memória, mas tem uma equipe valorosa. E vai até o fim descobrir qual seu propósito e objetivo. E aparentemente deter o Imperador de antigamente de ressurgir novamente e trazer o caos ao mundo mais uma vez. Sua missão é deter o surgim...