001. Correr do Minotauro

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CAPITULO 1
CORRER DO MINOTAURO: UM NOVO ESPORTE RADICAL

MARIA

20 de dezembro de 2023

Eu acordei desamparada e confusa. Minha visão aos poucos voltando ao normal, olhando ao redor.

O que eu vi à minha volta não fazia sentido algum. Uma floresta densa, escura e sombria, parecia me engolir inteira. O ar gelado cortava minha pele, e o silêncio que reinava ali era desconcertante, como se o próprio universo estivesse segurando a respiração. Não havia uma única folha se mexendo, nem o som distante de animais.

Nada.

O frio era implacável, e meu corpo, tão desacostumado com aquilo, tremia incontrolavelmente. Mas o pior de tudo eram as dores. Eu estava de pijama. Não sabia como, nem por que, mas aquela era a última roupa que eu lembrava de estar usando. As calças de flanela estavam amassadas, sujas e rasgadas. Meu corpo, inteiro, estava marcado. Ralos nas pernas, joelhos, cotovelos e até o meu rosto, como se eu tivesse sido arrastada por algo ou alguém. A sensação era de queimadura, de uma dor aguda que parecia vir de dentro para fora.

Senti um arrepio percorrer minha espinha, mas não pude evitar. Eu estava perdida.

Olhei ao redor, buscando um ponto de referência, tentando entender o que estava acontecendo. Não fazia sentido algum. Eu estava na minha cama, horas atrás, imersa nas mesmas preocupações e monotonia de sempre.

“Puta merda, como foi que eu parei aqui? Como saí do meu quarto? Onde eu estou?”, eu pensei.

Meu coração acelerou, batendo no ritmo frenético da confusão que se apossava de mim. Eu me arrastei até uma árvore, apoiando minhas mãos nas raízes para tentar me levantar, mas a dor me impediu. Os ralos, agora mais visíveis, queimavam como se ainda estivessem abertas. Tentei focar em algo, tentar processar, mas tudo o que eu conseguia sentir era a incerteza do que estava acontecendo.

Eu não sabia onde estava. Eu não sabia como tinha chegado ali. E, mais importante, eu não sabia o que viria a seguir.

A floresta parecia um pesadelo vivo. Cada árvore parecia se fechar em mim, como se eu fosse o alvo de algo, de alguém. O silêncio de antes agora parecia uma pressão, algo apertando meu peito, sufocando meu pensamento. Eu tentei gritar, mas minha voz não saía, como se o próprio ar me impedisse de emitir um som.

Era tarde demais para voltar atrás. Eu sabia disso. Algo maior do que eu estava me arrastando para dentro daquela noite interminável. Algo que eu ainda não entendia, mas que, de alguma forma, sabia que estava me observando.

Eu estava ali por um motivo. E esse motivo, apesar de me aterrorizar, parecia ser o único que eu ainda poderia seguir.

Eu tento me concentrar, mas a dor nas minhas pernas e nos braços é uma lembrança constante de que algo deu errado. De que eu estou longe, muito longe, do meu quarto e da minha vida.

Eu fecho os olhos, tentando trazer clareza, mas a única coisa que me vem à mente é um vazio profundo. Uma sensação de que tudo isso é algo que eu já deveria saber, como se a resposta estivesse sempre ali, bem na minha frente, mas eu não soubesse como enxergá-la.

A floresta em volta de mim parece estar respirando. Não é como o silêncio reconfortante da natureza, é um silêncio tenso, opressor. Eu posso sentir os olhos de algo ou alguém em mim. A sensação de estar sendo observada é inegável. Eu me ergo lentamente, me apoiando em uma árvore com os punhos cerrados, tentando me manter de pé apesar da dor.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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