O bastardo
O primeiro amor de Park Hyun
O vento frio vindo do mar agitava os cabelos volumosos de Jimin, que se mantinha oculto na penumbra da noite, tão escura que nem estrelas ou a lua cheia estavam presentes para iluminar o vilarejo silencioso. Mais uma vez, ele se encontrava empoleirado nas toras de madeira, com as mãos enredadas nas trepadeiras. O jantar já havia passado há algum tempo, e agora, todos dormiam, deixando as ruas e becos mergulhados em um quase completo silêncio.
Seu olhar estava fixo na antiga casa do senhor Kim, agora ocupada pela Família Jeon. De repente, sua pupila se dilatou ao lembrar-se da noite de três dias atrás, quando aquele homem, que o presenteou com uma flor sem nem o conhecer, o ajudou na praia. O duque não precisava ter ido até lá para socorrê-lo, mas mesmo assim o fez.
Jimin reconheceu que foi injusto. Como alguém educado, o mínimo que deveria ter feito era agradecer, em vez de gritar para que o deixasse em paz.
Riu, sem graça, envergonhado pela própria atitude.
Estava prestes a descer quando algo capturou sua atenção: seu irmão, Hyun, caminhava lentamente, cabeça baixa, transmitindo uma solidão palpável. Havia um peso em seus ombros que quem realmente o conhecesse perceberia de longe, mas aos olhos dos outros parecia suportável. Jimin sabia que Hyun saíra para encontrar a senhorita Lee, a filha mais nova, e normalmente voltaria perto do amanhecer. No entanto, algo indicava que o encontro às escuras havia terminado mais cedo do que o esperado.
Um lenço branco, com traços inconfundíveis da amada de Hyun, estava em suas mãos, pressionado contra o rosto como se ele tentasse capturar o cheiro dela - como se fosse a única forma de senti-la novamente.
O coração de Jimin, como irmão, clamou por algo que ele não conseguia identificar, mas era quase um ultimato para que fosse até Hyun e o consolasse. Teve medo de ser repreendido, mas algo dentro de si pulsava tão rápido que ele não percebeu o momento exato em que desceu das toras de madeira, desajeitadamente, fazendo algumas rolarem e chamando a atenção de seu irmão, que acabara de entrar no jardim. Correu até ele, ainda mais aflito ao ver seus olhos inchados e o nariz rosado.
Hyun havia chorado.
Chorara por amor...
- Meu irmão? - chamou, incerto, ao ver a expressão de surpresa no rosto do mais velho.
- O que fazes aqui a esta hora, Jimin? - perguntou Hyun, fazendo Jimin se encolher, como uma criança pega no flagra. Mas não era sobre suas escapadas noturnas que ele queria falar. Precisava saber o que havia feito seu irmão chorar.
- O que aconteceu? - Estendeu a mão para tocar o rosto de Hyun, mas não obteve resposta além de um resmungo magoado.
- Volte para a cama, garoto. Se nossa mãe souber que estás fora do quarto a essa hora... E se alguém de fora te vir aqui e tentar te fazer mal? - Hyun balançou a cabeça enquanto falava, o que irritou Jimin. Não era sobre sua vigilância noturna que deveriam estar discutindo, e sim sobre o sofrimento de seu irmão.
Jimin suspirou, revirando os olhos quando Hyun começou a levá-lo para dentro de casa, pedindo que ficasse em silêncio e não contasse nada à mãe sobre a hora que foram dormir. Mas Jisoo não era ingênua; sabia de tudo o que os filhos faziam ou deixavam de fazer. Ela fingia não perceber para não interferir, sendo uma mulher firme em suas decisões, apenas se envolvendo quando algo poderia prejudicá-los - como as filhas dos Lee.
- Apenas me diga, você parece triste! - insistiu Jimin, mas estava claro que Hyun não compartilharia nada sobre sua vida pessoal.
No fim, Jimin foi para a cama, com o rosto emburrado, mal conseguindo dormir. Por trás de sua expressão carrancuda, havia um irmão preocupado, consciente de que o outro estava sofrendo. Ele suspeitava que tinha algo a ver com a senhorita Lee, mas sem saber o motivo exato, não podia sair espalhando rumores fúteis sobre ela. Talvez, ela tivesse partido o coração de Hyun, mas ele ainda não sabia ao certo.
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The Bastard - Jikook
FanfictionPark Jimin era um bastardo, todos sabiam disto. Mas ainda que não vissem, era um moço cheio de sonhos para serem realizados, alguém amado por sua família. Mas algo faltava ali, sempre sentiu esse vazio e com o passar dos anos sua solteirisse o fez e...