Era uma tarde normal na empresa. Sandro estava focado em seu trabalho, digitando relatórios e organizando documentos, quando a porta da sala foi aberta com um baque. Seu chefe, Márcio, entrou visivelmente irritado, como se estivesse à caça de um alvo. Infelizmente, aquele dia o alvo era Sandro.
--- Sandro, já olhou o relatório que você entregou ontem? Está cheio de erros! Como você espera que a gente confie em você com esse tipo de trabalho? --- disparou Márcio, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina.
Sandro respirou fundo, tentando manter a calma.
--- Márcio, com todo respeito, eu revisei três vezes antes de entregar. Se houve algum erro, pode ser no sistema ou até na falta de clareza das instruções. Mas eu não errei por descuido.
O chefe bufou, cruzando os braços e inclinando-se sobre a mesa.
--- Falta de clareza? Agora a culpa é minha? Você deveria saber interpretar melhor, Sandro. Não é pra isso que você é pago?
Aquilo foi a gota d’água. Sandro largou a caneta que segurava, levantou-se e olhou Márcio diretamente nos olhos.
--- Não, Márcio, eu sou pago pra trabalhar, e faço isso com competência. Mas sabe o que me cansa? A falta de respeito e a postura autoritária de quem deveria ser um líder e, no entanto, só sabe apontar dedo. Quando foi a última vez que você se responsabilizou por um erro?
Márcio arregalou os olhos, visivelmente pego de surpresa pela ousadia de Sandro.
--- Cuidado com o tom, Sandro!
--- Não, quem deveria tomar cuidado é você. Porque uma equipe desmotivada não é culpa dos funcionários. É culpa de um chefe que prefere atacar em vez de orientar. Então, se quer continuar nesse jogo de ego, boa sorte. Mas não comigo.
O silêncio que se seguiu foi tão pesado que parecia sufocar a sala. Márcio não encontrou palavras para rebater. Em vez disso, limitou-se a dizer:
--- Você está demitido.
Sandro deu de ombros, pegou suas coisas e saiu da sala com a cabeça erguida, mas o coração acelerado.
--------------------------------------------------------------
Quando chegou em casa, o peso da situação finalmente caiu sobre ele. Sentado no sofá, Sandro encarava o nada, sentindo a tristeza e a frustração se acumularem. Ele havia defendido seu ponto de vista, mas o custo tinha sido alto.
Horas se passaram, e o silêncio só aumentava a solidão. Finalmente, ele pegou o celular e, sem pensar duas vezes, ligou para Ricardo.
--- E aí, paulista? Que milagre é esse de você me ligar? --- Ricardo atendeu com aquele tom despreocupado de sempre.
Sandro tentou rir, mas sua voz saiu pesada.
--- Só queria ouvir tua voz, carioca. Tô precisando de uma dose de besteira pra ver se melhoro.
Ricardo percebeu o tom sério e mudou sua postura.
--- O que foi, boneca? Que que rolou?
--- Fui demitido, Ricardo. Dei uma resposta atravessada pro meu chefe. Não me arrependo, mas... sei lá. Não sei o que fazer agora.
--- Porra, Sandro. Tu é bravo mesmo, hein? Meteu a real no cara. Tá certo, o problema é dele, não teu. Mas, ó, vou te dizer uma coisa: um cara que nem você não fica parado muito tempo. Só toma cuidado pra não pirar, tá?
Sandro deu um sorriso leve.
--- Você sempre sabe como me animar, né?
--- Claro, porra. Se eu não animar, quem vai? Mas, ó, se continuar nesse climão aí, arruma as malas e vem pro Rio. Eu te coloco na linha rapidinho.
![](https://img.wattpad.com/cover/379839137-288-k558409.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
"Eu sei que vc me ama" - Pauneiro
FanficRicardo sempre provocava Sandro, ciente de que o paulista não apreciava suas brincadeiras. No entanto, com o passar dos dias, Sandro começou a desenvolver um certo gosto pelo jeito desinibido do carioca, embora se esforçasse para esconder isso. Com...