1. O Encontro Sobrenatural

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Jenna Ortega.

Inglaterra, 1890. Nordeste de Berk Shire, próxima a divisa com Oxford.

Uma tempestade fora do normal acabou de atrapalhar com a minha noite! Nunca imaginei que estaria retornando para minha morada sem nenhum tipo de pista sobre o culto. Estava seguindo algumas pessoas que eu suspeitava que faziam parte do Culto do Observador, até que de repente, uma chuva interminável começou. Esses cultistas... sempre desaparecem de repente, nunca consigo achar algum rastro sobre. A cada pista que investigo, mais sou levada mais perto das profundezas — e talvez me levando até a insanidade. Eu teria continuado essa investigação, porém estávamos ficando perto demais das tocas do Tâmisa, senti que não terminaria bem. No momento em que minha intuição me avisou e reforçou o perigo, virei meu corpo e andei o mais depressa possível para voltar a minha casa, ao nordeste de Berk Shire.

Agora estou aqui, embaixo de uma chuva tempestuosa tentando ver se pelo menos consigo chegar em casa sem ser vista por algum grupo de homens bêbados que estão nas ruas. Enquanto sigo o caminho de volta, passo por um beco. Olho em volta e não vejo ninguém por perto, porém sinto que algo não está certo. Ouço um respiro, fraco, suficiente para que chamasse minha atenção. Por um lado isso poderia ser alguma espécie de armadilha feita pelo próprio diabo. Mas vai que alguém está necessitando de minha ajuda? Não posso deixar alguém aqui, nessa chuva e escuridão.

Odeio quando coisas assim acontecem. Antes que eu pudesse perceber, estava andando involuntariamente para o beco. Eu não sei o porque disso estar acontecendo. Eu estava com um medo sem limites. Senti um apavoro quanto mais a escuridão do beco tomava minha visão. Vendo que não conseguiria negar essa vontade sobrenatural da minha curiosidade incessante, observei atentamente ao meu redor. Nada. Apenas silêncio. O gotejar da chuva e o oscilante e agudo soar das gotículas de água indo ao encontro das tampas das latas de lixo que ali estavam, únicos barulhos presentes em meus ouvidos além da minha respiração desregulada pelo medo contínuo.

Como num piscar de olhos, retomei o controle sobre meu corpo, como se uma corrente elétrica passasse e me acordasse desse transe maluco. Quando aproveitei a oportunidade, virei para dar meia volta e correr daquele lugar. Tropecei. Em uma perna. Aí meu Deus! A porra de uma perna! Merda, o que eu faço? Nunca cheguei nessa etapa.

Me virei em direção onde o hipotético resto de corpo estava. Me preparando para o pior, me aproximei. Toquei o chão gélido e úmido, apoiei-me em meu joelho. Minha respiração ficou mais pesada que antes e meus olhos estavam arregalados para tentar captar o máximo de luz possível. O cheiro de ferrugem e mofo era forte. Quando tomei coragem, prendi a respiração e olhei em direção do corpo. Era uma mulher. Estava com uma calça e blusa gastas, extremamente sujas. Parecia mais com uma espécie de pijama. A sua respiração estava fraca demais, precisava de cuidados imediatos. Uma coisa me chamou a atenção. Ela não tinha nenhum ferimento visível, o que me fez imaginar e pensar coisas terríveis que ela deve ter passado neste meio tempo.

— Ei... ainda está viva? — dei leves tapas em seu rosto — Por favor, peço para que dê qualquer sinal de que ainda pode ao menos me ouvir. — nenhuma resposta.

Esperei por um momento. Quando fui sentir o seu pulso, vi o que seria o início de uma tatuagem. Levantei o tecido úmido, devagar para não assustá-la. Parcialmente parecia uma espécie de olho. Algo naquele símbolo me fazia ficar enjoada, meu estômago revirava, como se meu corpo reconhecesse o perigo que isso me oferecia.

— Estou... aqui... — recebi uma resposta fraca, porém audível.

— Consegue se levantar e apoiar em mim? — repouso minha mão de maneira gentil em seu ombro. Assim que faço, sinto uma presença. Algo fora do normal. Um arrepio surge em minha espinha e novamente sinto aquela onda de choque passar sobre mim. A mulher estava quente. Parecia brasa em chamas. Isso não faz o menor sentido, está chovendo a tempos! Como ela está tão quente? Minhas mãos chegam a formigar, como se algo estivesse vivo e pulsando no corpo da garota e sinto que novamente, algo não está certo. Mas agora sinto que já é tarde demais para voltar atrás.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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A Chave e o Véu - Jenna OrtegaOnde histórias criam vida. Descubra agora