A Cadela e o Pescador

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" A amizade é chuva em alto mar, peixe no anzol e sombra que alivia a alma". Tristão

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Em situações de sobrevivência extrema, o amor e amizade tornam-se a força que move o oceano da vida.

Tim era um homem simples, apaixonado pelo mar. Sempre que podia, saía para pescar em seu pequeno barco, e nunca estava sozinho: sua companheira, a cadelinha Bela, estava sempre ao seu lado. Juntos, formavam uma dupla inseparável, pronta para qualquer aventura.

Certo dia, Tim decidiu se aventurar em alto mar no Oceano Pacífico. O céu estava limpo, e o vento soprava suavemente. Tudo indicava que seria mais um dia tranquilo de pescaria. No entanto, o mar é imprevisível, e a calmaria deu lugar a uma tempestade terrível. Ondas gigantes lançaram o pequeno barco de um lado para o outro, e Tim lutou para manter a embarcação à tona. Apesar de seus esforços, o barco sofreu sérios danos e a dupla se viu a deriva no vasto silêncio húmido da imensidão do mar.

Sem provisões suficientes, Tim recorreu ao que o oceano pudesse oferecer. Ele improvisou anzóis com o que tinha para pescar peixes para se alimentar. Os peixes eram consumidos crus, divididos com Bela, que sempre esperava pacientemente. A água da chuva era coletada em recipientes improvisados ​​para matar a sede. Para se protegerem do sol implacável, se encolhiam em um abrigo sob uma pequena cobertura que restava intacta na embarcação.

Tim conversava com Bela, compartilhando suas esperanças e medos. Ela, por sua vez, parecia entender cada palavra, oferecendo conforto com seu olhar fiel e sua presença constante. À noite, dormiam juntos, esquentando-se do frio oceânico. Tim cuidava de Bela como podia, e Bela o mantinha emocionalmente forte. "A gente vai conseguir", Tim dizia acariciando a cabeça da cadela. "A gente vai conseguir".

O que se seguiu foi um verdadeiro teste de sobrevivência. Sem comunicação ou qualquer esperança imediata de resgate, Tim precisou usar toda sua engenhosidade para se manter vivo junto a sua amiga que ajudava abanando o rabo e, vez ou outra, esfregando o focinho nas barbas grisalhas de seu dono provedor.

Quando as esperanças não eram mais que uma poeira oceânica e os pensamentos obscuros conformavam-se com a morte, Bela levantou as orelhas em sinal de alerta. Escutava ao longe o som da salvação. Um helicóptero surgiu de supetão, como uma miragem no deserto, como uma arraia que voa sobre o mar derrepente, como uma luz no fim da borda do mundo.

Tim e Bela foram resgatados após dois longos meses a deriva. Sorridente, embora desnutrido, Tim e sua cadelinha viralizaram nas redes sociais e foram notícia em todo o mundo.

"Agradeço a Deus por cada gota de chuva e por cada peixe que mordeu meu anzol", dizia Tim segurando Bela ao ser perguntado como havia sobrevivido.

Embora Tim atribuía a salvação e a sobrevivência com humildade ao divino, à chuva e aos peixes crus, é sabido que o homem salvou a cadela e a cadela salvou homem.

"A gente conseguiu"...

FIM

A Cadela e o PescadorOnde histórias criam vida. Descubra agora