o começo do caos, 23 de novembro.Era uma sexta-feira, 23 de novembro, aniversário de Amelia Naomi. O inverno havia chegado com força total, cobrindo o céu com nuvens densas e despejando uma chuva incessante. Apesar de fingir não se importar com aniversários, Amelia secretamente adorava aquele dia. A chuva trazia uma paz inexplicável, um contraste perfeito para a tempestade que muitas vezes reinava dentro de sua mente. Mas naquele ano, algo estava diferente. Ela sentia. Como se o mundo ao seu redor estivesse prestes a mudar, como se sua paz fosse ser roubada por algo que nem em seus sonhos mais absurdos ela poderia imaginar.
Levantando-se da cama com preguiça, Amelia vestiu um moletom qualquer e arrastou os pés até a cozinha, esperando encontrar sua mãe preparando panquecas ou pelo menos um café quente. Em vez disso, foi recebida por um silêncio opressor e algo que gelou seu sangue. No chão da cozinha, gotas de sangue marcavam o azulejo claro. A cena parecia saída de um dos livros de terror que sua mãe adorava escrever. Mais adiante, uma figura feminina estava de costas para ela, imóvel, com o corpo rígido.
O ar parecia mais pesado. Um sussurro ecoava pela cozinha, irritante e incompreensível, como se fosse destinado apenas a Amelia. Sem pensar muito, ela se aproximou, a adrenalina começando a tomar conta de seu corpo. Quando colocou a mão no ombro da figura para virá-la, sentiu o mundo vacilar. Os olhos que agora a encaravam eram pretos como a noite, com um brilho vermelho intenso, transbordando ódio e determinação. Havia sangue no rosto daquela criatura, escorrendo como lágrimas. E, então, em um tom baixo, mas claro, a figura sibilou:
Você é uma de nós.
Amelia sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Antes que pudesse processar o que aquilo significava, sua reação instintiva falou mais alto. Seus olhos se fixaram na frigideira em cima do balcão. Em um movimento rápido, ela agarrou o utensílio e, com toda a força que possuía, desferiu um golpe certeiro na cabeça da criatura. O impacto foi seguido por um som grotesco, e, para seu choque, o corpo à sua frente começou a se desintegrar, transformando-se em cinzas. Amelia ficou ali, imóvel, encarando a frigideira em suas mãos, sem entender o que acabara de acontecer.
Foi então que a porta da frente se abriu, revelando sua mãe, molhada da chuva e carregando sacolas de supermercado. Ao avistar o sangue no chão e a expressão de pânico no rosto da filha, deixou as sacolas caírem.
– Amelia, o que aconteceu aqui? – perguntou, a voz trêmula.
Amelia abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Pela primeira vez em sua vida, ela estava sem resposta. Sua mãe percebeu isso imediatamente, e seu rosto se encheu de preocupação. Pegando a chave do carro, ela correu em direção à garagem, murmurando algo sobre "não ser seguro". Amelia, ainda atordoada, seguiu a mãe.
– Mãe, o que está acontecendo? Você está agindo como se estivéssemos em um dos seus livros. Isso é sério?
A mulher parou e se virou para a filha, os olhos cheios de algo que Amelia não reconhecia – medo.
– Amelia, escute. Sabe todas aquelas histórias que eu te contava? As histórias de heróis, monstros, deuses? Elas são reais. Tudo isso é real. E agora eles sabem quem você é.
Amelia tentou rir, mas sua voz saiu vacilante.
– Você está brincando, certo? Isso é impossível. Nada disso existe. Eu acabei de matar... seja lá o que for aquilo... com uma frigideira, mãe. Você quer que eu acredite nisso?
– Sim! E é exatamente por isso que precisamos ir agora. Eles não vão parar. Os monstros sempre voltam.
– Monstros? Mãe, isso é loucura. Eu não vou a lugar nenhum até você me explicar o que está acontecendo.
Antes que a mãe pudesse responder, um rugido baixo, quase animal, ecoou do lado de fora da casa. Amelia sentiu os pelos do braço se arrepiarem, e o ar ficou mais frio. Quando se aproximou da janela, viu algo que fez seu coração quase parar.
Dois vultos enormes, com olhos brilhantes e garras afiadas, estavam no quintal. Suas formas eram grotescas, misturando humano e fera, como se tivessem saído diretamente de um pesadelo.
– Eles chegaram... – murmurou sua mãe, a voz carregada de desespero.
Sem dar mais explicações, a mulher puxou Amelia para o carro, jogando-a no banco do passageiro antes de acelerar pela garagem, as criaturas já arremessando seus corpos contra o veículo.
– Mãe, o que são essas coisas? – gritou Amelia, agarrando-se ao cinto de segurança.
– Seres que você nunca deveria ter conhecido. Você precisa chegar ao Acampamento Meio-Sangue. Lá, você estará segura.
– Acampamento o quê? E o que isso tem a ver comigo?
A mãe respirou fundo, os olhos fixos na estrada enquanto os monstros ainda perseguiam o carro.
– Amelia, você é filha de um deus. E agora eles sabem.
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oi gente, tudo bem?? minha primeira história 🥹
não sei como estou indo, por isso preciso muito da opinião de vocês!! muito obrigada por lerem🖤
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Entre Deuses e Sombras - LUKE CASTELLAN
FanficA história reflete a jornada de Amelia, dividida entre o mundo divino que descobre ser parte de sua origem e os desafios sombrios que enfrenta, tanto internos quanto externos. Sua relação tumultuada com Luke Castellan adiciona mais camadas à narrati...