DOIS

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Meus olhos estão grandes sobre meu rosto, não consigo olhar para mais nada em minha frente, apenas a formosura da árvore que fica a cada passo que eu dou em sua direção mais perto de mim, sentindo sobre o meu nariz o aroma entrar devagar, adentrando sobre as minhas narinas e indo em direção rápida e eficaz sobre o meu cérebro, fazendo-o entender o tamanho gosto que está sobre aqueles frutos, desejando-os a cada segundo que meus olhos os fitam, vendo a sua cor e protuberância sobre os ramos.

O vento sopra mais forte sobre mim, revelando mais uma vez e de uma certa forma um pouco mais forte o aroma que vem em minha direção, deixando-me completamente hipnotizado com o sabor que pode ser completamente degustado por mim, basta que eu chegue perto e fique cada centímetro que eu possa estar próximo daqueles frutos, e minhas mãos toquem sobre a sua forma azul e deliciosa e morda lentamente sentindo apenas o seu sabor sobre a minha boca, prometendo para mim um sabor interessante e inebriante.

É apenas um simples fruto, não consigo entender o alarde extremo sobre ela, uma simples árvore que é completamente diferente de tudo que já vi, uma árvore de belos troncos brancos como a prata, que reluz sobre a luz intensa do sol nesse momento, como se ao seu redor fosse apenas o palco e o reflexo do sol, os feixes intensos de luz ficassem apenas em cima dessa árvore, revelando um espetáculo intenso de cores e perfeita harmonia em seu balançar e som.

Suas folhas azuis me chamam a atenção. Mas logo abaixo delas estão os frutos com uma cor completamente linda. Um verde-água sobre a parte inferior do fruto, dando lugar para a parte superior um azul claro.

Como algo completamente lindo desse jeito e que aparenta ser tão delicioso faz um mau tão terrível? Não consigo entender, o jeito sério em que o Rei Ingvar fez o decreto faz parecer que é algo completamente mortal só de olhar, como se fosse uma fera louca de fome, querendo apenas uma brecha para matar todos que ousarem a comer do seu furto e depois beber loucamente do sangue de qualquer criatura, de humano até de um simples feérico.

As criaturas desse mundo são completamente mortais, mas essa árvore que  nem ao menos faz nada...

Não é mortal...

Não parece ser.

Rapidamente sobre outra lufada de vento o aroma é seguido por sussurros interessantes, dizendo coisas que não consigo ouvir ao certo, estão sussurrando rápido demais, e me deixando com um medo que percorre todo o meu corpo. Sussurros como de muitas vozes que não consigo entender rapidamente. Até que eles ficam mais aptos para que eu possa ouvir.

“Venha Kalel, venha!”

Meu coração acelera ao ouvir o meu nome sobre os sussurros que vem sobre o vento do aroma, meus olhos ficam completamente grandes de espanto, minha voz some sobre os sussurros que ficam cada vez mais forte, chamando-me para que eu possa ir mais e mais perto da árvore, para degustar enfim e sem nenhuma demora de seus frutos.

“Certamente nada lhe acontecerá Kalel, apenas deguste dos frutos dessa árvore majestosa, são frutos grandiosos e deliciosos, não lhe faram mal algum.”

Dou mais um passo ao ouvir um
sussurro fino e elegante como de uma mulher em meus ouvidos, meus olhos brilham de pura avidez ao ser cada vez mais puxado por cada fibra daquele perfeito fruto. As vozes me puxam cada vez mais, me puxando com uma corda invisível, enquanto eu vou sem nenhuma hesitação.

“Aquelas coisas que ouvistes ao meu respeito são coisas mentirosas, sou uma árvore grandiosa diferente das outras, mas meus frutos não são para a morte, são para um desejo saboroso.”

Continuo a andar sem me importar com o que pode acontecer, um fruto como esse não pode em nenhum momento...

As palavras do Rei Ingvar ecoam sobre a minha mente. Sua voz potente como o trovão bate em meu cérebro fazendo-me lembrar do seu decreto e de uma palavra que martela loucamente em minha cabeça nesse exato momento.
Rapidamente me viro. E começo a me afastar da árvore.

Eu não posso ficar aqui, eu não posso em nenhum momento sentir o sabor desse fruto, o Rei disse que era para o nosso bem e que devíamos obedecer às suas palavras, pois ao comer daquele fruto certamente iremos morrer, eu não devo nem ao menos testar para isso, se isso já aconteceu com tantas pessoas...

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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