Valerie Van Helsing nasceu destinada a desafiar seu próprio sangue. Filha da ilustre e cruel linhagem Van Helsing, cuja missão é proteger o reino de criaturas das trevas, ela carrega em si o desejo de provar seu valor. Mas, em uma família onde o leg...
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As enormes portas de carvalho rangem horrívelmente enquanto se fechavam atrás delas, deixando Valerie e suas irmãs sozinhas no corredor extenso. As paredes da fortaleza eram feitas de pedra bruta, candelabros de ouro iluminando o caminho, as paredes cobertas de pinturas e tapeçarias das conquistas de seus ancestrais, atos de coragem, cada uma contando uma história diferente.
— Vamos Mallory. — Miranda passou um braço em volta dos ombros da mais nova, que estava encolhida, parecendo tentar desaparecer no lugar em que estava.
— Valerie! Venha comigo. — O olhar de sua irmã a perfurou. — Não pense que você pode escapar disso. — Ela estreitou os olhos antes de seguir em frente junto de Mallory, a pequena ruiva se aconchegando em seus braços.
As três irmãs seguiram pelo corredor em silêncio, enquanto servos passavam por elas, se curvando, e continuando com seus afazeres. A fortaleza dos Van Helsing estava mais agitada do que o comum, com a vinda de tantos nobres para a cerimônia, o castelo estava borbulhando de vida.
Não demorou muito para que as irmãs chegassem ao quarto de Miranda. Valerie suspirou relutante antes de adentrar o quarto de sua irmã.
O quarto de Miranda também era feito da mesma pedra bruta, e feia que o resto da fortaleza, mas com detalhes em ouro muito mais à mostra, e ao contrário das tapeçarias históricas que cobriam os corredores do lado de fora do quarto, que contavam sobre lutas travadas com criaturas bestiais que causariam terror até no mais corajoso dos homens, as tapeçarias no quarto de sua irmã eram delicadas, bordadas com flores, e pássaros em fios dourados. Valerie tinha certeza que esses bordados foram feitos pela própria Miranda.
O quarto era espaçoso, e Valerie não demorou em se jogar em um dos sofás, agarrando uma das muitas almofadas, e a apertando contra o peito. De canto de olho, ela observou Mallory conversando com algum criado na porta do quarto, pedindo por algo pelo que parecia.
A sua frente estava Miranda, sentada com uma postura perfeita, em toda sua graça digna de uma lady da mais alta corte, porém o olhar que ela a enviava quisesse dizer muito sobre o que logo viria.
— Eu já sei, ok? Não preciso de suas repreensões, Miranda.
— Você diz isso mas o seu comportamento nunca muda, Valerie!! Você sabe que não deve enfrentar diretamente o nosso pai! Ele não teve piedade de nossa mãe, e muito menos terá de você! — Ela se levantou, seu rosto vermelho de raiva enquanto gesticulava. — Eu entendo! Entendo mesmo, o porque você o odiar.. Mas você tem que pens..
— Não seja hipócrita, Miranda! Eu sei que você o odeia tanto quanto eu!!
Antes que a Noirette pudesse replicar uma resposta, um soluço alto quebrou a tensão no quarto. Ambas as irmãs olharam para a fonte do som; E lá estava ela, Mallory que soluçava, fazendo seus ombros estremeciam violentamente, seus olhos de corça cheios de lágrimas que escorriam por todo seu rosto delicado.
— Vocês não podem brigar! O papai ficará ainda mais decepcionado se brigarmos!! — A ruiva explicou enquanto tentava secar desesperadamente as lágrimas grossas com os pulsos finos.
Valerie se sentiu mal do estômago só de ver sua pequena irmã chorar. Ela engoliu em seco, tentando reunir palavras para consolar a mais novas das três irmãs. A boca da loira abria, e fechava com frases não ditas, logo descartadas, felizmente Miranda foi mais rápida em se livrar do choque de ver a explosão de sua irmã mais nova.
— Está tudo bem, Mallory, não vamos mais brigar, ok? — Miranda se aproximou da ruiva, passando os braços em volta dos ombros delicados da menina. — Você não precisa mais chorar.
Antes que Valerie pudesse se aproximar de sua irmã para conforta-lá, o som de batidas consecutivas na porta foi ouvida, antes que uma voz feminina soasse abafada por de trás da porta.
— Senhoritas? Eu trouxe o chá que as senhoritas pediram.
— Pode entrar. — A Voz doce da ruiva parecia quebrada.
Valerie observou a criada entrar, e depositar a bandeja com o chá e os lanches na mesinha no centro do quarto, enquanto Miranda guiava Mallory para se sentar junto à ela no sofá acolchoado de veludo que a mesma ocupava alguns segundos atrás, antes da discussão aumentar.
Antes que a criada saísse, ela deu uma boa olhada no rosto de Mallory, observando o rosto inchado, e o rastro de lágrimas que restou de sua pequena recaída.
— Tsc. — A loira pigarrou irritada, se colocando entre a serva, e as irmãs, escondendo-as atrás de si. — Obrigada pelo chá, você já pode se retirar!
A mulher estremeceu com o comando da jovem e se curvou rapidamente, pedindo desculpas e saindo do quarto.
— Velha fofoqueira..
Atrás dela ela pode escutar um barulho de engasgo, o que provocou um sorriso travesso no rosto da loira. Ela se virou para as duas garotas sentadas no sofá, e caminhou em direção ao seu próprio assento. Um silêncio se instalou na sala e no tempo em que se passou, elas conscientemente ignoraram o clima incômodo que se seguiu.
Miranda tossiu desconfortável, mexendo uma xícara de chá; Ela franziu as sobrancelhas finas antes de dizer.
— Você sabe que eu me preocupo com você, não sabe, Valerie? — Miranda a olhou diretamente, uma tristeza disfarçada espreitava os olhos azuis oceano de sua irmã. Isso fez um sentimento de vergonha tomar conta do peito da loira pela discussão mesquinha que tiveram.
— Eu me importo com vocês duas. — A de cabelos pretos agarrou a mão de Mallory, que comia silenciosamente um dos lanches que a criada trouxe. — E eu sei que nosso pai não terá piedade se falharmos, se descobrirem sobre mim..
Valerie sentiu seu corpo enrijecer com isso, os olhos disparando para a irmã. — Eles não descobrirão nada! E eu não vou deixar nada acontecer com vocês!! — A loira disse confiante.
Miranda sorriu com isso, os olhos gentis direcionados a ela do jeito que só a Noirette sabia fazer.
— Vocês não precisam se preocuparem irmãs! Deus nos protegerá! — A ruiva disse, um brilho nos olhos que surgia sempre que podia falar sobre os deuses.
— É claro.. — Miranda soltou uma risada sem graça enquanto olhava sua irmã. Já Valerie não teve essas ressalvas, deixando suas gargalhadas se espalharem pelo quarto.
O clima no quarto alivia, deixando a conversa das três irmãs fluir normalmente. A luz do entardecer passava por entre as enormes janelas, emergindo o quarto em tons de laranja. As três mulheres juntas pintavam um belo quadro, suas formas delicadas e pele branca como mármore faziam parecer quase etéreas em sua beleza.
