𝑭𝗿𝗮𝗴𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼𝘀 𝗱𝗮 𝗟𝗶𝗯𝗲𝗿𝗱𝗮𝗱𝗲, 𝗅𝗂𝗓𝗄𝗈𝗈𝗄.

𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 Ⅲ

  A noite chegou, e com ela, a promessa de liberdade. Assim que voltei ao palácio, uma onda de adrenalina me invadiu. O festival de Dança da Primavera pulsava nas ruas da cidade, e eu mal podia esperar para sentir a energia vibrante daquele evento. A ideia de escapar, mesmo que por algumas horas, me parecia um sonho ao alcance das mãos. Era como se cada batida do meu coração sussurrasse que eu precisava estar lá, entre as pessoas que dançavam e riam sob as estrelas.

O plano estava em minha mente, meticulosamente elaborado em cada detalhe. Disfarçado de plebeu, com uma máscara que ocultava meu rosto e meu título, eu poderia me perder na multidão. Os pensamentos sobre aquela jovem loira me consumiam; sua imagem era uma chama ardente no meu peito. Eu não sabia seu nome, mas seu sorriso havia deixado uma marca indelével em minha alma.

Quando a noite finalmente se despregou do dia, o caminho até a cidade foi como um sonho. As luzes coloridas iluminavam as ruas e o aroma doce da comida flutuava no ar. Ao chegar ao festival, fui envolvido por uma atmosfera calorosa e vibrante. Músicos tocavam melodias suaves com violinos e flautas, criando um pano de fundo sonoro que dançava junto aos corpos em movimento.

Cada nota parecia tocar não apenas os ouvidos, mas também a essência do que eu era. Os tambores pulsavam como corações batendo em uníssono, enquanto os sons dos instrumentos se entrelaçavam numa sinfonia mágica. A brisa fresca da noite trazia consigo risadas e sussurros, e eu me sentia parte de algo maior do que eu mesmo.

Enquanto observava os grupos dançando em perfeita harmonia, meus olhos se fixaram no pequeno palco de madeira onde as apresentações estavam prestes a acontecer. E então ela apareceu: Lalisa. Quando ela subiu ao palco, o mundo ao meu redor desapareceu. A música começou a tocar ── uma melodia suave e hipnotizante que parecia flutuar no ar como um perfume delicado.

Os músicos eram talentosos: o som do violoncelo ressoava profundamente enquanto as notas da flauta pareciam dançar como pássaros em liberdade. O tambor marcava o tempo com um ritmo firme e pulsante que fazia meu coração acelerar. E então ela começou a dançar.

Lalisa movia-se com uma graça etérea, como se estivesse flutuando sobre o chão de madeira. Seus pés deslizavam suavemente enquanto ela girava e se curvava, cada movimento contando uma história que apenas eu parecia entender. O brilho nos seus olhos refletia a luz das estrelas acima e sua expressão era uma mistura de alegria pura e serenidade.

Eu estava hipnotizado ── cada passo dela era um convite para sonhar; cada volta era uma promessa de liberdade. As palmas das mãos se uniam em aplausos calorosos à sua performance encantadora, mas tudo o que eu conseguia fazer era observá-la com admiração profunda.

Depois da apresentação dela, minha vez chegou ── um momento que deveria ser emocionante, mas agora só trazia nervosismo à tona. Eu não havia preparado nada; a ideia de me apresentar ali era tão absurda quanto ousada. A máscara que usava criava um ar de mistério ao meu redor, mas também amplificava minha insegurança.

Quando subi ao palco sob os olhares curiosos da multidão, o mundo pareceu girar ao meu redor. A música começou a tocar novamente ── um ritmo animado e contagiante ── e eu hesitei por um momento antes de começar a me mover. Os passos surgiram desajeitados nos meus pés; tentei imitar algumas das danças que havia visto antes, mas tudo parecia tão distante do que realmente desejava expressar.

Os risos suaves ecoaram na multidão quando tentei encaixar meus movimentos embaraçados na melodia vibrante. “A máscara faz parte da minha apre” menti para disfarçar meu nervosismo quando alguém perguntou sobre meu disfarce.

Finalmente terminei minha dança sem saber exatamente como havia chegado até ali ── ofegante e ainda surpreso com o que acabara de fazer. Para minha surpresa, alguns aplausos ecoaram na multidão; pessoas sorrindo para mim com expressões encorajadoras enquanto eu deixava o palco ainda tremendo de nervosismo.

Conforme outras apresentações continuavam, tentei me misturar entre as pessoas ── mas meu coração estava longe dali; ele estava atrás daquela jovem encantadora chamada Lalisa. Olhei ao redor freneticamente em busca dela na multidão animada.

Mas não a encontrei.

Determinado a não deixar essa oportunidade escapar novamente, levantei-me e comecei a caminhar pela festa iluminada até encontrar um lago sereno nas proximidades. E lá estava ela ── observando a água refletir as estrelas acima enquanto segurava um copo de vinho delicadamente entre os dedos.

Meu coração deu um salto ao vê-la assim: tão próxima e ainda tão distante. O mundo parecia silenciar ao nosso redor enquanto eu tomava coragem para me aproximar dela mais uma vez. Lalisa estava absorta na beleza do lago, e a luz suave das estrelas refletia em seu rosto, realçando cada traço delicado.

A brisa fresca da noite acariciava meu rosto, e eu podia sentir a energia da festa pulsando ao longe, mas tudo isso parecia insignificante diante da presença dela. Era como se o tempo tivesse parado, e naquele momento, eu soubesse que precisava encontrar as palavras certas para expressar o que meu coração já havia declarado: eu estava encantado por ela.

A ansiedade misturava-se à expectativa enquanto eu respirava fundo, decidindo que era hora de dar o próximo passo. A música ainda ecoava ao fundo, mas nada se comparava à melodia que tocava dentro de mim ao vislumbrar aquele sorriso que havia me cativado desde o primeiro instante.

Prettytrizz, 2024.