Kael caminhou pelos corredores do quartel-general em silêncio, com passos pesados e uma mente cheia de perguntas. Havia algo em seu peito que ele não conseguia definir. Era um vazio profundo, como se estivesse se afastando não apenas dos outros, mas de si mesmo. Ao contrário dos sentimentos intensos de seus amigos, ele se sentia... desconectado, como se algo importante dentro dele estivesse adormecido ou perdido.
Ele sabia que todos estavam sofrendo com a perda de Thrain e que a dor de Lyra era real. Mas o que o incomodava era a própria incapacidade de sentir essa dor, de se importar da mesma forma. Era como se estivesse tentando se lembrar de algo que costumava ser, mas que agora era apenas uma sombra.
Em seu caminho, ele encontrou uma janela aberta e parou. A brisa fria da noite trouxe um pouco de alívio, e ele olhou para o céu escuro, buscando respostas que pareciam sempre escapá-lo.
“Por que não consigo sentir o mesmo que eles?” murmurou para si mesmo.
Ele lembrou das vezes que lutou ao lado de Thrain, das batalhas em que arriscaram suas vidas. Thrain foi um irmão de armas, alguém que merecia respeito. E mesmo assim... nada. A indiferença o deixava confuso e desconfiado de si mesmo.
De repente, ele ouviu passos atrás de si. Era Bjorn, que o observava com uma expressão serena, mas com uma preocupação velada.
“Kael, você está bem?” perguntou Bjorn, quebrando o silêncio.
Kael demorou um momento antes de responder. “Eu... não sei, Bjorn. Me sinto estranho. Como se não fizesse parte disso, como se não fosse... humano.”
Bjorn se aproximou e colocou uma mão firme no ombro dele. “Kael, todos lidamos com a dor de formas diferentes. Talvez você só precise de tempo para entender o que sente.”
Kael olhou para Bjorn, hesitando. “E se o que estou sentindo não for normal? E se eu realmente não me importar com nada disso?”
Bjorn balançou a cabeça. “Você se importa. Se não se importasse, não estaria lutando com esses pensamentos agora. Thrain era importante para todos nós, e a maneira como lidamos com a perda é... pessoal. Talvez você precise entender quem você é antes de sentir o que espera sentir.”
As palavras de Bjorn foram sinceras, e Kael sentiu uma pequena chama de compreensão. Talvez Bjorn tivesse razão. Ele ainda não sabia o que aquilo significava, mas talvez estivesse tudo bem em não ter todas as respostas agora.
Após um momento de silêncio, Bjorn deu um sorriso leve e sugeriu, “Que tal voltarmos? Todos vamos precisar de descanso para enfrentar o que vier amanhã.”
Kael assentiu lentamente e seguiu Bjorn de volta, sentindo que, talvez, não estivesse tão sozinho quanto pensava. Mesmo com o vazio, havia algo em sua jornada que ainda precisava ser descoberto. E, por ora, isso bastava.
Na manhã seguinte, o salão principal do castelo estava silencioso e solene, enquanto o rei discutia com seus conselheiros. Kael, Bjorn, Mushishi e Lyra aguardavam próximos ao trono, atentos à expressão séria do rei, que parecia pesar sobre eles a responsabilidade de uma nova missão.
"Mandamentos," começou o rei, a voz grave ecoando pelo salão. "O reino de Horoma nos procurou com uma preocupação urgente e séria. O rei de Horoma acredita que sua cidade está sob ameaça, especialmente agora, com o grande festival que se aproxima. E há suspeitas de que o perigo pode ser... de outro mundo."
Os quatro se entreolharam, tensos. A ideia de um possível ataque demoníaco não era algo a ser tratado de forma leviana.
"Majestade, o que exatamente nos espera em Horoma?" perguntou Mushishi, direto.
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Total Darkness - Primeira Temporada
FantasíaHistória típica de anime Essa história conta sobre dóis irmãos, um que carrega um poder divino e o outro que carrega uma maldição dentro de si