Capítulo Dois - Fomos descobertos

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Misüchi On

A luz da manhã entra pela janela, invadindo meu quarto sem pedir permissão. Está cedo, mas o peso no peito não me deixa voltar a dormir. Mais uma noite sem descanso. Mais uma manhã onde vou ter que encarar aqueles rostos perfeitos.

Levanto, arrastando os pés até o espelho. Meu reflexo me encara, com os olhos fundos de insônia e a expressão abatida de alguém que vive no limite.

"Você precisa ser mais forte", digo a mim mesma, repetindo o mantra como se isso fosse mudar alguma coisa. Mas a verdade? Eu me sinto vazia.

Depois de um banho rápido, visto minha roupa habitual: preta, discreta, nada que chame atenção. Desço as escadas, ouvindo os ruídos de vida começando na casa.

Na cozinha, Dinō está sentado com um sorriso malicioso, mexendo algo com as mãos. Ele percebe minha presença e levanta um pedaço de... argila?

— Bom dia, Misüchi. Quer experimentar? — Ele sorri. — É bom para explosões internas, sabe?

Reviro os olhos e ignoro, indo direto para a chaleira. Café é minha única necessidade.

Logo, Jashima entra na cozinha. Como sempre, ela está com o semblante sério, carregando seu pequeno livro negro. Deve ser algum tipo de ritual para Jashin. Ela nunca explica nada.

— Oração matinal? — pergunto, apenas para provocar.

Ela ergue uma sobrancelha, mas não responde. Sempre misteriosa, sempre reservada.

Imë aparece logo depois, com aquele sorriso gentil que ela insiste em distribuir a todos.

— Bom dia, Misüchi. Tudo bem? — pergunta com a voz calma.

"Por que ela tem que se importar?" penso, tentando ignorar.

— Estou bem — respondo de forma curta.

— Mesmo? Você parece cansada ultimamente...

— Estou bem, Imë! — repito, dessa vez com mais força. Ela me observa por um momento, talvez esperando mais, mas não insiste.

"Eu não preciso de pena", penso, enquanto termino meu café e saio da cozinha.

Misüchi off
Kimē On

Observo Misüchi de longe enquanto ela sai da cozinha. Algo está errado. Algo grande. Ela está diferente, mais amarga, mais fechada. Isso não é normal para ela.

Eu me lembro de quando cheguei aqui pela primeira vez. Misüchi foi a única a falar comigo sem julgamentos, sem comparar-me a Madara Uchiha. Ela foi gentil quando ninguém mais foi.

Agora, parece que ela construiu uma parede ao redor de si mesma. Preciso descobrir o que está acontecendo, mas forçá-la não vai funcionar. Vou esperar pelo momento certo.

Kimē off
Ashira On

Eu nunca gostei de tumulto, mas hoje não tive escolha. As coisas ficaram interessantes.

Recebi um pergaminho diretamente de Züna, que o encontrou durante sua patrulha. A mensagem tinha o selo da Vila Oculta da Folha.

“Todos para a sala principal!” gritei, sem paciência para explicações demoradas.

Um a um, todos apareceram. Misüchi, com a expressão apática de sempre. Kimē, impecável como sempre. Dinō, com seu ar debochado. Jashima, séria como uma estátua. Züna e Imë vieram logo depois.

Quando todos estavam reunidos, abri o pergaminho e li em voz alta:

> “Vocês foram encontrados. A Vila da Folha enviará uma equipe para investigar o orfanato. É um teste. Vocês terão a chance de mostrar que são mais do que a sombra de seus pais. Prove que são dignos de confiança.”

Assim que terminei, o silêncio dominou a sala.

Kimē, a primeira a falar, deu um passo à frente.

— Essa é a nossa chance de mostrar do que somos feitos. Não importa quem nossos pais eram, podemos ser diferentes.

Dinō riu alto, quebrando o clima.

— Fala isso quem sempre foi a queridinha. Vai ser interessante ver como você lida com a pressão, princesa.

Kimē ignorou a provocação, mas percebi seus punhos se fechando.

Misüchi, como de costume, permaneceu em silêncio. Eu me pergunto o que se passa na mente dela.

Jashima finalmente se pronunciou, com sua voz baixa e fria:

— Testes são armadilhas. Eles querem nos observar, encontrar fraquezas. Isso não é uma oportunidade. É uma ameaça.

— Exatamente, Jashima. — Züna concordou. — Eles não confiam em nós. Estamos aqui porque somos descartáveis para eles.

Imë tentou mediar:

— Talvez seja uma oportunidade para provar que somos diferentes. Podemos usar isso a nosso favor.

Todos começaram a discutir, suas vozes subindo, enchendo o ambiente com tensão.

Misüchi, ainda em silêncio, levantou-se e saiu sem dizer uma palavra.

Ashira off
Misüchi On

Saí da sala porque não aguentava mais ouvir as mesmas discussões de sempre. “Somos mais que nossos pais” ou “eles nunca vão confiar em nós”. Já sei como essa história termina.

Subo para o meu quarto, trancando a porta atrás de mim. Deixo meu corpo cair na cama, encarando o teto.

"Por que eu continuo aqui?"

A verdade é que não importa o que eu faça, sempre serei a filha de Orochimaru. A sombra dele é grande demais.

Ouço batidas na porta, mas ignoro. Não quero falar com ninguém agora.

Misüchi off
Kakashi On

— Senhor Hokage, os jounins selecionados estão prontos para a missão.

Aceno com a cabeça, lendo a lista de nomes. Shikamaru, Sai, Kiba e Hinata. É uma equipe equilibrada, mas não consigo evitar a sensação de que estamos nos metendo em algo maior do que imaginamos.

— Mantenham-se em comunicação constante — digo, entregando o pergaminho de missão a Shikamaru. — E sejam cuidadosos.

Ele apenas acena, com aquele ar preguiçoso, mas sei que ele entende a gravidade da situação.

Depois que eles saem, encosto-me na cadeira, tentando ignorar o monte de papelada na minha mesa.

A paz dura pouco.

— Kakashi-Sensei! — Naruto aparece, como sempre cheio de energia.

Suspiro, sabendo que meu dia acaba de ficar mais complicado.

— O que foi agora, Naruto?

— Eu acho que deveria ir nessa missão também.

— E por que você acha isso?

— Porque eu sou o herói da vila!

— E também o causador de mais problemas do que eu posso contar.

Naruto faz uma careta, mas antes que ele possa responder, sou salvo por outro jounin entrando na sala com uma atualização sobre a missão.

Kakashi off
Kimē On

Enquanto todos continuam discutindo, sinto uma preocupação crescente por Misüchi. Sei que algo a está consumindo, algo que ela não quer compartilhar.

Talvez o teste seja o empurrão que ela precisa. Talvez, só talvez, isso a ajude a encontrar algo dentro de si mesma.

E quanto a mim? Vou fazer o que sempre faço: liderar.

Não porque quero, mas porque sei que eles precisam de alguém que mantenha tudo em ordem.

Vou provar que somos mais do que as sombras dos nossos pais. E vou garantir que Misüchi também veja isso. Ela precisa ver isso.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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