Código Serafim

Capítulo 1: Fragmento De Silêncio

As ruas de Shibuya eram como um organismo vivo, pulsando com luzes e sons que nunca cessavam. Neon vibrante cobria as fachadas das lojas e se refletia no asfalto molhado, enquanto as conversas das multidões se misturavam ao barulho dos carros e ao eco distante dos anúncios em telões. A cidade parecia não conhecer o descanso, sempre em movimento, sempre acordada.

Entre os milhões que percorriam essas ruas, havia um jovem chamado Elijah Adkins. Para os olhos comuns, ele não passava de mais um adolescente entre tantos outros, mas quem realmente o conhecia sabia que Elijah era diferente. Desde pequeno, ele demonstrava um intelecto extraordinário, superando qualquer expectativa. Professores, colegas, até mesmo familiares o descreviam como um prodígio, alguém que enxergava o mundo de uma forma que os outros não conseguiam.

Nascido nos Estados Unidos, Elijah foi levado ao Japão ainda criança, após a separação de seus pais. O motivo do divórcio não era algo de que sua família gostasse de falar: um incidente violento e quase fatal envolvendo sua mãe. Por segurança, seu pai decidiu retornar à sua terra natal, levando o filho consigo para um novo começo.

A vida no Japão, embora cheia de desafios culturais, sempre foi confortável para Elijah. Seu pai era um general respeitado da polícia japonesa, conhecido tanto por sua disciplina quanto por sua influência. Essa estabilidade, somada ao apoio constante de seus avós, garantiu que Elijah tivesse acesso às melhores oportunidades. Ele estudava na escola mais renomada do país, um privilégio reservado a poucos, e usava sua inteligência para sempre se destacar.

No entanto, sua rotina não era apenas trabalho e estudo, Elijah dividia a casa com sua madrasta e sua meia-irmã mais nova, Riko Adkins Watanabe. Apesar da relação um pouco formal com a madrasta, ele e Riko compartilhavam uma convivência tranquila. Ele frequentemente a ajudava com as tarefas de casa, algo que fazia mais por hábito do que por obrigação.

Elijah também encontrava tempo para sair com seus amigos, mesmo que não fossem muitos. Ele possuía uma habilidade natural para se comunicar, o que o tornava popular entre os colegas, mas nem todos conseguiam se aproximar dele de verdade. Elijah tinha uma aura que misturava carisma e mistério, algo que fazia com que as pessoas quisessem estar ao seu lado, mesmo sem compreendê-lo totalmente.

Do lado de fora, Shibuya seguia seu ritmo incansável, com suas multidões caminhando sob o brilho eterno das luzes. Elijah, sentado à janela de seu quarto, observava tudo com um olhar tranquilo, mas atento. Ele adorava a energia da cidade, mas também sentia algo estranho nela, algo que não conseguia explicar. Como se, por trás do caos colorido e organizado, houvesse algo oculto, uma engrenagem quebrada em uma máquina aparentemente perfeita.

Shibuya nunca dormia. E talvez, Elijah também não pudesse.