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Near voltou a sua pilha de papéis, a expressão impassível de antes. Ruby, por outro lado, sentia uma estranha mistura de choque e... era o quê? Satisfação? Ela tentou se concentrar nos papéis que estava organizando, mas a imagem do beijo de Near – rápido, inesperado, e um pouco estranho – continuava na sua cabeça.
Ela deu um gole de café, tentando parecer normal. Normal. Como se um gênio excêntrico que resolveu casos de assassinato em massa não tivesse acabado de lhe dar um selinho. Normal.
"Okay. "
Ela pensou, ele provavelmente não faz isso com todo mundo. Isso a consolou um pouco. Talvez ele só estivesse sendo... Near. Uma versão peculiar de gentileza? Uma forma estranha de dizer obrigado pelo café?
Ela tentou se concentrar no trabalho, mas a cada poucos segundos a imagem do beijo voltava, acompanhada de uma leve sensação de calor no rosto. Preciso parar de pensar nisso, ela se disse. É só um beijo.
Mas não era só um beijo. Era um beijo de Near. E isso mudava tudo.
Ela respirou fundo, tentando controlar a onda de estranheza que a atingia. Preciso parar de superestimar a importância disso, ela pensou. É só Near sendo Near.
Mas, mesmo tentando se convencer disso, um sorriso escapou. Era um sorriso pequeno, quase imperceptível, mas estava lá. E, pela primeira vez naquele dia, Ruby sentiu que conseguia se concentrar no trabalho novamente. Ainda que uma pequena parte da sua mente continuasse a repetir: Near me beijou.
Ela sorriu novamente, um sorriso tão grande e bobo que quase a fez engasgar com o café.
" Isso é tão ridículo. "Ela pensou, mas não conseguia parar de sorrir.
" Eu estou completamente apaixonada por Near." . . .
Near observou Ruby por um tempo, a expressão impassível, mas seus olhos, frios e calculistas, não perdiam um único detalhe. Ele a analisava como um quebra-cabeça, procurando a peça que explicaria a anomalia do beijo. Finalmente, ele se levantou, a cadeira raspando contra o chão, um som que ecoou no silêncio do escritório como um anúncio de guerra.
- Você está me desconcentrando. - Declarou ele, sua voz calma, sem inflexões.
Ruby, sem entender, franziu a testa.
- Desconcentrando? Como assim? -
Near a olhou, um leve sorriso de canto de boca, quase imperceptível.
- É uma observação puramente lógica. Sua presença está criando uma variável imprevisível em meu processo de trabalho. Um desvio no padrão. -
- Você está falando sério? - Ruby perguntou, incrédula.
- Absolutamente. A eficiência é primordial. Sua proximidade física está comprometendo minha capacidade de análise. - Ele fez uma pausa, observando sua reação.
