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TAEHYUNG

Às vezes me perguntou se tudo isso é mesmo realidade. Faz uma semana que estou aqui na casa do Hoseok, uma semana que acordo com o café da manhã pronto, almoços cheios de risos – é engraçado ver ele alimentando o Hyunjin enquanto faz voizinha – e
jantares com o clima suave. Ele diz que é o mínimo que poderia fazer por mim e que eu merecia muito mais.

Durante esse período ele me "proibiu" de ir trabalhar na Heart Of Glass, insinuou que eu merecia uma folga, pelo menos até o final do mês. Não reclamei sobre isso, é bom passar a noite com meu filhote. Hoseok sai todas as noites, mas sempre volta em torno de uma da manhã, ele pode até achar que não, mas eu vejo quando ele entra no quarto e beija o alfinha. Isso estranhamente me conforta.

Nós não nos beijamos mais. Não sei se ele se arrependeu ou se quer me dar algum espaço, mas eu só queria sentir sua boca junto a minha mais uma vez.

Meu ômega choraminga quando ele fica próximo e tenho de controlar meus feromônios para não parecer um desesperado e pervertido.

É noite e Hyunjin dorme feito pedra depois de jantar e tomar um banho quentinho. Como de costume Hoseok já saiu, muito provável para a Heart Of Glass então eu fiquei na sala vendo TV.

A chuva caia lá fora sem parar e eu agradeço por estar com um teto sobre minha cabeça e longe das mãos pegajosas de Minho.




HOSEOK

Luzes neon se tornam mais frequentes à medida que eu dirigia pela cidade, o rádio ligado enquanto a melodia de Take my breath away ecoava suavemente.

Essa noite eu iria me encontrar com um amigo de Park Jimin, o ômega me disse que um conselheiro de defesa ômega seria útil levando em consideração minhas reais intenções.

Quando conversei com Jin hyung sobre o que eu gostaria de fazer ele apenas me pediu um pouco de tempo, dias ao menos, para que eu pudesse conversar com alguém para saber o que fazer quando Choi Minho estivesse morto.

Não que me importasse com a polícia, Jin hyung tem alguns deputados e militares nas mãos, então toda a parte burocrática posterior seria facilmente resolvida, além do que ninguém iria se importar realmente com a morte desse bastardo miserável. Só em pensar que aqueles patas imundas tocaram no meu ômega e no meu filhote sinto meu lobo rosnar irritado. Aperto o volante com força segurando o rosnando na garganta então enquanto estacionava em frente a um prédio residencial. Minha entrada já estava liberada então não houve nenhum problema para chegar ao andar designado.

— Seja bem vindo, Hoseok! — um Jimin sorridente abriu a porta — Venha, estamos todos aqui.

O segui até a sala de estar, como esperado meu hyung estava lá com o marido, assim como o irmão mais novo e um ômega que não conheço.

— Então Hoseok esse aqui é Jeon Jungkook, meu amigo do conselho ômega que te falei.

— Muito prazer. — eu disse.

— Igualmente Hoseok.

Por algum motivo o odor deste ômega me é familiar, mas seu rosto é completamente desconhecido por mim.

Yoongi e Namjoon se retiraram, alegando que não teriam o que acrescentar na discussão, além de que isso parecia ser um assunto particular.

— Então — começou Jin hyung para o ômega Hoseok — você já está ciente do que meu irmão pretendo fazer?

— Jimin me explicou superficialmente, mas sei o meu papel aqui. — ele se virou para mim

— Tem medo que o ômega que você gosta fique deprimido depois da morte do parceiro e que se recuse a se unir a você, correto?

— Direto.

— Tem alguns dias que ajudei um garoto, ele estava perdido e machucado, seu alfa parecia
ser desprezível e eu gostaria muito que ele tivesse alguém como você em sua vida, disposto a tudo por ele, mas também já conheci e ajudei outros que, por mais terrível que seja a situação que vivam, independente da dor que seu parceiro lhe causar o ômega vai
ficar ali. O que eu quero dizer é que não há uma resposta clara para sua pergunta. Sentimentos são inconstantes, o que lhe aconselho é tente se aproximar dele agora com o alfa ainda vivo e a marca ativa. Os sentimentos do lobo devem florescer com o tempo, então quando a marca for desfeita ele não irá sofrer tanto.

— Então… — cerrei os dentes — aquele desgraçado ainda vai ficar vivo? E se ele quiser alguma coisa do meu ômega ou filho?

— Infelizmente ele realmente tem direitos sobre os dois como se ambos fossem objetos.

— Então ele precisa sumir.

— Se você tem suas próprias respostas, por que estou aqui?

Apoiei meu rosto em minhas mãos olhando para o chão pelas frestas dos meus dedos.

— Quando ele sumir de vez, meu ômega pode mesmo ficar deprimido?

— Pode.

— Então ele o ama. — concluí.

— Talvez não e mesmo assim ele pode se deprimir. É mais uma questão biológica. Aquele corpo está acostumado a ser ligado a outro, pelo o que Jimin e Seokjin haviam me dito eles estão juntos a mais de um ano. Ao quebrar essa marca o corpo vai se sentir vazio, oco, por que já está condicionando a um alfa. Na verdade aquele alfa em específico, por pior que seja.

A cada palavra tudo ficava pior. Eu não quero meu Tae deprimido e triste por que eu matei aquele desgraçado. Muito menos quero que seu ômega fique ressentido comigo por ter tirado a vida de seu alfa.

Arg!

Referir a ele como alfa do Tae embrulha meu estômago.

Eu sou o alfa de Kim Taehyung.

— Independente da decisão que tomar esteja ciente que todas as consequências virão até você, sejam boas ou não.

A conversa continua por mais de uma hora, Jungkook falou sobre outros casos parecidos com o meu e como mais de noventa e cinco por cento teve um resultado agradável.

Era visível que os três ômegas tentavam me animar para que não deixasse nada disso me abalar, mas
estava difícil.

Sai da casa dos Park-Min por volta da meia noite.  O caminho foi mais curto por conta do horário, um fluxo consideravelmente menor de carros estava na rua e a chuva também havia dado trégua.

Cheguei em casa cedo, tudo silencioso como esperado, mas ao passar pela sala vi a TV ligada um corpinho encolhido em meio a uma coberta.

Cheguei mais perto para ver o
rostinho tão lindo e sereno. Desliguei a TV e tirei minha jaqueta, tirei o cobertor de cima e peguei Taehyung cuidado, logo ele se aninhou a mim. Subi as escadas devagar com os olhos atentos a qualquer movimento que meu pequeno fazia.

O deitei na cama ainda tendo meus olhos presos em suas feições. Me sentei ali na cama permitindo que meus dedos tocassem seus fios num carinho sutil. Me permiti assistir seu sono por mais alguns minutos então quando eu estava me levantando para sair eu senti dedos finos e mornos enroscados no meu pulso. Voltando minha atenção para o ômega vi aqueles lumes felinos abertos e brilhantes.

— Não vá. Fiquei. — foi o que sua voz rouquinha disse.

— Nunca negaria nada a você, amor.

Tirei meus sapatos e assim que deitei ao seu lado, mantendo uma distância respeitável entre nós, fui surpreendido por seus braços me contornando além de sua cabeça a curva do meu pescoço como se meu cheiro fosse tudo o que ele queria no momento.

O abracei forte mantendo-o colado a mim. Beijei sua testa, em resposta senti um selar demorado na minha mandíbula. Me virei ficando frente a frente com ele.

Se o pedido para que eu ficasse havia me pegado de surpresa, o próximo passo acabou com minhas estruturas. Meu garoto quebrou a distância entre nós dois ao me beijar. Não passou de um gesto suave, movimentos delicados, então voltou a se deitar.

Sem dizer nenhuma palavra pegou no sono e talvez essa fosse a resposta que eu ansiava.

Heart Of Glass  [VHOPE]Onde histórias criam vida. Descubra agora