The Silence That Devours

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Após 107 ciclos solares
Se passaram duas horas desde a chegada

O planeta foi reduzido a nada mais do que ruínas e fogo. O horizonte arde com o brilho de naves incendiadas, seus destroços caindo como pedras incandescentes na superfície rachada. O céu não é mais azul, mas uma cortina negra manchada de vermelho, como se o próprio universo estivesse sangrando.

"Protocolo de evacuação... concluído. Impossível localizar sobreviventes..." A voz da comandante Varyss soou distante, abafada pelos ecos de explosões. Sua voz estava calada, fria, mas o horror era palpável. Ela sabia. Todos sabiam. Aquilo não era uma guerra normal. Era um massacre sem fim.

Gritos. Não os de soldados, mas os daqueles que ainda estavam vivos. Ou, ao menos, que pareciam vivos. Em algum lugar entre a destruição e o silêncio, os gemidos de agonia e desespero cortavam o ar. O som de ossos quebrando ecoava por entre as ruínas. E os corpos... corpos em pedaços, dilacerados por explosões tão intensas que não restava mais o suficiente para um reconhecimento. A carne desfeita, os pedaços humanos esparramados por quilômetros.

- "Quantos mais, Varyss?" O Capitão Jorran, sua voz rouca e cheia de cansaço, cortou o silêncio. Ele já estava acostumado com a visão da morte, mas algo havia mudado. Havia algo em seus olhos, algo vazio, como se ele já não reconhecesse mais quem ele era.

- "Todos... todos já foram..." A comandante respondeu sem olhar, os olhos fixos em uma tela holográfica que mostrava a carnificina em tempo real. Não havia mais números, apenas a vastidão do terror. E no fundo, uma sensação estranha de que algo ainda estava ali. Algo os observando. Mas não havia tempo para isso. Não mais.

Os sons de combate eram abafados pelos gritos das vítimas. As naves desciam, os caças explodiam, e os soldados estavam desaparecendo um a um. Ninguém sabia o que estavam enfrentando. A tecnologia avançada e as armas de destruição em massa não haviam sido suficientes para conter a onda de desespero que os invadia. Era como se estivessem lutando contra fantasmas.

- "Capitão! Estamos... estamos sendo observados," Varyss murmurou, a voz trêmula. Ela sentiu, com a clareza de quem já havia vivido o suficiente, que algo estava prestes a acontecer. Algo além de toda a destruição que eles já haviam causado.

Mas as palavras mal deixaram sua boca, antes que o chão tremesse com a força de uma nova explosão. Dessa vez, não era apenas o planeta que estava ruindo. Era o próprio império. E ninguém sabia o que seria o próximo a cair.

O grito abafado de Jorran ecoou enquanto sua visão se escurecia, o sangue quente se espalhando pela areia vermelha do campo de batalha. E então, o silêncio tomou conta. Mas não um silêncio comum. Um silêncio denso. O silêncio de algo que ainda não havia sido revelado.

O silêncio era um peso insuportável. Não o tipo de silêncio que traz alívio, mas um vazio que parecia devorar tudo ao redor. O som das explosões distantes havia cessado, os gritos tinham se extinguido, e agora restava apenas o ruído abafado do vento carregando cinzas e o cheiro de carne queimada.

Varyss respirava com dificuldade, o visor do capacete trincado, um filete de sangue escorrendo por seu rosto pálido. Ela olhou ao redor, mas não havia mais ninguém. Os corpos despedaçados estavam espalhados como lixo, fragmentos de membros, crânios esmagados, e vísceras penduradas nos destroços retorcidos das naves caídas.

- "Capitão?" Ela tentou chamar, a voz baixa, rouca, mas sabia que não haveria resposta. Ele também se fora.

Ela cambaleou até um pedaço de metal cravado no solo, usando-o como apoio, enquanto os alarmes silenciosos do traje piscavam em vermelho: Oxigênio em nível crítico. Sistema de suporte danificado.

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