Destinos Cruzados||João Félix

Destinos Cruzados

No dia seguinte,S/n acordou com a sensação de que ainda estava a sonhar.
Enquanto via as fotos que tinha tirado no dia de ontem,a sua mente continuava a pensar no encontro com o João Félix.
Era estranho como alguém que ela conhecia apenas de longe,por manchetes e jogos,agora parecia tão humano,tão próximo.

Ela balançou a cabeça,afastando os pensamentos.
Não fazia sentido alimentar expectativas,provavelmente ele já tinha esquecido o encontro,ocupado com a vida agitada que as estrelas do futebol levam.
Por isso,decidiu focar no seu plano para o dia de hoje,explorar a famosa Rua Augusta,com o seu imponente Arco e o charmoso movimento de turistas e moradores.

A rua estava cheia como sempre,com artistas de rua,cafés lotados e o calor do sol banhando os edifícios cobertos de azul.
S/n parou em frente a uma loja pequena,especializada em souvenirs feitos à mão.
O exterior era decorado com flores penduradas e um letreiro rústico que dizia:"Azulejos com História"

Curiosa,ela entrou na loja,encantada com os detalhes de cada peça.
Um azulejo em particular chamou a sua atenção —azul e branco,com uma ilustração delicada de um miradouro com vista para o rio Tejo.

—Bonito,não é?

A voz masculina às suas costas fez com que ela desse um pequeno pulo.
Ela virou se rapidamente e,para sua surpresa,encontrou o João Félix ali,segurando uma pequena caixa com algo que parecia um presente.

—Estás me a seguir?  —perguntou ela,meio a brincar meio incrédula.

Ele riu,balançando a cabeça.

—Acho que quem me está a seguir é o destino.

S/n não pôde deixar de rir com a resposta,mesmo que o seu coração estivesse a bater um pouco mais rápido do que gostaria.

—O que estás aqui a fazer? —perguntou ela,tentando soar casual.

—Gosto deste lugar. Tem algo especial. —ele apontou para a caixa que tinha nas suas mãos. —Venho sempre aqui quando preciso de comprar presentes para pessoas importantes.

Ela ergueu uma sobrancelha,intrigada.

—E quem é a pessoa importante desta vez?

João sorriu,mas não respondeu diretamente.

—E você? Encontraste algo interessante?

S/n apontou para o azulejo que tinha gostado.

—Esse aqui. É simples,mas bonito. Acho que representa bem o que estou a sentir sobre Lisboa

Ele olhou para o azulejo,pensativo.

—É perfeito,acho que devias levar este.

Ela pegou no azulejo com cuidado,admirando os detalhes mais uma vez.

-Talvez eu leve esse azulejo sim

Eles os dois saíram da loja juntos,e o João,para a surpresa de S/n,parecia não ter pressa para ir embora.
Os dois começaram a caminhar pela Rua Augusta,a conversar como se fossem velhos amigos.
Ela contou sobre as suas aventuras fotográficas,as descobertas nos becos de Alfama e a maneira como Lisboa parecia ter um charme único em cada esquina.

—Tu és diferente —comentou ele,depois de um tempo.

—Diferente como? —perguntou ela,um pouco desconfiada.

—Diferente de todas as pessoas que eu conheço. É refrescante falar com alguém que não está tentando impressionar ou pedir algo.

S/n riu.

—Acho que estou a ser eu mesma. Não é sempre que se conhece um jogador de futebol famoso enquanto se compra azulejos.

Ele sorriu,mas havia algo diferente no seu olhar desta vez.

—Às vezes gostaria de ser apenas João,sabes? Esquecer esta coisa de ser famoso.

Ela ficou em silêncio por um momento,percebendo a sinceridade nas palavras dele.

—Acho que toda a gente quer fugir de quem é de vez em quando.

O João olhou para ela com curiosidade.

—E tu? Do que gostavas de fugir?

A pergunta pegou-a desprevenida.

—Talvez...do peso de saber sempre o que tenho que fazer.
De ter que decidir o próximo passo.
Às vezes,queria só deixar as coisas acontecerem.

Ele assentiu,como se entendesse exatamente o que ela estava a dizer.

Os dois continuaram a andar até chegarem à Praça do Comércio.
O rio Tejo brilhava sob o sol da tarde,e os barcos ao longe criavam um cenário quase cinematográfico.
S/n tirou a câmera da bolsa e começou a fotografar,capturando aquele momento.

O João observava-a em silêncio,como se estivesse a ver algo único.

—Tu tens talento —comentou ele,quebrando o silêncio.

—Acho que ainda estou a aprender —respondeu ela,sem tirar os olhos da câmera.

—Então continua. Tu vês o mundo de uma maneira diferente.

Aquela frase ficou na mente dela por um tempo. Era raro ouvir elogios tão genuínos especialmente de alguém como ele.

Depois de alguns minutos,o João olhou para o relógio.

—Preciso de ir. —disse ele,com um tom de leve desapontamento.

S/n sentiu uma pontada de tristeza,mas tentou não demonstrar.

—Foi bom voltar a ver te.

—Foi mesmo. —respondeu ele,com um sorriso que parecia carregar algo mais. Antes de ir,ele hesitou. —S/n amanhã vai haver um evento no Parque Eduardo VII. Um festival com música e comida típica,devias aparecer lá.

Ela sorriu,surpresa com o convite dele.

—Talvez eu apareça lá.

João acenou e desapareceu entre a multidão,deixando a S/n com a câmera na mão e a mente cheia de pensamentos.

Enquanto observava o pôr do sol tingindo o céu de dourado,ela percebeu que,de alguma forma aquele encontro tinha mudado algo dentro dela. E,pela primeira vez em muito tempo,ela decidiu que deixaria as coisas simplesmente acontecerem.