Destinos Cruzados||João Félix

O Encontro Inesperado

O som das ondas a partirem se suavemente na praia ecoava ao longe,enquanto o sol dourado pintava o horizonte com tons laranja e rosa.
Era mais um fim de tarde em Lisboa,e S/n caminhava pelas ruas estreitas e encantadoras de Alfama,segurando a sua câmera com as duas mãos.
Fotografar era a sua grande paixão,uma maneira de eternizar momentos que,de outra forma,se perderiam no tempo.

Era a sua última semana em Portugal antes de voltar para casa,e ela queria aproveitar cada segundo.
Por isso,decidiu explorar o máximo possível da cidade.
Entre os azulejos coloridos,o cheiro de sardinhas grelhadas que vinha dos restaurantes,e a música do fado que parecia emanar de cada esquina,S/n sentia que estava a viver um sonho.

Ela subiu uma ladeira que a levava ao miradouro mais famoso da região,o Miradouro da Senhora do Monte.
O sol estava quase a pôr se,e o lugar já estava a começar a ficar cheio de turistas e locais,à procura do melhor ângulo para admirar Lisboa do alto.
Ajustando a sua câmera,S/n procurava o enquadramento perfeito,tentando capturar a magia daquele instante.

Foi então que,ao se virar para ajustar a lente,esbarrou em alguém.

—Ai,desculpa! —disse rapidamente,tentando equilibrar a câmera para que ela não caísse.

—Tudo bem,não foi nada! —respondeu uma voz masculina com um sotaque português característico.

S/n levantou o olhar,pronta para se desculpar novamente,mas congelou ao perceber quem estava na sua frente.

Era João Félix.

Era o mesmo João Félix que ela tinha visto várias vezes nas notícias e nos jogos.
Ele era ainda mais bonito pessoalmente,com o cabelo desajeitado,aqueles olhos castanhos intensos e aquele sorriso fácil que parecia iluminar qualquer ambiente.

Por um momento,S/n ficou sem palavras,era impossível não reconhecer aquele rosto.

—Estás bem?? —ele perguntou,inclinando ligeiramente a cabeça,como se estivesse preocupado com o estado dela.

—Sim,sim eu...só não esperava encontrar alguém como tu aqui —respondeu,ainda tentando processar o que estava a acontecer.

Ele riu. Não a risada contida e polida que se espera de alguém acostumado aos holofotes,mas uma risada genuína,despreocupada.

—Alguém como eu?? —repetiu,cruzando os braços com um leve sorriso de curiosidade.

—Quero dizer,alguém famoso —explicou S/n,sentindo as bochechas a corarem.

—Ah,acho que todos merecemos um pôr do sol em paz,não é? —respondeu ele,com simplicidade.

João parecia mais relaxado do que ela imaginava.
Talvez fosse o charme de Lisboa,ou talvez ele estivesse a tentar escapar da agitação de ser uma figura.

Por algum motivo,ele ficou curioso sobre ela.
Talvez fosse a maneira como S/n segurava a câmera,como se estivesse a tentar capturar algo além do óbvio.

—És fotógrafa? —perguntou,apontando para o equipamento que estava na mão de S/n.

—Mais ou menos. Não profissional,mas amo fotografar —respondeu ela,tentando soar casual.

João sorriu novamente,e havia algo na maneira como ele olhava para ela que a fez sentir como se estivesse sendo vista de verdade.

—Deixas me ver as fotos que tiraste? —ele pediu,surpreendendo-a.

—Ah,não sei... —disse,hesitante.
—Nao são nada demais

—Aposto que são.

Sem querer parecer rude,S/n entregou a câmera.
João começou a folhear as fotos com atenção,parando numa imagem de uma senhora sentada à porta de sua casa,com um gato ao lado.

—Essa é incrível —comentou ele,erguendo os olhos para ela. —Tu tens um jeito de capturar a essência das coisas.

S/n sorriu,surpresa com o elogio.

Obrigada. É isso que eu tento fazer.

Os dois continuaram a conversar por mais alguns minutos,enquanto o sol finalmente se escondia no horizonte.
João parecia genuinamente interessado em saber mais sobre ela —de onde era,por que estava em Lisboa,o que gostava de fazer. Ele não tinha pressa,S/n percebeu que estava relaxando perto dele,como se já o conhecesse há anos.

Quando o céu começou a escurecer,João olhou para o relógio e suspirou.

—Acho que vou ter que ir. Prometi que encontraria uns amigos,mas foi bom falar contigo S/n.

Ela piscou,surpresa.

—Eu não disse o meu nome.

Ele deu um sorriso travesso.

—Disseste sim,quando esbarraste em mim e olha que tenho uma boa memória.

S/n riu,mesmo que não tivesse certeza se ele estava a dizer a verdade ou não. Antes de ir embora,João hesitou por um momento,como se quisesse dizer algo.

—Vais ficar por Lisboa por mais quanto tempo?

—Mais alguns dias,por quê?

—Talvez esbarres em mim outra vez —disse ele,com um brilho nos olhos,antes de acenar e desaparecer na multidão.

S/n ficou parada ali por alguns minutos a olhar para o lugar onde ele desapareceu. Não sabia explicar,mas havia algo naquele encontro que parecia especial.

Com a câmera nas mãos e o coração um pouco mais acelerado do que gostaria de admitir,S/n voltou para o hotel,sem imaginar que aquele era apenas o começo de algo que mudaria a sua vida para sempre.