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Pov: Caitlyn

O sol já estava se pondo quando Caitlyn chegou no endereço enviado por Vi por mensagem de texto. Ao final de uma escura viela do subúrbio, havia uma lanchonete, iluminada por pequenas luzes coloridas. Do ponto em que estava, conseguia ler os escritos da placa fixada, "Toca da Podridão". Seu estômago revirou só de pensar no tipo de comida que era servida ali. Num momento de distração, a azulada é pega de surpresa por uma sombra conhecida.

— E aí, Kiramman. - Era Vi.

— Só atrasou um minuto. Bela evolução.

— Obrigada por reconhecer meus esforços. - A de cabelo rosado abre a porta enferrujada que dava acesso ao local. Caitlyn reprime os pensamentos que a visão do braço musculoso de Vi a causaram. — Primeiro a dama.

Caitlyn olhou desconfortável para o ambiente, mas tentou se concentrar. A lanchonete estava mais vazia do que ela esperava, o que ajudava um pouco a aliviar a tensão, mas não diminuía o cheiro denso de gordura no ar.

Vi se sentou em uma das mesas perto do balcão. A rosada estava visivelmente mais relaxada do que Caitlyn, que ainda parecia incomodada com o lugar.

— Não é tão ruim assim. - Vi deu um sorriso travesso, percebendo o desconforto da azulada. — Ninguém vai te atacar aqui.

— Eu sei. Só... - Ela deu um breve olhar para a lanchonete, tentando desviar a atenção para algo mais relevante. — Sinto que não sou exatamente bem vinda aqui. - Caitlyn podia sentir os olhares carregados de julgamento dos poucos que estavam no local.

— A subferia não é uma selva, princesinha. Você vai se acostumar. - Vi sinaliza para o barman, desejando pedir uma bebida.

— Vamos logo com isso. Eu não tenho muito tempo. - Caitlyn disse, tentando focar no trabalho, sem dar espaço para distrações. Ela sabia que não tinha escolha, mas preferiria mil vezes estar em qualquer outro lugar. Seu lugar, com seus compromissos, seus planos e tudo o que a fazia se sentir no controle.

Vi deu de ombros, apoiando os cotovelos na mesa e inclinando-se para frente, exibindo aquele sorriso presunçoso que já começava a deixar Caitlyn levemente irritada.

— Tudo bem, trabalho então. - Vi disse, mas seus olhos brilhavam com uma certa provocação. — "Amor: ilusão ou esperança?". Por onde quer começar, Kiramman?

— Caitlyn. Meu nome é Caitlyn. - A azulada respondeu com firmeza, ajustando a postura enquanto tirava o caderno de anotações da bolsa. — Acho que deveríamos discutir primeiro os aspectos psicológicos do amor e como ele afeta as pessoas de maneira geral.

Vi inclinou a cabeça, arqueando uma sobrancelha.

— Aspectos psicológicos? Tá, eu pensei que ia ser mais direto. Tipo, se o amor é uma perda de tempo ou se vale a pena, sabe?

Caitlyn suspirou, já sentindo a conversa descarrilar.

— Essa é uma visão simplista demais. O amor é... complexo.

— Ah, então você é do time "esperança"? - Vi provocou, apoiando o queixo em uma das mãos enquanto a observava.

— Eu... não escolhi um lado ainda. - Caitlyn rebateu, franzindo o cenho. — E você?

Vi sorriu, mas desta vez havia algo genuíno em sua expressão.

— Ilusão, claro. - Ela respondeu com naturalidade, balançando a cabeça. — Mas às vezes uma ilusão boa o suficiente 'pra valer a pena.

Caitlyn piscou, surpresa pela resposta. Não esperava que Vi fosse tão direta, nem que houvesse um tom tão honesto em suas palavras.

— Então você acredita no amor, mesmo que o veja como ilusão?

Vi deu de ombros, mas desviou o olhar pela primeira vez, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.

— Acho que o problema não é o amor, mas as expectativas que as pessoas colocam nele.

Houve um breve silêncio entre as duas, enquanto Caitlyn tentava processar aquela resposta inesperadamente reflexiva. Contra sua vontade, começou a ver Vi sob uma nova luz.

— Interessante. - Caitlyn finalmente disse, anotando algo no caderno. — Mas não podemos ignorar os fatores sociais que moldam essas expectativas.

— Olha só, você leva isso a sério mesmo. Que doce. - Vi riu suavemente, relaxando na cadeira. — Tudo bem, Cupcake. Vamos fazer do seu jeito.

Caitlyn sentiu um leve rubor subir em seu rosto, mas rapidamente se recompôs, decidida a manter o controle da situação.

— Não me chame assim.

— Sem promessas. - Vi respondeu, com um sorriso que, por mais irritante que fosse, começava a ganhar um espaço perigoso na mente de Caitlyn.

Vi inclinou-se para trás na cadeira, cruzando os braços enquanto observava Caitlyn rabiscar em seu caderno.

— Tá, você é bem organizada, eu admito. - Disse, quebrando o silêncio que pairava entre elas. — Mas sabe que organização demais às vezes tira a graça das coisas, né?

— Graça? - Caitlyn ergueu os olhos, ajustando a postura. — Estamos falando de um tema sério. Não é algo que se trate com... graça.

Vi sorriu de lado, balançando a cabeça levemente.

— Claro, Cupcake. - Ela provocou de novo, mas o tom era mais brincalhão do que sarcástico desta vez.

Caitlyn suspirou e pousou a caneta sobre o caderno, aproveitando o momento para checar o celular. Sua expressão mudou rapidamente quando viu o visor: três chamadas perdidas de "Mãe".

Vi percebeu o súbito desconforto no rosto da azulada.

— Tudo bem aí?

— Sim. - Caitlyn respondeu, guardando o celular apressada, como se o simples fato de vê-lo a deixasse mais ansiosa. — Preciso ir.

— Já? - Vi arqueou uma sobrancelha, intrigada. — Achei que a Princesa Kiramman fosse dedicada aos trabalhos escolares.

Caitlyn lançou um olhar sério para Vi, mas havia algo mais ali, uma pontada de vulnerabilidade que ela não conseguiu esconder.

— Não é tão simples... você não entenderia.

Vi inclinou a cabeça, cruzando os braços com uma expressão pensativa.

— Acho que você ficaria surpresa com o que eu entendo.

Caitlyn hesitou por um momento, pegando o caderno e enfiando-o na bolsa.

— De qualquer forma, eu preciso ir. Podemos terminar isso amanhã em algum lugar mais... apropriado.

Vi deu um sorriso travesso, mas desta vez havia um toque de compreensão em seus olhos.

— Claro. Princesas têm suas prioridades, né?

Caitlyn revirou os olhos, mas, ao virar para sair, hesitou por um momento.

— Vi... - Os olhos azuis da rosada se fixaram imediatamente nos de Caitlyn, de maneira penetrante. — Obrigada por me trazer aqui. Foi... diferente.

Vi deu de ombros, mas o sorriso que ela deu agora era genuíno.

— Sempre às ordens. Amanhã, então?

— Amanhã. - Caitlyn respondeu, antes de desaparecer pela porta enferrujada, o som de seus passos ecoando na viela enquanto o coração batia um pouco mais rápido do que deveria.

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⏰ Última atualização: 15 hours ago ⏰

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