Eu costumava vir aqui sempre que precisava de um lugar para respirar, um refúgio do mundo. O café era simples, sem muitas pessoas, o tipo de lugar onde você podia se perder em seus próprios pensamentos sem ser incomodada. Mas, mesmo ali, com a xícara de café quente nas mãos e a música suave ao fundo, algo estava estranho. Eu me sentia... desconectada, sabe? Como se o mundo ao meu redor estivesse seguindo em um ritmo que eu não conseguia acompanhar.
Emily apareceu como sempre, com aquele sorriso aberto e enérgico. Ela nunca entendia quando eu estava assim, distante, e parecia que, quanto mais eu tentava me esconder, mais ela queria me puxar para fora dessa concha. Eu não sabia o que era pior: o fato de me sentir desconfortável ou o fato de que eu deixava ela me empurrar para algo que não queria.
- Você está perdida de novo, né? Emily perguntou, sentando-se à minha frente. A voz dela era suave, mas tinha uma certa insistência, como se ela soubesse que eu estava fingindo estar bem.
Eu olhei para ela, tentando disfarçar o turbilhão de pensamentos que estavam correndo na minha cabeça. Ela estava certa, eu estava perdida em algum lugar dentro de mim mesma.
- Desculpa, murmurei. Só... estava pensando em algumas coisas. Mas a verdade é que eu não queria falar sobre isso. Não queria falar sobre o quanto me sentia perdida, sobre a solidão que nunca parecia ir embora.
Emily, que sempre parecia ter uma energia infinita, não desistiu de mim.
- Você precisa sair mais, Alice. Eu sei que você não gosta muito de sair, mas você tem que tentar. Vamos sair amanhã à noite? Tem uma festa da faculdade. Só um pouco de diversão. Ela sorriu, como se já soubesse que eu não conseguiria resistir.
Eu queria recusar. Queria dizer que não queria ir, que me sentiria mais confortável em casa. Mas alguma coisa em Emily me fez parar para pensar. Talvez fosse hora de tentar, talvez fosse hora de parar de me esconder. Então, acabei aceitando.
No dia da festa, eu não estava empolgada, nem um pouco. O lugar estava lotado, pessoas rindo e se divertindo enquanto eu apenas me sentia como uma estranha entre eles. A música estava alta demais, as conversas eram rápidas demais, e eu me sentia sufocada por toda aquela energia que eu não conseguia acompanhar.
Eu tentei me afastar um pouco, caminhei até o lado de fora. O ar fresco da noite parecia aliviar a pressão no meu peito, e por alguns segundos, eu consegui respirar mais calmamente. Mas, assim que olhei ao redor, notei um grupo de homens. Eles estavam em um canto, um pouco afastados da festa, com uma postura que não passava despercebida. Havia algo neles que me fez sentir uma pontada de desconforto, algo que eu não conseguia explicar, mas que me dava calafrios. Eles não se encaixavam ali.
Eu olhei para o lado, pensando em voltar para dentro e ignorar tudo, mas antes que pudesse dar mais um passo, uma mão firme agarrou meu braço. O impacto foi tão repentino que eu mal tive tempo de reagir.
- Onde você vai?, a voz de um dos homens era grave, quase desinteressada. Ele me olhou com uma frieza que me fez parar instantaneamente.
Eu tentei puxar meu braço, mas ele me segurou com força, me impedindo de escapar. O medo subiu rápido pela minha espinha. Não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que não estava segura.
- Me solte!, eu gritei, minha voz tremendo, mas o homem não parecia nem um pouco abalado. Ele não se importava com meus gritos, nem com minha tentativa de resistir.
Ele me puxou para o lado, com uma facilidade que me fez sentir ainda mais vulnerável. Meu coração batia rápido, e minha mente estava em um turbilhão, tentando entender o que estava acontecendo. Ele me arrastou até um carro escuro, e antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele abriu a porta e me empurrou para dentro. O medo tomou conta de mim, e eu tentei gritar, mas minha voz falhou. A porta se fechou com um baque seco, e o carro começou a se mover.
O homem estava ao meu lado, sentado no banco da frente, e seu olhar estava fixo em mim. Ele parecia calmo, mas algo nele dizia que eu estava lidando com algo muito mais perigoso do que poderia imaginar. Eu não sabia quem ele era ou o que queria, mas não conseguia ignorar a sensação de que a minha vida, da forma como eu conhecia, havia acabado ali.
Eu tentei falar, mas a voz me faltou. Ele me olhou mais uma vez, e dessa vez, foi como se estivesse lendo cada pedaço de mim. Como se soubesse algo que eu ainda não sabia.
- Quem é você?, ele perguntou, a voz ainda grave, mas agora com um tom de curiosidade que me deixou ainda mais desconfortável.
Eu engoli em seco, tentando esconder o medo, mas ele podia perceber, eu sabia disso. Ainda assim, consegui responder, a voz saindo em um fio:
- Eu sou Alice Montgomery. A resposta saiu mais baixa do que eu queria. O que você quer de mim?
Ele não respondeu imediatamente. Seus olhos estavam fixos em mim, como se estivesse decidindo algo. Então, ele falou de novo, e sua voz fez meu corpo tremer.
- Eu sei quem você é, Alice. E você vai entender, em breve, o que acontece quando se cruza o meu caminho.
Eu me encolhi no banco, sem palavras, sentindo o pânico aumentar dentro de mim. Eu não sabia o que ele queria, mas uma coisa estava clara: a minha vida estava prestes a mudar para sempre.
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Laços Escarlates
RomanceO destino de Alice e Lewis se cruza quando Alice se vê em uma situação que a coloca nas mãos dele, alterando para sempre o curso de suas vidas.