FELL

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O fogo estava morrendo. Mal restava uma chama. Apenas uma queima lenta e suaves estalos de madeira se movendo na lareira, como se estivesse ficando sem fogo. O cômodo estava frio, e o uísque não estava ajudando.

Will se encostou no parapeito da janela, dedos apertados em volta da garrafa, olhos fixos na água escura lá fora. Ele sentiu a mordida forte do álcool no fundo da garganta, o peso dele se acomodando no fundo do estômago, mas não foi o suficiente para sacudir o aperto no peito. Não esta noite.

Atrás dele, Damon estava em silêncio pela primeira vez, descansando em uma das poltronas enormes, pernas esticadas, botas penduradas na borda, como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo. Como se não tivessem acabado de sair de algo que deveria ter sido o fim deles. Como se não tivessem caminhado naquela linha novamente, perto demais, muito imprudentes.

“Você está puto.” A voz de Damon era baixa, como um desafio. Will podia sentir os olhos dele nele, mas não se virou. “Qual é o problema? Com medo de um pouco de diversão?”

Will apertou a garrafa com mais força, seu maxilar estalava enquanto ele tomava outro gole. Diversão. Foi assim que Damon chamou. O jogo que eles jogaram esta noite tinha sido mais do que diversão. Tinha sido perigoso, até para eles. E estava tudo girando fora de controle.

“Não seja um vadia, Will,” Damon empurrou, suas palavras cortando o silêncio. “Por que você está realmente bravo? Por quase não termos conseguido? Ou por você ter gostado?”

Will fechou os olhos, sua raiva logo abaixo da superfície, misturando-se ao álcool até que tudo se tornou uma bagunça escura dentro dele. "Você não entende, Damon." Sua voz estava tensa, dura. "Você nunca entende."

Houve uma pausa, então o suave raspar de botas na madeira enquanto Damon se levantava. Will podia ouvi-lo se aproximando, a tensão no ar familiar e exaustiva pra caralho.

“Você está certo,” Damon disse, a voz suave, mas zombeteira, sempre zombeteira. “Eu não entendo. Eu não entendo por que você está agindo como se não tivesse acabado de ganhar vida lá fora esta noite.” Seus passos pararam bem atrás de Will. “Você queria isso.”

Os nós dos dedos de Will ficaram brancos ao redor da garrafa. “Cale a boca, Damon.”

“Ou o quê?” A respiração de Damon estava em seu ouvido, perto o suficiente para que Will pudesse sentir o calor dela contra seu pescoço. “Você está com medo. Você odeia isso porque te faz sentir algo, e você não quer admitir que não é da emoção que você está fugindo. Sou eu .”

Will prendeu a respiração e seu peito apertou. O uísque não estava fazendo seu trabalho rápido o suficiente. Ele precisava de algo para queimar a frustração, a tensão, a forma como a presença de Damon era muito próxima, muito pesada. Ele não se moveu, não conseguiu, seu pulso rugindo em seus ouvidos enquanto as palavras de Damon afundavam, torcendo profundamente, atingindo aquele lugar que Will tentava ignorar.

Damon riu baixinho, andando até ficar na frente dele. "Você acha que consegue continuar fingindo, hein?" Ele estendeu a mão, agarrou a garrafa, puxou-a da mão de Will e jogou-a no chão. O baque surdo ecoou na sala silenciosa. Os olhos de Will dispararam para encontrar os de Damon, a raiva acendendo, mas Damon estava mais perto agora, a centímetros de distância, seus olhos escuros fixos no rosto de Will. "Você está fugindo há anos, Will."

A respiração de Will estava ficando mais rápida agora, suas mãos ao lado do corpo, punhos cerrados, e Damon sabia. Ele sempre sabia quando Will estava prestes a explodir. Ele era bom nisso. Em empurrar com força suficiente, longe o suficiente para fazer Will perder o controle, ele odiava isso.

“Vai se foder,” Will resmungou, mas mesmo enquanto dizia isso, seu corpo não estava se afastando. Ele não conseguia recuar. Não conseguia empurrar Damon para fora do seu espaço. Não mais.

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