Capítulo 12

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Toryn despertou com um som que parecia ao mesmo tempo distante e incrivelmente próximo.

Vozes.

Baixas e carregadas, algumas ásperas, outras graves, discutindo algo que ela não conseguia entender de imediato. Seus olhos se abriram devagar, piscando contra a luz suave que iluminava o ambiente.

A primeira coisa que percebeu foi o calor. Não havia mais vestígios do frio cortante que havia enfrentado na floresta. Pelo contrário, uma brisa morna roçava sua pele, quase como se tentasse acalmá-la.

Ela ergueu a cabeça lentamente e piscou algumas vezes, tentando se situar. Acima dela, o teto era feito de madeira maciça, as vigas expostas formando um desenho rústico e reconfortante. O ar tinha o cheiro agradável de pinho e algo levemente terroso, como folhas secas.

Olhou ao redor e viu que estava em um quarto pequeno, mas cuidadosamente montado. As paredes eram de troncos polidos, o que dava ao lugar um ar primitivo, mas charmoso. Um tapete de pele cobria parte do chão, e uma lareira de pedra estava instalada em uma das extremidades, com um pequeno fogo ainda ardendo.

Havia uma porta do outro lado. Ao lado, uma poltrona estofada em tecido grosso e uma mesinha com um abajur de luz âmbar completavam o ambiente

A cama onde estava deitada era grande, com lençóis brancos e um edredom macio que parecia envolvê-la como um casulo. Havia uma manta dobrada aos pés, com um tom verde escuro que contrastava com o restante da decoração. Nas janelas, cortinas de tecido grosso pendiam, bloqueando o que quer que estivesse lá fora.

Ela se mexeu, sentindo um leve incômodo no braço.

Uma pontada a fez lembrar dos acontecimentos anteriores: o carro, Missy, o bar, os lobos, o ataque, Storm... Seu coração apertou imediatamente.

As vozes do lado de fora se tornaram mais claras.

Diferentes tons se misturavam em uma discussão que parecia acalorada. Toryn focou nelas, tentando captar as palavras.

Ela pode ser uma ameaça. — Uma voz masculina, grave e severa, soou com firmeza.

Storm sabia o que fazia. — Outra voz respondeu, mais rouca e impaciente. — Mas agora temos um problema maior. Se eles vierem atrás dela, será nossa matilha que estará em risco.

Toryn sentou-se na cama, mantendo-se em silêncio.

Seu coração acelerava a cada frase, com ela se eriçando conforme a conversa chegava.

Quem quer que fossem, estavam falando sobre ela.

Ela é uma desconhecida. Não sabemos quem é ou do que é capaz.

Todos nós sentimos o cheiro dela. — Uma mulher interveio, com um tom firme e autoritário. — Há algo diferente. Algo que não conseguimos identificar. Algo novo.

Isso deixa claro que deveríamos ter ainda mais cautela com essa estranha!

Houve um silêncio momentâneo, antes de outra voz, mais velha e cansada, murmurar:

E o que devemos fazer, então? Esperar que nos tragam problemas? Expor o nosso povo? Colocar uma ameaça nos portões de Wolfridge?

Holland pode muito bem vir atrás da humana!

Toryn arfou pelo tom raivoso e suas palavras.

Antes que alguém pudesse responder, uma voz rouca e profunda cortou a conversa como um trovão.

Todos vocês precisam se acalmar.

Uma companheira para Storm [ EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora