𝕴𝕸𝕬𝕲𝕴𝕹𝕰𝕾-𝕾𝖔𝖚𝖎𝖈𝖍𝖎 𝕿𝖘𝖚𝖏𝖎𝖎

Corrupção

O corpo dela está espalhado sobre os lençóis quando ele vem até ela. Azul, enegrecida na escuridão, com sua carne pálida aparecendo como um raio de luar do vazio da noite. Ela não fala, apenas respira aquelas respirações suaves de sono, e permanece parada. O garoto chupa um dos pregos em sua boca, o amargor do ferro ressurgindo que ele busca lavar com o gosto da jovem mulher diante dele.

Ele a observa, a admira, como se ela fosse uma oferenda a um deus. Ah sim, ele não consegue deixar de pensar com um sorriso torcendo os lábios, pois é exatamente isso que ela é. Uma oferenda que só pode ser reivindicada na calada da noite para apaziguar um deus enlouquecido. Sua excitação cresce quanto mais ele a observa, mais seus pensamentos correm. Ele quer quebrá-la, devastá-la, corromper o anjo que está diante dele.

O garoto estende a mão e gentilmente roça um dedo sobre o lábio inferior dela. Só esse simples toque o faz sentir como se tivesse perturbado algo sagrado. Como arrancar uma pétala de uma flor de lótus aberta.

Mais e mais pétalas para serem arrancadas, seus dedos não se contentam mais com toques simples. Ele se senta ao lado dela no futon, sempre olhando para seu rosto, cuidadoso para ver se ela vai acordar. Suspiros suaves tomam o lugar de suas respirações enquanto seu corpo se abre para ele, sucumbindo ao capricho implacável de seu mestre. Não é mais governado pela mente da jovem, mas pelo toque do garoto de cabelos negros.

Sua contenção diminui com as respostas crescentes dela, uma chama agora acesa em um inferno que o consome. Felizmente, ele a arrastaria para o inferno com ele, e o faz com um beijo. Suave no início, mas com a agitação dela se torna mais fervoroso. Uma paixão cruel pela qual ela é escravizada.

O gosto de metal logo se torna o gosto de sangue enquanto sua carne é perfurada pelos pregos em sua boca. Dor é algo que ela passou a esperar dele. Algo que ela aprendeu a se deleitar . Scarlet flui de suas bocas, ainda presas na paixão, e a evidência cai como gotas de chuva sobre seu estômago e coxa.

Os lábios dela estão manchados de vermelho como uma rosa e o gosto dela permanece em sua língua. Intoxicando-o de uma forma que nada mais poderia. Os olhos dela se fixam nos dele e o atraem. Acenando para ele para frente e ele está impotente. Os lábios dele se fecham nos dela mais uma vez e ele não consegue resistir a tocar seu corpo. Os sons que ela emite enquanto suas carícias se tornam mais ásperas o estimulam, desbloqueando o desejo bestial que espreita no fundo de sua mente.

Ele acha isso engraçado, na verdade. Ele quer acreditar que é ele quem está no controle, mas basta um olhar ou, Deus me livre, um toque dela e isso imediatamente se estilhaça como uma pedra atravessando uma janela de vidro. Ele sabe que é dela tanto quanto ela é dele.

Uma corrupção lenta. É isso que acontece com ele. Eles envenenam um ao outro à sua maneira. Doce e sedutor com ela e uma maldade enegrecida dele. Mas eles não fariam de outra forma. Afinal, isso é amor verdadeiro, não é?

Não mais contente em devorar seus lábios, suas atenções logo se movem para seu pescoço. Aquela extensão deliciosa de carne pálida cheia de marcas desbotadas, simplesmente clama por mais. Ele está mais do que feliz em obedecer.
A sensação das unhas perfurando-a desencadeia as sensações familiares através dela. Dor e prazer, para sempre entrelaçados como duas serpentes dentro de seu corpo. Ele se espalha através dela em pulsos profundos e ondas, puxando mais dos gemidos e gritos que ele tanto adora.

Sangue escorre das feridas recentes e pinta sua pele com mais do pecado escarlate. O garoto saboreia o gosto, sua língua seguindo os rastros vermelhos. Suas presas improvisadas afundam nela novamente, estragando sua carne e lembrando-a mais uma vez que ela é dele para devorar.

Ela implora por isso. O nome dele jorra de seus lábios em suspiros arejados e orações sussurradas. Leve-me. Use-me. É tudo o que ela quer. Nada importa para ela além dele. Mas ele não concederá seu desejo ainda, pois implorar nunca é o suficiente para ele. Cada célula de seu corpo tem que gritar por ele antes que ele conceda seu apelo.

Não muito mais , ele pensa. Nunca é. E isso torna tudo mais doce. Saber que ele pode dobrá-la completamente à sua vontade. Quando ele finalmente concede seu desejo, ela rapidamente se desfaz. Ele vê isso em seus olhos, sente o gosto em seus lábios, e isso o arrasta em direção à sua própria descida à felicidade. Repetidamente ele a levará a esse ponto, mas ele nunca permite que ela se liberte. Somente sob seu comando ela o terá.

E uma vez que ele está satisfeito, ele concede o desejo dela. Ele é um mestre misericordioso, afinal. Mas é o olhar no rosto dela que o arrebata. Vê-la tremer e chorar de prazer que ele lhe trouxe. Ninguém mais poderia fazê-la se sentir assim. Ela sabe disso bem e há muito tempo aceitou.

Um sussurro suave no escuro. O nome dele jorra dos lábios dela em um suspiro doce. Souichi. Ele nunca consegue resistir a beijá-la quando ouve isso. O jeito como ela diz o nome dele como se ele fosse a única coisa que existe para ela. Exatamente como deveria ser.

Ele tem o que quer, mas não sai do lado dela. Não até o sol começar a nascer. Um beijo final em seus lábios, e então ele parte. Não demorará muito para seu retorno, ambos sabem disso. Ele nunca consegue resistir ao seu desejo por ela e ela deseja a corrupção que ele lhe traz.

Afinal, ele a ama... e ela ama seu mestre.

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