cap 16: Tentamos ler uma mapa

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Levantei uma das cadeiras caídas, e me sentei nela, de frente para as estátuas. Escutei os passos tímidos de Meredith andando por perto.

Revirei os olhos.

— Porquê você não vai ajudar os outros?— perguntei.

Eles estavam dentro da casa de Medusa, ou tia Ana, sei lá. Procurando um lugar para colocar aquela maldita cabeça.

— Acho que eu não vou ser de muita ajuda— eu deveria me preocupar com o seu tom triste? Acho que não. Como diz o meu pai: só se é problema meu se eu perguntar— Na verdade, acho que não vou ser de grande ajuda em momento algum. Madisson

— Oi?

Abri a mochila e tirei outro frasco de perfume com vinho. Tomei um gole, sentindo o gosto doce do vinho em minha boca. De canto, pensei ter visto a garrafa de vidro que Luke tinha pegado para dar um dos muitos irmãos, brilhar.

Mas foi rápido, rápido demais para eu não pensar muito, e simplesmente acreditar que é o reflexo da luz da lua.

— Por que você me escolheu?— Meredith perguntou.

Tomei outro gole.

Você irá para o oeste, e irá encarar o companheiro desleal.
Você irá mergulhar no mar de incertezas em busca de um salvador.
Suas mãos se mancharão de sangue, enquanto a melodia de um bom coração acaba.
E no fim, falhara em manter tudo aquilo que conquistou.

Esse era o motivo, o verdadeiro motivo. A segunda profecia que Delfos me deu, o rosto de quem o Oráculo resolveu me mostrar. Me virei para Meredith.

— Você precisava estar— respondi.

— Co-como assim?

Eu não queria contar. Se eu fosse confiar em alguém para contar sobre as profecias, eu confiaria em Percy, não em  Meredith. Talvez em Anne ou Grover, mas não em Meredith, até mesmo para o Castellan, mas não para Meredith. Qualquer outra pessoa, qualquer uma, menos para ela.

— Eu recebi duas profecias— me vi dizendo— Quando um Oráculo entrega uma profecia, ao que parece ele toma... uma forma. Na minha segunda profecia, ele tomou a sua forma.

A garota piscou parecendo confusa. Lutei contra a minha vontade de revirar os olhos. Eu não estou no acampamento, e ela não é uma campista chata que me parou para pedir informação.

— O q-que falava a profecia?— ela encolheu os ombros— Você lembra.

Eu posso não ser boa com nomes. Mas daquela profecia lembro cada sílaba:

— Você irá para o oeste e irá encarar o companheiro desleal. Você irá mergulhar no mar de incertezas em busca de um salvador. Suas mãos se mancharão de sangue— a garota arregalou tanto os olhos azuis, que pensei que saltaria para fora— enquanto a melodia de um bom coração acaba. E no fim, falhará em manter tudo aquilo que conquistou.

Não eram palavras gentis, e de palavras não gentis eu entendo bem. Sou boa com elas. Mas a reação de Meredith foi... esquisita. Primeiro ela arregalou os olhos, depois ficou tão palida quanto uma morta, então começou a chorar.

Não sabia o que fazer. Se fosse Percy eu abracaria e acariciaria seus cachos louros, então tentaria fazer cookies azuis para alegralo. Porém com Meredith eu não sei, nem mesmo sei o que a deixaria calma.

Por sorte– nunca pensei que falaria isso– Castellan chegou bem nesse momento avisando que Percy tinha encontrado um lugar para guardar a cabeça da Medusa. Meredith passou por ele rápido, e quando foi minha vez, ele segurou meu braço.

Os Filhos: A Bússola Perdida Onde histórias criam vida. Descubra agora