A 4 anos atrás.
Minha respiração vinha curta e irregular enquanto eu encarava o vestido sobre a cama.
O tecido branco, tão puro e imaculado, parecia zombar de mim, como se soubesse que aquilo não era minha escolha.
Minhas mãos tremiam ao apertar o lenço que havia roubado da penteadeira, tentando conter as lágrimas que insistiam em escapar.
— Você não tem escolha, Âmbar. — a voz cortante da minha mãe soou atrás de mim.
Nem precisei me virar para saber que ela segurava o espartilho, pronta para me encaixar nele como se eu fosse uma boneca sem vontade própria.
— O que as pessoas vão pensar se você recusar agora? - Ela disse friamente.
Engoli em seco, sentindo o nó na garganta crescer.
— Eu não o amo, mãe. — minha voz saiu como um sussurro, mas carregava toda a força do meu desespero. — Não quero isso, por favor. Ele também não me ama.
— Amor? — ela rebateu, com uma risada amarga. — Amor não tem nada a ver com isso. Você vai fazer o que é certo para a família. - Ela permaneceu dizendo friamente.
Antes que eu pudesse reagir, a porta se abriu com um estrondo.
Duas criadas entraram, os olhos baixos, carregando o véu e outros acessórios.
Elas nem sequer me olhavam, como se eu fosse um objeto que precisava ser preparado para um espetáculo.
— Não! - Gritei, me levantando de repente, mas minhas pernas estavam tão fracas que quase caí de volta na cama.
As criadas pararam por um instante, hesitando, mas minha mãe se aproximou, segurando meu braço com força.
— Pare com isso, Âmbar. Você vai se casar, querendo ou não. - Ela gritou comigo, sem me dar opções.
Meu coração disparou. Comecei a lutar, tentando me soltar, mas era inútil.
As criadas se aproximaram e, mesmo sem dizer uma palavra, começaram a me despir à força.
Senti a rendição do meu corpo antes da mente aceitar. Cada peça que tiravam de mim levava embora um pedaço da minha dignidade.
O espartilho apertado sufocava não só meu corpo, mas também a pouca esperança que me restava.
Eu queria gritar, mas minha voz parecia presa junto com a última lágrima que escorria pelo meu rosto.
O espelho à minha frente refletia uma noiva perfeita, mas dentro daquela moldura, eu só enxergava uma prisioneira.
— Não a deixem fugir, deixem a garota o mais bela possível. - Minha mãe grita para as mulheres antes de sair do quarto, batendo a porta com agressividade, o que causou um estrondo.
Elas começaram a apertar para modelar a minha cintura, deixando o mais apertado possível, meus seios estavam quase saltando para fora, eu sentia meus ossos serem esmagados.
— Está muito apertado, por favor não faz isso... - Sussurro, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, mas eu já não esboçava nenhuma expressão facial.
Elas permaneceram apertando mais e mais, parece que queriam me transformar em uma boneca, aquela versão de mim no espelho completamente destruída definitivamente não era eu.
Então era esse o meu "presente" de 18 anos que viviam me falando para me preparar a vida toda?
— A maquiagem vai borrar, você não quer que a madame fique brava e te ofenda por isso, não é? - Uma das mulheres disse enquanto me encarava com uma maleta de maquiagens, eu assenti com a cabeça e ela voltou a me maquiar a força enquanto apertava o meu rosto.
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Sombras do passado.
FanfictionEm um universo onde os segredos são mais cruéis que a verdade, Âmbar vive um casamento sombrio, arranjado por sua mãe. Mesmo com o início forçado, ela se entregou a esse relacionamento, acreditando no amor. Mas, por trás dos gestos de carinho, seu m...