Slap Battles: mundo caótico

Capítulo dezoito: cicatrizes

Olá, caro leitor, está tudo bem? Imagino que já me conheça, filho do Tencell, discípulo do Thoth. Bom... desde quando o Cris sacrificou-se, as coisas tem sido difíceis. Superação, culpa, tristeza, frustração, são obstáculos que enfrento agora. Cris morreu por minha culpa, se fosse mais forte, e conseguisse ter impedido ele, talvez a história fosse diferente. No momento da explosão, não conseguia respirar, e meu pai e os outros me socorreram. Uma semana se passou, e estamos todos reunidos no jardim da casa do meu pai, todos sentindo a perda. Estava em frente à lápide dele. Meu pai, Thoth, Ada, John e Trident estavam reunidos, todos com suas roupas formais. Estava chovendo, conseguia sentir o cheiro de culpa, com pequenos detalhes úmidos no ar. Thoth estava se preparando para discursar.
A chuva caía suavemente sobre o jardim, criando um réu de lágrimas sobre a lápide do Cris. O som da chuva e dos soluços dos presentes criavam uma melodia triste e emocionante. O cheiro de terra molhada e flores frescas enchia o ar. O silêncio havia sido quebrado pelo som das gotas batendo na terra.

-reunimos neste dia, para homenagear, um dos meus discípulos que lutava por algo que acreditava. Cris acreditava na pureza das pessoas, que um dia, o mundo poderia viver em Harmonia. Ele se dedicava todos os dias. Seu coração puro, sua determinação, e honestidade era o que fazia do Cris, uma pessoa única, maravilhosa. Ele fez um ato heróico, nos salvou e salvou todos. E precisamos continuar lutando, não apenas por nossos objetivos, mas por ele. Como mentor dele, eu gostaria de agradecer por tudo que você, Cris, nos ensinou, das experiências que passamos juntos, das lutas que travamos juntos, e do caminho que trilhamos juntos. Você será lembrado eternamente em nossos corações. Descanse em paz, Cris.-

Thoth posicionou uma foto que mostrava Cris, John, Trident, Thoth e Toby juntos, com cada um sorrindo.
Todos se comoveram.

Quanto mais olhava para a foto, me lembrava do acontecimento. Meus batimentos começaram a acelerar novamente.
Não podia sair do funeral. Seria desrespeito. Então continuei olhando para a mesma foto, lembrando de tudo que passamos. Mas os sentimentos não me deixavam conviver com isso em paz. O relógio que meu pai me presenteou, com uma inteligência artificial dentro dele, começou produzir uma voz, enquanto todos estavam em silêncio.

-senhor, perdão por interromper o momento, mas creio que esteja tendo um ataque de pânico.-

Todos olharam para mim.

-filho, está tudo bem?-
-está.-
-Senhor, seu filho não está bem.-
-U.L.T.R.A!-
-tome um copo d'água lá dentro, e respire fundo.- Tencell estava preocupado.
-com licença.-

Eu me retirei do jardim molhado, e entrei na casa.

-porque fez isso?-
-senhor, fui criado para ajudar.-
-obrigado.-
-senhor, a culpa não é sua.-
-como não?-
-a frustração pode dominá-lo agora, mas com o tempo, perceberá que fez tudo que podia.-

Pequei um copo e preenchi-o com água mineral. Meus batimentos estavam desacelerando.

-mas mesmo assim. Se eu fosse mais forte.-
-Cris se sacrificou por todos vocês, ele não ficaria feliz se visse você se machucar dessa maneira. Ele deixou um legado, no qual deve honrá-lo.-

Eu bebi o copo.

-você tem razão. Obrigado U.L.T.R.A.-
-estou a disposição, senhor.-

Ada entrou na casa, olhando em volta até encontrar Toby, na cozinha, ainda com o copo, agora vazio, na mão. Ela se aproximou dele, preocupada, e colocou sua mão em seu ombro.

-está tudo bem, Toby? Você saiu do jardim tão de repente...- Estava olhando em seus olhos.
-Ada. Apenas refletindo. Já estou melhor.-
-olha, Cris era seu amigo próximo, não era?-
-ah, era. Lutávamos e treinávamos juntos. Ele me contava as piores piadas do planeta.- eu sorri.
-eu também já perdi amigos meus, alguns se sacrificaram para me salvar.-
-sinto muito, devem ter sido tempos difíceis.-
-foram. Mas eu percebi que se continuasse lutando, honraria suas mortes.-
-você é forte, Ada.-
-você consegue superar as dores, Toby; eu acredito em você.-