Após o feriadão, todos retornaram suas rotinas normalmente dia após dia. Foi quando distraído no escritório ouvi um de meus colegas comentar sobre as férias e algo me chamou atenção: Uma mulher que tinha conhecido nas baladas e que a desejava muito. Era muito baladeira, não perdia uma só balada mesmo que em dia de semana, ela bebia muito, os homens a tinham como a rainha das baladeiras e isso fazia com que se envolvesse em brigas com outras mulheres, dançava em cima da mesa, fumava de vez em quando e até usava algumas drogas dependendo da situação. Eu logo pensei: Como alguém iria querer uma mulher dessas? Mas logo adivinhei: Beleza. Alguns homens como ele só precisam que a mulher seja bela e mais nada. Enfim não duraria muito o relacionamento entre eles. Não dei muita bola e fui me ocupar com minhas coisas.
Concentrar-me eu até conseguia. Porém bem pouco. Aqueles meus colegas tem vinte anos e nunca fazem nada certo, depois ficam reclamando do chefe só porque levam broncas. Eles só sabem falar de cerveja, mulher e futebol, de mulher e cerveja, e... Britney? Espera aí, eu ouvi Britney? Sim, ele falou o nome dela. Disse que dera uma carona a ela, mas o estranho que ela o forçou a parar em uma esquina e não em sua casa. Depois gritou para que fosse embora. E ele assim fez. Por isso não conseguiu ficar com ela. Na cabeça dele pode não ter feito sentido, mas na minha fez. Então era isso! Eu estava certo com essa minha paranoia de que ela escondia algo. Era boa de mais para ser de verdade. Britney é como as outras ou pior. Aquilo era só uma máscara de boa filha para sair à noite e fazer de tudo. Ainda não consigo ver sentido: como ela conseguia equilibrar as suas duas vidas? Como ninguém a reconhecia na noite? Por que ela fazia isso tudo? E o pior: Como ela desapareceu naquela maldita esquina?
Fiquei em choque fazendo minhas obrigações; parecia um robô com um comando. Olhei para o relógio digital na parede e vi: 16h16min, horas iguais. Quase hora de sair e ir para casa. Continuei com os olhos fixos no relógio. Ao mudar para 16h17min, na parte de cima do vidro dele começou a trincar e rapidamente foi até o fim dele. Fechei meus olhos. Nada disso era real até ano passado.
Saí da empresa maluco. Entrei no carro tentando desviar minha cabeça para outro assunto. Mas tudo o que eu queria era uma explicação lógica para tudo. Até liguei o rádio para me distrair (Música acima). Cheguei a um lugar que o trânsito estava intenso. Que maravilha! Uma fila enorme de carros esperando o sinal abrir. Merda. Encostei a cabeça no volante tentando distrair minha mente de tantos pensamentos que invadiam sem ao menos pedir permissão a mim. Uma gota de suor se desprendia dos meus cabelos negros e escorria por entre o colarinho da minha camisa branca que em baixo daquele terno e daquela gravata que mesmo eu sendo tão novo, me sentia tão velho ao ter que usá-lo todos os dias seguidos. já devo ter me lavado de suor. Eram cinco horas da tarde. O transito lento de São Paulo e minha vida pendia por um passe de mágica ou maldição oculta desta ciência sem explicação: o irreal. Passei 23 anos encontrando explicação para tudo o que há. Porém, hoje uma sensação de outro mundo veio ao meu encontro e eu não consigo não dar atenção à ela. Cansado, dou ré e deixo para trás todos aqueles carros aglomerados, mesmo irritando os motoristas de trás para abrirem espaço com aquelas buzinas do inferno. Pela primeira vez, me sinto aliviado de fugir da rotina e tomar um rumo maluco, se é que posso chamar de rumo. Pego um atalho que leva até a mansão dos Toretto. Precisava esclarecer de vez tudo aquilo antes que me leve à loucura, essa maldição inquietante. O que há com a menina Britney? O que há com o mundo agora?
Dirigindo com cuidado levado por um sentimento desconhecido por ruas mais silenciosas e habitadas. Observo as pessoas como se estivessem em câmera lenta. O parquinho com algumas crianças brincando com seus pais, o cemitério castigado pelo tempo, o campinho de futebol com meninos disputando a final do 2º tempo pelo o que eu ouço o jovem narrador gritar. A música rola no som do carro e nos espelho observo o pôr do sol corando o céu. Meu suor fica gelado. Até que no final da rua avisto a mansão e no portão dela, lá estava ela, Britney recebendo alguém.
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O Mistério da Garota da Esquina
Short StoryUm pequeno conto. Ano novo, vida nova. Um mundo cada vez mais cheios de jovens rebeldes, preguiçosos e irresponsáveis, mas o que fez Britney existir? Uma fada? Ó não, fadas não exitem. Eu tô falando assim porque Britney é toda certinha, em todos os...