Prologue

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Naquela manhã, Edward não havia acordado com um bom pressentimento. Sabem aqueles dias em que abrimos os olhos e a primeira coisa que nos vem à cabeça é "estou fodido"? Foi assim que Ed Sheeran se arrastou para fora da cama às oito da manhã, acordado pelo irritante toque de telemóvel.

As coisas não melhoraram quando o cantor se apercebeu de que quem lhe ligava era ninguém menos do que a gestão. E quando a gestão ligava era sinónimo de problemas.

Edward já rezava pela décima terceira vez o Pai Nosso quando finalmente o motorista estacionou em frente ao enorme prédio da Modest!, e edifício parecendo a cada visita mais intimidante. O ruivo detestava aquelas reuniões mais do que a mãe dele detestava quando ele misturava a roupa suja com a roupa lavada no armário. A gestão mandava nele, essa era a verdade. Ed podia até definir os próprios passos enquanto eles não se pronunciavam, mas assim que a Modest! dava uma ordem, ele cumpria. Não porque queria, mas porque precisava.

Quando os seguranças o guiaram pela enorme área da receção, os músculos de Edward doíam e as suas grandes mãos suavam tanto que ele precisava de limpá-las às skinny jeans a cada minuto. Ele estava visivelmente nervoso, tal e qual um menino do ensino médio que sabe que fez asneiras e está prestes a levar uma bronca dos pais.

O problema, é que ele não havia feito nada de mal.

Ainda assim, o tatuado tinha o pressentimento de que sabia o assunto da reunião repentina. Há duas semanas, Sheeran tinha juntado um punhado de coragem e enfrentou a gestão, mostrando o desejo de saír publicamente do armário.

Ed era gay, ele sabia-o desde o ensino secundário, quando teve o seu primeiro namorado. E tinha ainda mais certezas disso depois das pequenas brincadeiras com Sam Smith no backstage. A diferença, era que Sam era abertamente homossexual, enquanto - para o mundo - Ed era de facto hetero.

Eles não haviam dado uma resposta na altura, mas prometeram que iriam pensar sobre o assunto. A homossexualidade ainda é um assunto muito polémico nos dias de hoje, e se Sheeran se assumisse as coisas podiam correr muito mal. Ainda assim, Edward tomava o amigo artista como exemplo. Sam não tinha medo de ser quem era, e embora fosse muito criticado pela sociedade, um exército de little sailors marchava fielmente ao lado dele. Ed queria isso, liberdade e, sobretudo, ser honesto com os seus fãs.

"Senhor Sheeran." A voz grossa e seca do segurança chamou, despertando o artista do seu pequeno transe. "O diretor aguarda-o."

Ed engoliu em seco e respirou fundo três vezes - talvez tenha ou não rezado mais um Avé Maria - antes de finalmente rodar a maçaneta, entrando no largo e familiar escritório. Christian abriu um sorriso largo assim que viu os cabelos ruivos aparecerem do lado de fora.

"Edward, finalmente! Entra, temos muito a conversar." O homem estava alegre, isso definitivamente acalmou os batimentos de Sheeran para a metade. Se as notícias fossem más, Reed com certeza estaria com um humor insuportável.

"Eu fiz algo de errado?" foi a primeira coisa que o cantor questionou quando se sentou, rezando para que a resposta fosse negativa. Christian riu.

"Não, claro que não. Fossem todos os nossos contratos como tu, Ed." Era verdade, algumas personalidades eram tão teimosas e implacáveis que a empresa às vezes tinha problemas para resolver vindos até de Nárnia. Não podem culpá-los, embora, a Modest! cria marionetas, não artistas. "Estamos aqui para falar sobre um assunto que te vai deixar feliz."

"Ótimo." O rapaz suspirou tremulamente, esfregando as mãos no tecido das calças. "É bom que valha a pena, para me tirarem da cama tão cedo numa folga."

Don't Fuck With My Love » Ned ShoranOnde histórias criam vida. Descubra agora