Capítulo 2 - Como fugir

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Devemos estar aqui, pensando, calados, e até assustados, à umas quatro horas.
_ Alguma coisa? _ Raphael pergunta, e digo que não com a cabeça.
Estamos em um quarto, pequeno, feito de tijolos cinzas. Uma grande porta de madeira, e ao lado, debaixo de uma desconfortável cama, uma janelinha, sem vidro, só um buraco vertical e longo, cheio de barras de ferro.
Subo na cama, e olho pela janela. Há um guarda, meio gordinho, roncando do lado de fora. Do lado, entre ele e uma espada, um molho se chaves.
_ Pronto para sair? _ Sussurro pra Raphael.
_ Como?
_ Eles têm que nos dar comida, né?
_ Assim espero.

Esperamos mais meia hora, aproximadamente, até que, o mesmo guarda, entra pela porta, carregando dois pratos com uma espécie de macarrão, e dois garfos.
_ Especialidade da casa _ Ele diz com desdém, nos entrega a comida, e vai embora.
Coloco meu prato no chão, e pego o garfo, e o lençol desfiado da cama. Puxo com força um fio, e tiro um dente do garfo. Pra frente e pra trás. Pra frente e pra trás. Faço o movimento com o dente do garfo até que ele cai.
_ Que isso? _ Pergunta Raphael com a boca cheia daquela coisa.
_ Sério que você vai comer isso?
_ Estou com fome!!
Dobro a ponta do garfo, e amarro o fio nele. Subindo na cama posso ver que o guarda voltou a dormir. Jogo o fio do lado de fora, e o puxo quando sinto que o garfo prendeu na argola das chaves.

Tento todas, mas deve haver umas cinquenta chaves ali.
_Não _ Digo, da chave _ Não. Não. Não. Não. Espera _ Giro a chave e a porta abre.
_ Sério? Facil assim?
_ Melhor que nada _ Retruco.

O corredor esta vazio, então corremos o máximo que conseguimos. Até que, na frente, guardas. Do lado, uma porta, com as bordas brilhando.
Saimos pela porta correndo, e então dois guardas vêem atrás de nós.
"Como seria bom ter minha espada aqui agora...", penso, e em um reflexo, ao olhar para cima, Nuvem está literalmente caindo do céu. Eu a empunho, e paro de correr.
O guarda que me alcança primeiro, também tem uma espada.
Tento feri-lo em seu braço direito, mas ele bloqueia meu golpe. Aproveito as espadas encostadas e giro a mão até que a espada dele cai. Puxo-o para perto, e coloco Nuvem encostada em seu pescoço.
_ Fica ai! _ Digo para o outro guarda.
Desço a ponta da espada para a barriga do guarda em minhas mãos, e enquanto o outro está distraído demais olhando o companheiro cair, pego sua espada, e jogo-a para Raphael, que a segura, de forma desajeitada. Pego a espada do outro guarda no chão, e volto a correr...

-Veri

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