Promise

𝒟𝑒𝑗𝑎 𝑣𝑢 𝑝𝑎𝑟𝑡 1

As estrelas desceram ao Reino de Everlasting Shine naquele dia mágico de celebração. Músicas e danças animadas preenchiam a atmosfera calorosa do reino, acrescentadas aos deliciosos quitutes servidos a todos que confraternizavam naquela festividade tão única. Seres mágicos e não mágicos abandonavam suas diferenças e celebravam juntos a benevolência e misericórdia da Estrela-Mãe, assim como também agradeciam a Ela por enviar tão justos príncipes que os cuidavam e protegiam. Os fogos coloridos e brilhantes pairando sobre o céu de tom alaranjado, fogos esses que faiscavam dos dedos do místico quarto príncipe que comandava o espetáculo, trazia uma beleza e pureza a mais à celebração. Era um dia inteiro de festança, e os cinco príncipes despojavam-se de suas coroas e juntavam-se ao seu povo, desprendendo-se, por um único dia, de todas as responsabilidades como governantes.

O quarto príncipe, com o dom da magia concedido pela Estrela-Mãe, conjurava encantamentos aqui e ali criando um ambiente deveras cativante naquele vasto jardim de areia, além dos fogos no céu e as rosas de cristais a dançarem graciosas. Enquanto que o quinto príncipe comandava a melodia dançante com sua flauta encantada, que fora um presente do quarto irmão, fazendo com que a música soasse por toda a extensão do reino, levando a alegria e calmaria aos corações de seu povo. Quanto aos outros três irmãos, bem, eles se juntaram ao seu povo numa dança contagiante ao som harmonioso da flauta.

Em meio àquela celebração, enquanto o terceiro príncipe caminhava tranquilamente entre seu povo a festejar, saboreando alguns deliciosos docinhos, sem querer ouviu acerca de algo denominado como "casamento". Everlasting Shine, um reino em crescimento, abrigava seres de todos os recantos existentes e culturas distintas, mas o terceiro príncipe jamais ouvira tal palavra curiosa antes; e interessou-se no assunto. E como um abelhudo nato, ele escondeu-se atrás do pilar de cristal do jardim de areia para ouvir melhor do que se tratava.

A dama bela e elegante papeava com outra, tão jovem quanto ela, exibindo, com um amplo sorriso, o anel de brilhantes disposto em seu anelar. A maneira como ela expressava o contentamento pelo evento ainda por vir, fazia o terceiro príncipe mais e mais curioso acerca do assunto. Ela contava em alto e bom som como o cavalheiro a havia pedido, e como os planejamentos para a união em matrimônio estavam a todo vapor. O terceiro príncipe, porém, ainda não compreendia o que era tudo aquilo e, desinibido, decidiu por perguntar pessoalmente. A dama, ainda sustentando o sorriso radiante, explicou-lhe com gentileza que se tratava de um ato onde duas pessoas que se amam além da vida prometem, diante da Estrela-Mãe, serem companheiras pela eternidade. Foi então que o pequeno príncipe se confundiu... Ele amava todos os quatro irmãos, portanto, deveria casar-se com todos eles? A dama, por sua vez, espantou-se do pensamento deveras inocente de seu príncipe, e com paciência explicou a ele.

Ela contou que aquele tipo de amor era como um milhão de borboletinhas voando no jardim localizado no interior de cada ser, que ao menor contato com aquele a quem se ama, as deixava tão agitadas a ponto de flutuar alto nos céus. E se cultivassem juntos aquele jardim que estivera adormecido, cuidando da terra, regando e protegendo, ainda que pragas e tempestades surgissem, desde que mantivessem a promessa de cuidar um do outro, eles o fariam florescer bonito. Ela também explicou que, aquele amor, ainda que parecesse impossível, nem mesmo à Estrela-Mãe haveria de revogar.

E decerto que o pequeno príncipe ainda era jovem demais para entender do que aquela bela dama falava, mas, a ideia de construir seu próprio jardim com a pessoa amada pareceu muito certa para ele. Além do mais, era certo que ele sentia borboletinhas em seu interior quando estava junto dos irmãos; ainda que não soubesse qual deles causava tal alvoroço. E se ainda quisesse se casar ㅡ mais que tudo, ele decidiu que iria ㅡ teria que escolher um deles.

Então, pensou:

O primeiro príncipe era lento como uma fada arrastando suas asas no chão e avoado como uma estrela cadente que se perdeu no caminho. Certamente, ele se esqueceria de regar as flores, e todas teriam um trágico fim.