Prólogo

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As pessoas se perguntam como é a sensação de morrer, e só quando você realmente morre, descobre que não é como lia em livros ou via em filmes clichês que pagava para assistir no Netflix. Sua vida não passa diante de seus olhos, com sua música favorita de fundo. Sua alma não sai de seu corpo, e você admira a paisagem de seu corpo sem vida, enquanto você fica aflito para voltar para ele, ou nem mesmo você encontra Jesus e ele te diz que sua missão na terra foi cumprida, e que agora você pode se juntar a ele no céu, com os anjos ou até o espírito de seu gatinho que morreu na infância.

Na verdade, quando você morre, só consegue olhar para um lugar fixo, que no caso, seria para onde sua cabeça está virada. E você só enxerga a mesma coisa, até que não possa enxergar mais nada, e a escuridão tome conta de cada gota de vida que ainda te restava. A vida acaba como ela começa; soliária, silênciosa e escura. Mas nesse caso, você não encontra um borrão verde te pondo de cabeça pra baixo, e nem seu pai gritando coisas como; "Ela nasceu, que linda!", e você também não está chorando. É simplesmente assim. Sua vida passa diante de sua memória, do começo ao fim, e depois começa para terminar e o ciclo continua, sem previsão de término.

Mas gosto de me lembrar especialmente dos momentos finais. As profundezas do mar, que pareciam nunca chegar, passando a impressão de que eu poderia ficar afundando e afundando para sempre. Era um silêncio que era quase música aos meus ouvidos. A água salgada invadia minha boca, nariz, olhos e as roupas óbviamente flutuando junto a mim sobre aquele imenso azul acinzentado; o qual chamamos de mar.

A sensação, era minimamente desconfortável, mas eu sabia que se não acabasse assim, simplesmente não iria acabar, e seria um inferno tão intenso e duradouro quanto meu amor por ela. Ela. Sempre me parecia a mais calma e reconfortante de todas as pessoas que já havia conhecido. Ainda com os olhos abertos, tentava sorrir, e eu fazia o esforço para fazer o mesmo, mas era um tanto difícil, já que estava morrendo. Estávamos caindo e caindo, olhando uma para a outra, quase que conversando por pensamento.

Coisas como; "Tudo ficará bem, enquanto ainda estiver com você", ou, "Está tudo bem. Estamos livres." , ou quem sabe um; "Eu te amo". Tinha a certeza de que se a oportunidade fosse outra, e nossas bocas já não estivessem entúpidas de água, estaríamos nos consolando assim.

Estava perdendo a consciência, a ultima coisa que iria ver na vida seria seu rosto angelical afundando junto comigo, junto com nossas vidas. A última coisa que veria, seria seu sorriso confortante, mas que se apagava aos poucos, me mostrando que o efeito colateral da morte estava chegando sobre ela também.

Meu cérebro, me dava ordems para me debater, nadar para a súperficie, mas eu não as obedecia. Meu oxigênio já havia acabado. Então, senti minhas mãos, que estavam entrelaçadas com a dela, perderem toda a força, a imagem ficar tão embaçada, que já não tinha mais certeza de nada.

Só havia certeza de uma coisa; esse não era o fim, era o começo de uma longa eternidade de lembranças. Aonde quer que eu estivesse agora, sabia que estava melhor do que se estivesse viva.

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Oi gente, aqui é a Yasmin a escritora da fic, essa não é minha primeira fanfic, mas é a primeira no Wattpad. Eu gostaria que vocês me dissesem o que acharam do prólogo!
A capa, é uma música que eu acho que combina com o prólogo, escutem enquanto lêem.
Beijos!!

(PS: postarei o primeiro capítulo com 30 visualizações)

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