ᴏʟʜᴏs ᴅᴇ ɢᴀᴛᴏ_ᴍᴀɴᴊɪʀᴏ sᴀɴᴏ

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Pov’s (S/N)
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O santuário era ainda mais imponente de perto. O cheiro de incenso e madeira antiga pairava no ar, e o silêncio do lugar era quase sagrado. Cada passo que eu dava parecia ecoar dentro de mim, como se estivesse pisando em algo além do presente.

Mikey andava ao meu lado, sem pressa. Sua expressão estava séria, pensativa. Ele parecia conhecer o templo tão bem quanto conhecia a si mesmo.

Mas, conforme eu caminhava, um peso começou a se formar em meu peito.

Algo parecia diferente.

Minha visão começou a embaçar, e um arrepio percorreu minha espinha. A brisa da manhã ficou mais fria, e por um momento, não consegui ouvir mais nada além do som da minha própria respiração.

E então, aconteceu.

De repente, não estava mais ali.

~~~ Flashback ~~~

A luz da lua entrava suavemente pela janela do quarto, iluminando as paredes de papel fino. O cheiro doce das flores noturnas misturava-se com o aroma do chá recém-preparado.

Ela estava sentada no chão, segurando uma escova de madeira entre os dedos. Seus longos cabelos negros deslizavam entre as cerdas enquanto suspirava, cansada.

— Eu não quero isso… — sua voz saiu baixa, quase como um lamento.

Perto, deitado sobre uma almofada, estava um gato branco e preto de olhos âmbar. Ele a observava atentamente, com a cauda se movendo preguiçosamente de um lado para o outro.

— Meu pai insiste que eu seja uma princesa. Quer que eu aprenda etiqueta, que fale com os nobres, que me comporte de um jeito que agrade a todos… Mas eu não quero isso.—

O gato inclinou levemente a cabeça, como se entendesse cada palavra que ela dizia.

— Eu só quero ser livre. Quero andar pelos campos sem precisar me preocupar se meu kimono está sujo. Quero poder rir sem medo de parecer indelicada. Quero… quero poder ser eu mesma.—

O gato ronronou baixinho, e então, para sua surpresa, falou:

— Então, por que não foge?—

Ela arregalou os olhos, surpresa.

— Você… Você falou?—

Ele soltou um som baixo, algo entre um miado e uma risada.

— Sempre falei. Você só não estava pronta para ouvir.—

Ela piscou, ainda assustada, mas depois sorriu.

— Isso é incrível… — Seus olhos brilharam de empolgação. — Você sempre esteve comigo. Sempre me seguiu, sempre me protegeu… Você é mais do que um gato, não é?—

Ele apenas a observou, sem responder.

Ela suspirou novamente, olhando para o céu pela janela.