Fifty-Four

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Pov S/n Campos

*O show continuou, mas minha cabeça ainda estava meio presa na conversa com Emília.

O jeito que ela falava, a confiança de quem sempre soube que poderia ter o que quisesse, me deixou inquieta. Não que eu tivesse algum interesse nela — porque, sinceramente, eu não tinha —, mas o simples fato de ela ter jogado aquela provocação no ar me fez ficar pensando.

E, para piorar, eu sentia o olhar dela sobre mim de vez em quando, como se estivesse só esperando minha reação.

Revirei os olhos e voltei a focar em Luísa no palco. Ela já estava na reta final do show, cantando com tanta energia que parecia nem se lembrar de como estava toda queimada de sol horas atrás. A mulher era um furacão.

Mas, mesmo com toda a minha atenção nela, uma coisa me incomodava.

Emília estava perto. Perto demais.

Eu podia vê-la, um pouco mais ao lado, conversando com alguém, mas de vez em quando lançando olhares na minha direção. E quando Luísa terminou a última música e correu para os bastidores, deixando o público em êxtase, Emília começou a andar para lá também.

Apertei os lábios.

Não que eu tivesse motivos para me incomodar.

Mas, se tivesse, quem ia me julgar?

**Respirei fundo e fui para o camarim antes que minha mente começasse a inventar coisas.

Quando entrei, Luísa já estava lá, sentada no sofá, bebendo água e respirando fundo depois do show intenso. Seu rosto estava iluminado de suor e adrenalina.

-Meu Deus, que show, hein? -Falei, cruzando os braços e me encostando na porta.

Ela sorriu ao me ver.

-Você gostou?

-Você destruiu. -Ela abriu os braços.

-Vem aqui.

Fui até ela e me sentei ao seu lado, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, a porta se abriu de novo.

E, para a minha absoluta falta de paciência, era Emília.

-Luísa, show incrível. -Ela disse, com aquele sorriso despreocupado.

-Emília! -Luísa sorriu, parecendo surpresa. -Que bom que veio.

"Que bom que veio."

Ótimo.

Cruzei os braços e observei enquanto Emília se aproximava.

-Você se supera a cada show. Foi lindo.

-Ah, obrigada! -Luísa sorriu, claramente feliz com o elogio.

E então, como se eu nem estivesse ali, Emília continuou:

-Eu queria passar depois pra conversar, se tiver um tempinho. Faz tempo que não nos encontramos direito...

Minha paciência foi indo pro ralo.

-Pois é, faz tempo mesmo. -Luísa concordou, sem perceber meu olhar fuzilando Emília.

-Mas acho que você deve estar exausta agora... Quem sabe mais tarde? -Emília sugeriu, e eu quase revirei os olhos tão forte que iam parar na nuca.

Antes que Luísa pudesse responder, me inclinei um pouco mais para perto dela, colocando uma mão em sua coxa de propósito.

-Amor, você já tá cansada, né? Melhor descansar. -Fiz questão de enfatizar o "amor".

Luísa me olhou, surpresa com o tom da minha voz, mas sorriu.

Sempre foi você... | Luísa Sonza x Fem. readerOnde histórias criam vida. Descubra agora