Parte 3

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Não existe verdade absoluta, e ainda que tentemos encontra-lá não acharemos.

Se não bastasse a morte do meu pai, agora quem se vai é o meu amigo, à quem eu chamava de irmão. A notícia não veio declarada e sim, percebida, vista por mim mesmo. Quando cheguei à casa dele, estava lá uma coroa de flores, e todos os seus familiares e pessoas que conviveram com ele. Doía em mim, tanto é que não tive coragem de chegar perto do seu caixão. Demorou um tempo até eu me "acostumar" com ele dentro de uma caixa marrom e fria. Eu não derrubei lágrima alguma, eu só sentia uma dor que, não conseguia expressar de maneira alguma, era só silêncio dentro de mim. Tentava entender este ciclo da vida, nascer, crescer e morrer, de uma hora para outra. Foi embora, o meu amigo se foi como pedaço de mim. Velar o seu corpo já estava sendo difícil, ver todas aquelas pessoas que gostavam dele caindo em lágrimas, o que seria da família? O que seria da mãe dele? Coitada! A mãe dele não aguentava, o que saía dela era só lágrimas e suspiros longos de desespero.
Eu conseguia "compreender" a sua dor, afinal, perdi o meu pai da mesma forma, assassinado por uma pessoa que não tinha amor, que só tinha raiva e frieza.
Eu sabia o quanto seria difícil para a mãe dele, sabia que iria existir uma dor dentro dela para sempre, porque nenhuma dor tem fim, apenas, nos acostumamos com ela.
Já estava perto do horário de ir para o enterro do meu amigo, quando avistei o seu irmão, ele estava quieto e com uma expressão de tristeza, eu não sabia o que fazer para o ajudar, apenas disse: -"Deus sabe o que faz, e o porque faz". Eu não sei se isso o confortou ou não, mas mesmo assim eu o disse.
Logo depois disso, tomei coragem e fui até o seu caixão, era difícil, mas eu precisava vê-lo, precisava ter forças. Estava um tumulto e sobre o seu caixão estava a sua ex-namorada, se debulhando em lágrimas, afinal ele tivera sido o seu primeiro namorado.
Passado algumas horas, eu já estava dentro do ônibus indo em direção ao cemitério onde seria sepultado, eu estava acompanhado pela minha mãe que me abraçava e dizia para eu ter calma. Mas como ter calma num momento desses? Eu sei que a minha mãe só queria me confortar, mas nada do que ela me falasse me confortaria no momento. Era como se, eu estivesse sepultando o meu pai novamente, no caminho para o cemitério se ouvia murmurações e questionamentos pelo assassinato.
Agora já estou no cemitério, por coincidência está um clima nublado e chuvoso, mas não me importei com isso, o que mais me importava no momento era ter o meu amigo novamente mas, sabia que seria impossível. Eu e todas as pessoas que estavam ali prestamos todas as homenagens ao falecido.
O que me deixava indignado era a tamanha crueldade contra ele, um tiro certeiro na nuca, e ali, acabou a sua vida.

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