Don't let me go.

Don't let me go. II

[Cecilia pov]

Estava ali, parada. Tentei várias vezes sair de lá mas a situação piorou quando o homem, parado em minha frente tirou seus óculos escuros e continuou sorrindo pra mim. Seus olhos azuis encaravam os meus, e a sensação era de que eles podiam ler o que estava pensando, podiam ler meus sentimentos e escutar o meu batimento cardíaco. Sai do transe escutando Alana me chamar, sorri constrangida e pedi desculpas ao ser em minha frente que somente continuou sorrindo. Levei o pedido até Alana que me encarou sem entender nada, e logo em seguida, me sentei atrás do balcão, ainda pensando no que havia acabado de acontecer. Passei a metade da manhã fazendo o meu trabalho, e observando o homem que ainda estava presente no local, sentado na mesma mesa. Pedi um minuto para Alana quando meu celular começou a tocar, uma, duas, três vezes, já na quarta, resolvi atender.
-Cecilia? -a voz que percebi ser de Aline se encontrava do outro lado da linha.
-Aline, estou no trabalho, o que aconteceu? -A interroguei me afastando para uma portinha que havia no fundo do café.
-Me desculpa mas é que a Rafa não estava se sentindo muito bem. Vomitou duas vezes, e até agora pouco, estava reclamando de dor de cabeça. Eu trouxe ela pro hospital porque fiquei desesperada, ela estava ficando pálida, e você sabe que não sou a melhor pessoa para cuidar de alguém, ainda mais quando a pessoa está vomitando sem parar.
-Meu Deus Aline, porque não me ligou antes? Como ela está? Em qual hospital vocês estão? -Interroguei Aline, já sentindo minha mão soar frio.
-Não te liguei Cecilia? Essa é a quarta vez que ligo e por milagre, você atende. Estamos no hospital mais próximo ao nosso bairro, você sabe qual é, perto da casa da Alana. Levaram Rafa para uma sala, ela deve estar tomando soro. -Aline disse me fazendo suspirar diversas vezes.
-Aline, você não tinha que ir hoje lá na faculdade resolver o assunto da bolsa que conseguiu? -Perguntei esperando uma resposta do outro lado da linha, e segundos depois Aline sussurrou um "sim". -Vai se arrumando, chego em alguns minutos. Eu fico com a rafa e você vai á universidade assinar a papelada e concluir sua matrícula. Eu sei o quanto isso é importante pra você. -Disse e antes de escutar uma resposta, eu desliguei. Aline era teimosa, jamais aceitaria que eu saísse no meio do meu expediente para ajudá-la com seus problemas. Resolvi andar rápido, para que desse tempo de Aline cumprir com seu objetivo ainda hoje. Expliquei a situação para Alana que abriu uma exceção, já que Rafaela estava passando mal. Depois de tirar o uniforme e pegar minha bolsa, olhei em volta e vi que o homem que estava presente desde manhã, não estava mais ali, respirei fundo e me despedi de Alana. Fui em direção a saída do café, e então, o encontrei, sentado em um banco, sozinho.
-Niall não é? -perguntei sentindo então o dono dos olhos azuis olhar em minha direção. -Queria me desculpar por hoje de manhã, acho que a situação ficou meio constrangedora. -Disse á ele, fazendo-o sorrir, e passar a mão pelos seus cabelos loiros.
-Sim, é Niall. A quem devo a honra? -ele me perguntou olhando em meus olhos, e me fazendo estender a mão.

[Niall pov]

As vezes, gostava de sair sozinho para refletir. Gostava de ouvir o silêncio e pensar na vida por alguns minutos, resolvi fazer isso hoje, e confesso, não me arrependo. Fui a um café e lá, fiquei observando uma das atendentes. Era uma moça não tão alta, cabelos longos e negros, olhos castanhos e um corpo com muitas curvas, o que deixava claro que ela não era daqui. Fiquei surpreso quando ela veio se desculpar depois do momento constrangedor que passamos de manhã, devido às trocas de olhares e aos sorrisos.
-Me chamo Cecilia -disse ela logo depois de eu ter perguntado seu nome. Estendeu a mão para mim, e eu a apertei de leve.
-É um prazer. Como você já disse, me chamo Niall. -respondi ainda olhando em seus olhos.
-O prazer é todo meu. O que faz sozinho? -ela perguntou curiosamente fazendo uma cara engraçada e logo em seguida, me fazendo rir.
-Estou só pensando. Então, você trabalha ali? -perguntei e olhei em direção ao café, fazendo ela olhar na mesma direção e balançar a cabeça positivamente.
-Eu e minhas amigas amamos a banda, vocês são ótimos. -Ela disse me fazendo sorrir. Agradeci com um "muito obrigado" e nem tempo de dizer algo tive, pois ela continuou falando -Bom, foi um prazer te conhecer mas, tenho que ir ao hospital agora. E me desculpe novamente. -a moça de cabelos negros disse e começou a andar. Fui mais ágil e parei em sua frente, fazendo a mesma parar e me olhar surpresa.
-Você está passando mal? Se quiser, eu te levo. -Disse por impulso. Ela olhou pra mim e sorriu, falando logo depois que ela estava bem, só estava indo ao local porque uma de suas amigas havia passado mal. Agradeceu meu convite mas disse que eu não precisava me preocupar, pois o hospital era perto dali. Ficamos nos encarando por um tempo e logo depois, começamos a rir. Cecilia se despediu e disse que precisava realmente ir, assenti com a cabeça e antes de nos afastarmos ela me chamou.
-Ei, Niall? -Ela disse me fazendo olhá-la novamente. -Nos vemos por aí. -Disse sorrindo e logo em seguida se virando. Sorri com aquilo e em vez de me sentar novamente, resolvi ir até o apartamento de Liam. Teríamos uma reunião com a banda em meia hora. Fiquei imaginando de onde Cecilia era, se sua amiga estava bem e o porquê de sua vinda a Londres. Não sabia muitas coisas, e por esse motivo voltaria naquele café no dia seguinte, queria conhecê-la. Queria vê-la novamente.