Applause

Put your hands up, make 'em touch, touch

Vermelho caía bem em Roier.

Alguns diziam até mesmo que aquela era a sua cor, criada apenas para que ele pudesse manipulá-la do jeito que desejasse: no vestido de sua personagem Melissa, nas pedras preciosas que tinha em suas orelhas, no delineado fino que destacavam os seus olhos escuros, na camisa social macia que estava vestindo naquela noite e, o mais marcante de todos, no batom bordô que sempre gostava de usar.

Este último, inclusive, ficava ainda melhor quando borrado nos lábios do jornalista que não saía de sua mente.

Pensar na boca de senhor Balanar manchada de seu batom preferido era uma de suas melhores lembranças, ainda mais por estar tão fresca em sua memória. E pensar em como a deixou daquela forma, nos beijos lentos mas intensos que eles deram, nos suspiros, nos apertos, no calor que eles compartilhavam por estarem tão próximos, só o deixava com mais saudade do homem, a vontade de vê-lo aumentando à medida que os segundos longe dele se passavam.

Tinha sorte de resolver esse problema naquela noite.

O último encontro que tiveram foi há algumas semanas e eles não se viram desde então, graças a agenda cheia que Roier tinha por ser uma estrela em ascensão. "Quem mandou ter o seu talento reconhecido?", Cellbit brincou quando conversaram por mensagem, e o moreno sabia que ele conseguia ver o seu revirar de olhos e sorriso aberto lá de seu escritório.

Enquanto estavam afastados, o ator lembrava-se repetidamente da ambientação misteriosa do bar, da música suave ecoando ao seu redor, da bebida forte e adocicada, das conversas sussurradas entre os convidados e do brasileiro à sua frente, lindo, encantador, divino, com seus olhos azuis safira, seu sorriso charmoso e toque quente em sua pele enquanto o puxava para dançar. Sentiu o arrepio característico subir pela sua espinha só de lembrar, como se tivesse a presença das mãos do loiro em suas costas naquele exato momento.

Quando Roier finalmente conseguiu uma brecha para respirar, não demoraram muito para marcar a próxima vez em que eles iriam se ver. Cellbit não havia perguntado na noite da premiação sobre vinho e sua comida favorita? Pois bem, parece que ele falava sério sobre isso.

Roier estava a caminho do apartamento do loiro para encontrá-lo, sendo levado mais uma vez por sua motorista particular. Naquela noite, para choque até mesmo de Jaiden, o mexicano não estava usando um vestido, mas sim uma camisa social vermelha com dois botões abertos e uma calça preta, acompanhado de um sapato de mesma cor. Para melhorar o seu visual, fez um delineado vermelho com detalhes dourados sob as pálpebras, passou o seu batom bordô, adicionou brincos de ouro com pedrinhas de rubi em seus lóbulos e, na mão direita, uma pulseira de corrente dourada conectada com três anéis de mesmo material nos dedos indicador, médio e anelar.

Não tinha um motivo especial para estar com roupas diferentes naquela noite. Roier só preferiu aquele conjunto e não havia nada demais nisso. Não entendia o porquê de algumas pessoas sempre fazerem escândalo só pelo quê ele decidia vestir, isso não mudava nada em sua personalidade ou coisa do tipo. Do jeito que conhecia Cellbit — melhor, quanto mais o conhecia —, sabia que ele provavelmente diria que o moreno ficava bem de vermelho e o beijaria com doçura, como geralmente fazia.

Como geralmente fazia. Roier conseguia se acostumar muito bem com aquilo.

O carro parou em frente a um luxuoso prédio, considerado um dos mais bonitos de toda Quesadilla. Não chegava nem perto de ser o mais caro, mas o fato de estar na área nobre da capital já indicava muito bem os status das pessoas que moravam ali. Roier olhou pela janela, respirando fundo enquanto sentia o pé batucando o chão do veículo. Só Cellbit mesmo para deixá-lo nervoso daquele jeito tão único e especial, era inacreditável o quanto aquilo o afetava. Olhou para o retrovisor e viu o olhar de sua motorista, percebendo o seu sorriso travesso através deles. Roier revirou os olhos e também sorriu, abrindo a porta do carro com uma mão enquanto a outra segurava as alças de uma sacola marrom.