I live for the applause

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O céu estava escuro, limpo e cheio de estrelas, mas Roier sabia que nenhuma delas chegava perto de seu próprio brilho.

Poderiam chamá-lo de convencido, exibido, vaidoso ou qualquer coisa do tipo, mas naquela noite, especificamente naquela noite, o moreno não daria a mínima para esse tipo de comentário, não quando ele estava tão certo sobre as suas conquistas e talentos. Estava feliz pelo seu grande feito, sentia que merecia todos os holofotes que aquela ilha tinha a lhe oferecer, poderiam julgá-lo por isso? Se a resposta fosse sim, Roier não se importaria nem um pouco.

Seu filme havia sido um sucesso, como ele já imaginava. Tinha interpretado a protagonista Melissa (que dá o nome a obra), uma jovem que cresceu pelas ruas mais pobres do México até conquistar a sua verdadeira e merecida fama na carreira como atriz, o sonho de qualquer meritocrata. Assim que viu aquele papel, não demorou nem dois segundos para abraçá-lo, levando a ideia até a sua agência e implorando ao diretor do filme para que ele interpretasse aquela personagem. O fato de ser homem não o impediu de prosseguir com aquele plano, afinal, Roier não tinha medo de perucas, maquiagens, vestidos ou saltos. Se havia alguém perfeito para aquele papel, esse alguém era ele, ainda mais quando via a sua vida na própria personagem, e prometeu a todos os seus agentes que o filme seria um verdadeiro sucesso.

Dito e feito. Demorou poucos dias até a obra estourar em todos os cinemas disponíveis em Quesadilla, lotando salas e vendendo ingressos a todo o vapor. Ah, Roier sentia que deveria ter apostado algum dinheiro com a sua agente, não pela grana, mas sim pelo gostinho da vitória. Ainda não haviam aprendido que as previsões do moreno sempre estavam certas? Ora, ele só não falou os números da loteria pois não via graça nenhuma naquele tipo de jogo!

Mesmo saboreando o sucesso em sua boca, tinha noção de que não conseguiria ter todas as suas conquistas naquela noite, mas já estava conformado com isso. Não levaria o prêmio de "melhor ator" naquele ano, sabia que ele ter interpretado uma personagem completamente feminina não agradava a academia; mesmo assim, mantinha a sua cabeça erguida. O filme "Melissa" estava concorrendo a outros prêmios, entre eles o de "melhor figurino" e "melhor maquiagem e penteados", que Roier particularmente pensava que já estava ganho. Era completamente grato pela obra que havia participado, ela já estava abrindo portas para outros papéis e contatos, além de seu nome estar sendo mais conhecido nacionalmente. Queria tanto jogar a cabeça para trás e rir! O que seria da sua vida sem a sua astúcia?

O telefone tocou ao seu lado; Roier não precisou de muito para saber quem o ligava. Atendeu o telefone da limousine e o colocou perto de sua orelha, o sorriso aumentando em seus lábios quando ouviu a voz do outro lado.

– Está tudo certo aí? – a voz feminina perguntou, o tom preocupado transparecendo pelo aparelho.

– Jaiden, você sempre fica mais nervosa do que eu quando eu participo desses eventos. – ele deu uma pequena risada nasalada, lembrando-se das outras vezes que aquilo aconteceu.

– Só estou fazendo o meu papel como sua agente, Roier. Eu tenho que garantir que tudo está indo de acordo com o planejado. Não é minha culpa se eu me preocupo com o meu trabalho e com você.

Roier deu um pequeno sorriso. Seu sucesso também dependia do grande apoio e fé que Jaiden depositou nele desde que se conheceram. Bem mais do que uma agente, o moreno pensava que ela era a sua melhor amiga, o vendo nos seus altos e baixos. Talvez ela nunca soubesse o quão grato ele era por todas as coisas que ela já fez por ele.

– Você vai ter que se acostumar, isso acontecerá com mais frequência.

– É, eu sei disso. – ela bufou, mas mesmo não a vendo, sabia que ela estava sorrindo. – Você tem uma entrevista marcada para a próxima terça. Já tem pessoas desesperadas para saber mais sobre você.

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