Capítulo IV

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Depois de um ano, Mary contou o dinheiro do cofrinho, mas ainda não dava para comprar uma Bíblia. Foi uma amarga decepção, mas Mary persistiu.

Ano após ano, ela trabalhou e economizou. Só depois de seis anos, Mary conseguiu o dinheiro suficiente para comprar a sua própria Bíblia. Nessa época, Mary estava com 16 anos, mas aí surgiu uma segunda dificuldade: onde Mary poderia comprar uma Bíblia? Não havia Bíblias à venda em sua pequena cidade. Nem mesmo o pastor tinha uma Bíblia à disposição.

Mary ouviu que Bíblias eram vendidas na cidade de Bala, que ficava a pelo menos 40 quilômetros de distância. Para chegar a Bala, Mary teria que percorrer um longo caminho que atravessava montanhas e florestas.

A viagem era perigosa mesmo para uma jovem de 16 anos. No entanto, Mary tinha apenas um pensamento:
— Sonhei muitos anos com isso e estou disposta a conseguir a minha Bíblia!

O grande dia chegou. De manhã, bem cedo, a família Jones pediu a proteção de Deus para a viagem de Mary.

Em seguida, Mary se despediu carinhosamente de seus pais.

Mary levava consigo três coisas: um lanche para o caminho, o dinheiro que ela arduamente havia ajuntado e um par de sapatos que ela pretendia calçar só quando estivesse perto de Bala.

Como era pobre, Mary fez a longa viagem de 40 quilômetros a pé, descalça.

Durante o caminho, olhando para as montanhas ao seu redor, Mary lembrou as palavras do Salmos 121.1-4
“Olho para os montes e pergunto:
‘De onde virá o meu socorro?’
O meu socorro vem do Senhor Deus,
que fez o céu e a terra.”

E assim Mary seguiu viagem. Atravessou vales e ribeiros em seu caminho até Bala. Mary ficava cada vez mais cansada. Seus pés doíam muito. Algumas vezes, Mary chegou a pensar que não chegaria nunca a Bala. Parecia demais para ela. Nesses momentos, ela tentava encorajar a si mesma:
— Vamos, Mary, vamos! Não falta muito agora! — ela pensava.

Ao anoitecer, Mary conseguiu ver uma cidade. Era Bala! O coração de Mary bateu mais forte. Finalmente ela havia chegado! Mais motivada do que nunca, Mary continuou novamente, descendo a colina.

Chegou a Bala cansada, com fome e com os pés cheios de bolhas.

Mary pediu informações para encontrar a casa de um pastor chamado Thomas Charles. Era ele quem tinha Bíblias para vender. Depois de bater em várias portas e pedir ajuda, por fim Mary encontrou a casa do pastor.

Ela atravessou o jardim da casa do pastor e bateu com força na porta da frente. Este era o dia que Mary esperava havia muito tempo.

Ela tinha trabalhado e economizado por muitos anos para ter a sua própria Bíblia.

Quando a porta se abriu, Mary disse ao pastor:
— Meu nome é Mary Jones. Eu moro numa vila atrás das montanhas. Andei 40 quilômetros para chegar aqui. Economizei durante seis anos para comprar uma Bíblia. O dinheiro está aqui nessa bolsa. Se o senhor quiser, pode contar. O senhor tem uma Bíblia em galês para mim?
Surpreso, o pastor disse:
— Mary, por favor, entre e me conte tudo. Mas primeiro você precisa comer alguma coisa. Além de cansada, você deve estar faminta!

O pastor sorriu e chamou o mordomo para levar Mary para a cozinha.

Depois de ter se alimentado, Mary contou tudo, detalhe por detalhe, ao pastor. Foi então que veio a triste notícia:
— Lamento muito, Mary, mas a única Bíblia em galês que tenho está reservada para outra pessoa.

Mary mal podia acreditar. Aquelas palavras acabaram com a esperança que ela sustentou por todos aqueles anos. Abalada, Mary se afundou em uma cadeira e começou a chorar.
— Devo voltar para minha casa sem uma Bíblia, de mãos vazias?! Mary chorava desconsolada.

O pastor ficou sensibilizado ao ver o choro de Mary. Na verdade, ele tinha uma Bíblia em inglês e outra em galês, e a pessoa que havia encomendado a Bíblia compreendia os dois idiomas. Então ele disse:
— Não chore, Mary. Sei que ter uma Bíblia é o sonho de sua vida. Você batalhou muito para isso e merece ter a sua própria Bíblia. Aqui está. Pode levar. É uma Bíblia em galês.

Mary deu um pulo de alegria. As lágrimas secaram e, com muito carinho, abraçou a Bíblia — aquela Bíblia preciosa era dela!
— Obrigada, pastor! Muito obrigada!

A História de Mary JonesOnde histórias criam vida. Descubra agora