Capítulo 1 – Morticínio
(...) s.m. Grande massacre de pessoas e/ou animais; matança.
Número expressivo de mortes: morticínio de espécies raras.
Quantidade de pessoas que morrem numa determinada época; mortalidade.
(Etm. do latim: morticinus)Sempre sonhei em viver feliz ao lado de alguém especial. Construir uma família, ter um lar e quem sabe até cachorros. Ouvir pela manhã o choro do meu filho, pedindo colo e sentir o cheiro do cabelo molhado da minha mulher saindo do banho. De abrir a janela e ser recebido pela briza do vento de uma manhã calma, sorrir e acenar para vizinhos. Descer até a cozinha, preparar o café da manhã acompanhado de uma face bela. Escutar o telefone tocar e atender escutando um grandioso — bom dia —, de minha mãe e os gritos de meus irmãos ao fundo. Era tudo que eu sempre quis, entretanto a esperança de viver em um mundo assim era complicada e praticamente nula. Pois os mortos rastejam por todos os lados trazendo destruição e desastres.
Há pouco mais de um ano o mundo conheceu o inferno, trazido dos céus pelos Zoens. Uma raça alienígena soberana que traz uma justiça falha para Planetas de todo o universo, e nossa Terra fora escolhida para ser "julgada" recentemente. O modo de julgamento dos Zoens consiste em transformar os seres humanos em zumbis por meio das Nuvens de Sangue. Tirando a sanidade e a vida dos homens e fazendo uns aos outros se matarem. Os ataques começaram no Brasil, em São Paulo. Mas nesses quase dois anos o mundo inteiro sentiu na pele a devastação dos infectados. Agora todos os países estão em guerra contra os mortos que destroem tudo a frente. Até o momento a cura não existe e a única coisa que sabemos é que temos mais um ano e meio para destruir a infecção e nos prepararmos para um combate inevitável.
Meu nome é Nicolas Leme, tenho vinte e dois anos e fui o único ser com vida que conversou com a espécie alienígena. Por este motivo, vivo no Japão em um rígido treinamento das forças supremas da C.U.F.A (Combate Unificado contra Forças Alienígenas). Nesse curto período de mártires, perdi muitas pessoas especiais, principalmente meu Pai e meu amor: Luiza. Lembro todos os dias de seu sorriso e seus olhos brilhando para mim — ela é o motivo de ainda sonhar, de ter desejos e suspirar quando tenho lembranças dos dias que passamos juntos. Mesmo sendo dias de tormenta e sofrimento, tudo que fazia tinha mais sentido ao lado dela. Mas infelizmente ela deu sua vida para salvar a minha, e por causa dela consegui chegar até a nave deles e descobrir muita coisa, até mesmo ganhei um presente inesperado.
Chamo ele de Braço-x. Quando entrei na nave tive que amputar minha mão esquerda, já que a direita leva um símbolo do amor que sinto pelo meu pai, — a minha tatuagem de coroa que sempre deixo a mostra para todos — ganhei o braço-x de Arilia, a mãe líder da nave Zoen que me contou tudo sobre o que eles estavam fazendo no nosso Planeta e o objetivo principal. Ainda não sei como funciona direito esse meu braço-x, mas nesse treinamento o foco é para aperfeiçoar as habilidades que ele possui. Sou o único capaz de usar a tecnologia de combate dos alienígenas e não queremos perder a chance de absorver todo o potencial desse meu braço.
No começo foi difícil a adaptação, fiquei quase dois meses preso em um quarto de laboratório. Isolado de todos e sem me comunicar com o mundo. Isso ocorreu para saberem se o que me deram não era um dispositivo que poderia nos afetar, ou coisas do tipo. Não questionei, pois eu mesmo não sabia o que esperar daquela coisa. Por mais que parecesse pesada o mecanismo do braço-x parecia se fundir com o peso do meu braço normal, não fazia diferença. Parecia que minha mão esquerda estava ali em carne e osso. Com o tempo conseguimos descobrir o modo de metamorfose do equipamento, graças ao mestre Hidan Okaru (Técnico de experimentos e tecnologia Alienígena), que conseguiu ler e decorar o braço em alguns meses.
No início ele parecia um cano largo de cor metálica, dentro da estrutura uma luz esverdeada era vista e sempre que pressionava o nervo do meu braço, simulando um apertar de mão, o cano brilhoso disparava um raio feroz, comparada a potências de calor extremas. Era engraçado não saber do que aquilo era capaz, mas fizemos de tudo para conseguir decifrar o meu braço "especial". Agora ele não se parece mais com cano, e sim uma simples mão metálica com dedos e tudo que uma mão comum possui. Mas com um simples toque posso mudar a forma dessa mão e a transformar em uma arma. Estou mais confortável agora que o meu braço-x parece comum, todavia desconfortável por não saber usá-lo por completo.
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Livro II - Tempestade Escarlate
Science FictionUm ano e meio depois da invasão Alienígena em nosso Planeta, 70% da população Mundial são infectados pelo vírus Alien. O Mundo agora não é seguro, e os mortos caminham levando junto com eles a destruição. Com a retirada das tropas Alienígenas a gran...