O lugar escuro e desguarnecido, agora serviu de descanso para aquele homem. Sentado sobre uma velha cadeira de escritório com suas rodinhas quebradas. Maycon fez forças com as pernas para girar a cadeira, enquanto olhava para cima com olhos arregalados e pupilas dilatadas. Gargalhou quando fechou os olhos e apertou mais uma nota enrolada entre os dedos soados. Mirou o olhar para o aglomerado monte de cocaína sobre a única mesa do abandonado escritório do prédio que havia tomado e começou seu ritual. Tirava sempre sua consciência do mundo de desgraça quando cheirava aquele pó branco. Colocou a nota sobre o monte e tragou em um rápido ato, pendurou novamente a cabeça para trás e se sustentou na cadeira quase desmoronando assim como as janelas e paredes do lugar.
O corpo chegou a tremer. Sua carne formigava no ritmo das batidas do acelerado coração no efeito do entorpecente. Era as consequências que aquela química fazia em seu corpo. Sempre que saiam em busca de novos lugares, os aliados do roqueiro pegavam drogas, bebidas e tudo que pudera tirar a alma deles do mundo real, e assim o líder passava a maioria do tempo.
Os dias daquele rapaz que não tinha muitos amigos antes de tudo começar eram iguais. Começava sempre com uma debandada, para fugir dos soldados que tentavam sempre limpar as ruas e encontrá-los. "Os Cinzentos", como eram chamados, o grupo de Maycon agora famoso, era o alvo do governo e tinham que ser capturados. Os Cinzentos começaram com alguns homens, mas hoje já beiravam cento e cinquenta integrantes. Por este motivo Maycon e seus homens não ficavam parados mais de um dia em locais que conseguiam invadir, destruíam qualquer sinal de infectados, limpavam os locais que tinham comida ou algo de valor e simplesmente sumiam deixando apenas suas marcas pichadas nas paredes. Nunca foram encontrados, devido a isso o rapaz de cabelo cor de palha continua preocupado, deixando sua mente careta de lado.
— É difícil encontrar você sóbrio não é? — O desordenado saltou de onde estava, em um susto repentino. Gritou torcendo os lábios e sacando uma pistola.
— Seu desgraçado, bata na maldita porta para entrar, quer levar um tiro na cabeça?
— Desculpe, mas queria falar comigo? — O garoto por detrás da porta murmurou, e Maycon levantou.
— Entre Léo, quero falar com você. — Léo entrou na sala vazia. Sentiu uma agulhada no peito quando avistou a droga jogada por toda a mesa, olhou a sua volta e conclui:
— Essa sala está tão vazia quanto minha cabeça.
— Disse algo?
— Não, pensei alto! — Maycon circundou sobre Léo o encarando com seus enormes olhos claros, que pudera estar negros pela dilatação da química que inalou. Léo pode assim reparar no homem a sua frente. Sempre com suas roupas escuras, quase negras que transparecia sua personalidade sólida como pedra. Usava um sapato surrado. Camisa preta lisa e um sinto com facas e armas. Um Maycon totalmente diferente do garoto que Léo conhecerá há quase dois anos atrás. Mas uma coisa evidenciou as intenções de Maycon, quando ele sacou uma faca e colocou a altura de sua face.
— Onde estava? — Léo arfou fechando os olhos com uma feição de desprezo.
— Preciso mesmo dizer?
— Maldito, disse para não sair de perto do grupo, e você saiu, quer que os soldados achem nosso grupo? Olhe essa lâmina.
— O que tem essa lâmina? — Maycon cuspiu no chão e indagou furioso.
— Se sumir novamente, vou gravar ela nesse seu pescoço lisinho. — Léo riu.
— Você está realmente drogado, sabe que não pode. — Maycon deu dois passos para trás, e largou a faca. Jogou suas mãos ao encontro de seu cabelo e amaciou os fios em um ato de desespero, gargalhou e vociferou na direção do rapaz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Livro II - Tempestade Escarlate
Science FictionUm ano e meio depois da invasão Alienígena em nosso Planeta, 70% da população Mundial são infectados pelo vírus Alien. O Mundo agora não é seguro, e os mortos caminham levando junto com eles a destruição. Com a retirada das tropas Alienígenas a gran...