Novidades Para Rose

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A cama era macia, a temperatura era agradável e a meia-luz, convidativa a dormir. Então por que ele estava sem o menor sono? Isso era tão incomum. Geralmente, bastava que ele se deitasse para apagar de vez. A exceção fora a noite do Baile de Inverno...

Rony se mexia na cama, inquieto. Parecia estar há horas ali deitado e não conseguia encontrar uma boa posição de jeito nenhum. O barulho de água corrente que vinha do chuveiro do banheiro só aumentava sua inquietação.

Hermione deixava a água cair sobre seu corpo sem a menor pressa. A temperatura era ideal, nem quente nem fria. O barulho do chuveiro aberto era contínuo. O banho, afinal, estava ajudando a aplacar a eclosão emocional que sentia, o calor que acometia sua pele em pleno inverno.

Ela lamentava que não pudesse prolongar aquele banho indefinidamente, porque a opção era encarar Rony e ela não sabia se já estava pronta para fazer isso. Não depois do que acontecera.

Menos de uma hora antes, eles estavam caídos no meio da sala, se beijando. Aquele havia sido o primeiro beijo que tinham consciência de estar trocando, no qual depositaram toda a vontade reprimida, demonstrando com intensidade os sentimentos que nutriam um pelo o outro há sete chaves.

Poderia parecer a ordem natural das coisas que um casal apaixonado se beijasse daquele jeito na calada da noite em sua casa, enquanto seus filhos dormiam a sono solto. Contudo, como Rony e Hermione só formavam esse casal por terem acordado, sem mais nem menos, já nessa situação e anos à frente do tempo em que se lembravam de estar, e como o fato de estarem apaixonados era algo que costumavam esconder não apenas um do outro, mas até de si mesmos, as coisas eram um pouco mais complicadas.

Talvez fosse por isso que após aquele beijo eles só tenham conseguido sorrir um para o outro, momentaneamente incapazes de trocar uma palavra. Foi quando se sobressaltaram com um barulho repentino. Era apenas uma coruja batendo o bico freneticamente na janela da sala, mas ao se levantarem para atendê-la, a noção de quanto tempo ficaram enlaçados se sobreveio. De repente, estavam tão encabulados que já tentavam escapar do olhar um do outro.

Rony abriu a janela e Hermione desprendeu o envelope roxo da perna da coruja, que logo alçou voo em retirada.

– Uma correspondência do Ministério a essa hora? – indagou Rony, fitando o selo do envelope de forma exagerada.

– É para você. – disse Hermione, entregando-lhe o envelope – Preciso tomar um banho.

E retirou-se com mais pressa que a coruja do Ministério, deixando um Rony que se não estivesse com as mãos ocupadas, não saberia onde enfiá-las. Ele abriu o envelope e leu a mensagem endereçada a todos os aurores: falava de um detector que estava apontando para o paradeiro da gangue que investigavam. Ótimo. Como se o que havia acabado de acontecer não fosse motivo suficiente para deixá-lo nervoso...

Foi assim que ficou insone.

Quando Hermione finalmente saiu do banho e foi se deitar, os olhos de Rony estavam fechados, mas seu corpo permanecia rígido de tensão. Ela sabia que ele estava fingindo, mas embora nunca tivesse lastimado tanto a ausência de contato como naquele momento, agradecia interiormente por não ser a única a fingir dormir. Era como se eles se agarrassem ao fato de estar despertos para não deixar o sono levar a prova do que tinham acabado de viver: de que sonhos podiam ser reais.

***

A claridade do alvorecer alertou Hermione mesmo de pálpebras fechadas. Era um fulgor vermelho como aquele que lhe subia pelo corpo, a mesma cor dos cabelos daquele que o provocava. Ela se levantou depressa, consciente de que Rony a entrevia, como fizera quase a noite a inteira.

Subitamente No FuturoOnde histórias criam vida. Descubra agora