1° capítulo - Apresentação

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Não, não vou começar dizendo que acordei de manhã pra ir a escola porque já tenho 18 anos, não vou dizer que fui trabalhar e blá blá blá.
Nesse momento eu não tenho maneiras de explicar como me sinto, abalada seria a palavra? Então, não sei. Oque você faria se a única pessoa que você tem morresse e te deixasse no mundo sozinha? Então, pois é. Eu nunca conheci meu pai, uns dizem que morreu, outros que não sai do bar e na dúvida não irei me arrastar para mais um problema. Hoje não acordei, porque não dormi, fiquei a noite toda ao lado do caixão de minha mãe simplesmente parada olhando como se fosse uma réplica perfeita e não ela, toquei sua testa e minha mão se retraiu sentindo sua pele gelada. NÃO AQUILO NÃO ERA UM SONHO!

A propósito me chamo Caroline galahar, nome chique né? Só na teoria...sou pobre e isso define minha vida, moro numa casa feita em uma área que pertence a alguém e quando ele resolver nos tirar de lá não sei oque será de mim. Fiz 18 anos a pouco tempo, estava procurando serviço para ajudar minha mãe que trabalhava em 2 empregos para que nós não passarmos fome mas mesmo assim era muito pouco pra tanto serviço, os médicos entitulam como parada cardíaca eu intitulo como esgotamento, pois ela andava tão magra e desnutrida que chegava a me fazer chorar. Eu vestia uma moletom cinza desbotado das mais fuleras que meus trocados puderam pagar e uma blusa branca e larga que ganhei de uma doação, meu cabelo é grande e liso porém quebrado e todo "zuado" como os meninos me chamavam quando passava na rua. Na nossa pequena comunidade de ocupação dos "sem tetos" alguns me ajudavam, com com doações de roupas, quase sempre rasgadas mas mesmo assim roupas.

O corpo foi velado por volta das 20:00 horas, minhas lágrimas não existem mais, só fico estática vendo um homem de uniforme azul vedando a única entrada onde o caixão estava, virei as costas e sai do cemitério "chega por hoje!"
Parei no ponto de ônibus e pedi carona pro motorista que me mandou ir a merda e parar de usar drogas. "Estou tão acabada assim?" - pensei em voz alta.

Não sei como voltaria para "casa" mas algo me diz que essa noite será longa...

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Da água pro vinho - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora